A presença de Mary àquela hora da noite desesperada na sua escada deixou Lilian preocupada. A expressão da amiga era de pura angustia, como se um segredo a consumisse. Foi então que Lilian se lembrou de uma conversa anterior, que ocorrera apenas alguns dias antes, na qual Mary dissera que tinha algo para falar para ela. A intuição de Lilian dizia que sua amiga finalmente revelaria aquele segredo.
Como Mary estava muito agitada, Lilian decidiu levar a amiga para seu quarto. Em um ambiente fechado, ela talvez se sentisse mais confortável. Além do mais, considerando que Mary estava guardando isso há algum tempo, deveria ser algo importante demais.
Ao adentrarem o cômodo, Lilian percebeu que a familiaridade e privacidade de seu quarto deixaram a amiga mais calma.
— Pode falar — disse Lilian, enquanto desligava o notebook.
— Então... — Foi tudo o que Mary disse antes de começar a andar em círculos pelo quarto.
Lilian sabia que deveria dar o espaço necessário para a amiga se abrir apenas quando estivesse confortável, mas ela já estava ficando impaciente. Mary balbuciava vários inícios de alguma coisa, mas nunca dava continuidade a nada, além de ser extremamente difícil seguir seu raciocínio quando era quase impossível ouvi-la.
— Ok, Mary — ela decidiu tomar uma decisão drástica —, você precisa se acalmar! — Lilian segurou a amiga pelos ombros e a balançou um pouco, para que prestasse atenção nela.
Funcionou. Mary parou de balbuciar coisas sem sentido e olhou profundamente para Lilian.
As duas ficaram se encarando por alguns segundos; Lilian segurava os braços de Mary com cada vez mais força. Era possível sentir a respiração pesada de Mary e como olhava para a amiga com intensidade e urgência.
Lilian sentiu uma espécie de tensão entre as duas e estava prestes a dizer isso, mas não foi rápida o bastante. Uma de suas melhores amigas, Mary, aproximou ainda mais o próprio rosto do dela. Quando deu por sim, ela havia soltado os braços de Mary e as mãos dela estavam em seus cabelos, ruivos.
Como em um ato natural do universo, os lábios de Mary e Lilian se tocaram. Espantada, em um primeiro momento, Lilian retribuiu o beijo. Após os primeiros segundos do choque de ver sua melhor amiga lhe beijando, Lilian continuou retribuindo o beijo. Ela não sabia explicar o motivo.
Talvez fosse a urgência com que Mary segurava seu cabelo ou a quantidade de sentimentos reprimidos pela amiga que agora estavam claros para ela, mas Lilian não conseguia se afastar.
Enquanto se beijavam, as garotas começaram a andar pelo quarto, como se dançassem uma música agitada. Até que tropeçaram nos próprios pés e caíram, bem sem jeito, na cama de Lilian. Ainda assim, as garotas não se separaram.
Vários pensamentos passavam pela cabeça de Lilian naquele momento. Ela estava beijando uma garota, pela primeira vez em sua vida. E, para piorar, essa garota em questão era sua melhor amiga. Ela estava louca?
No fundo, entretanto, ela estava gostando, mas não tinha a menor coragem de admitir. E ela queria acreditar que só estava gostando porque Mary beijava muito bem.
De qualquer forma, não era como se ela gostasse de garotas, até porque ela se encontrava cada vez mais apaixonadinha por James.
E, por falar nele, Lilian começou a perceber que seu celular estava vibrando embaixo dela.
Repentinamente, ela afastou Mary com as mãos, que não entendeu nada.
— Lilian... — Ela chamou, quase se desculpando pelo que havia acontecido.
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Lily Apaixonada
FanfikceLily Evans é uma garota tímida do interior, que foi abandonada pela mãe enquanto ainda era criança. Nesse dia, ela decidiu se vacinar contra o amor. Ninguém nunca mais a abandonaria. Por isso, ela não se apaixonada. Nunquinha. Ela já disse que é vac...