Finalmente Sóbria

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Ela gostaria de dizer que não estava sofrendo, que não sentia nada por ele e que tudo estava bem. Mas seria uma bela mentira. Os dias de agosto encontraram Lilian em pura agonia. Como que para satirizar sua dor, o mês decidira passar lentamente, arrastando-se até chegar às últimas semanas. E estas encontraram Lilian ainda isolada em seu quarto ou incrivelmente focada nos ensaios do Desfile de Inverno.

A menina perguntava-se por que não poderia ser como Emmeline. Sua amiga de cachos ruivos, poucos dias após o término com Lucius, estava radiante novamente. Nem parecia que havia terminado um longo relacionamento ou que tivera de lidar com os xingamentos de Lucius nos momentos que sucederam o fim. Não. Emmeline estava radiante, feliz. Por que ela não poderia ser assim?

Lilian só conseguia arrepender-se pelo modo como havia tratado James. Tudo bem que ele a tratou mal, mas ela precisava mesmo bloqueá-lo? Talvez tivesse exagerado. Uma boa conversa poderia resolver a situação. Agora, tinha certeza, quem não iria querer falar com ela era ele.

— Ok, já chega — ela ouviu uma voz falar, parecia a de Emmeline.

— A gente veio te salvar. — Alguém puxou o edredom no qual estava embrulhada.

— E não adianta nem reclamar, entendeu? — Abriram a cortina do quarto deixando a luminosidade daquela manhã de domingo entrar.

O quarto, antes escuro, agora estava completamente claro e Lilian precisou de um tempo para ajustar sua visão e conseguir distinguir as formas que a cercavam. Quando o fez, percebeu que suas amigas, Marlene, Emmeline e Mary estavam rodeando a sua cama e seguravam um pote de sorvete, refrigerante e chocolate.

— Olha, eu sou a maior apoiadora de ChaPotter que existe, mas se você continuar desse jeito por não querer mais falar com ele depois dele ter gritado com você, eu vou ser obrigada a te bater, Lilian Evans — disse Marlene, jogando uma latinha de coca-cola de café para a amiga. — É bom você beber, vai te ajudar a acordar.

— Não é isso — ela tentava explicar enquanto abria o refrigerante. — É que eu poderia ter esperado ele se acalmar pra gente resolver as coisas, ao invés de gritar de volta e desligar o telefone na cara dele.

— Você está mesmo se culpando por ter ficado do lado de sua melhor amiga ao invés de defender um cara que mal conhece, sério? — Mary parecia não acreditar no que ouvia. — Quem é você e o que você fez com a Lilian que eu conheço?

Lilian teve vontade de se afundar em um buraco, porque Mary estava completamente certa, mas ela não conseguia evitar ficar pensando em todos os "e se" que poderiam acontecer caso ela tivesse agido diferente.

— Olha, conselho de quem passou por um relacionamento terrível há pouco tempo — Emmeline sentou-se na cama ao lado de Lilian e alisou os fios da amiga —, se você deixa um cara gritar com você, não é apenas ele que está te tratando mal. Você está se tratando mal, porque está aceitando uma forma de tratamento inferior àquela que você merece receber. Então, tudo o que você fez foi dizer que não vai aceitar homem nenhum gritando com você, não importa o motivo.

Lilian pôs-se a rir. Era engraçada a ironia daquela cena. Normalmente, ela faria aquele discurso para Emmeline. O que estava acontecendo?

— Sem querer comparar Lucius e Potter, porque Lucius é um babaca e Potter é um principezinho — foi a vez de Marlene fazer seu discurso —, mas James vacilou e vacilou feio. Primeiro, ele nunca poderia ter exigido que você não contasse nada para Emmeline e, depois, ele não deveria ter gritado com você ou te tratado daquele jeito.

— Você pode até perdoar ele depois, caso ele venha a te pedir desculpas — Mary concordava com Marlene —, mas você precisa entender que sua atitude não foi errada.

Lily ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora