No dia seguinte, Don me levou ao trabalho como disse que faria. Ao sairmos do elevador, Azriel já estava em sua mesa. Tinha uma expressão tão exausta, como se não tivesse dormido durante a noite e ao levantar o olhar o vejo ficar tenso. Os nós dos dedos apertavam a xícara até ficarem brancos.
— Gostou da noite de ontem? — Don pergunta rente ao meu ouvido.
Sinto-me corar ao lembrar dos detalhes: o sexo que fizemos no sofá e o banho que tomamos depois. Foi uma noite divertida.
Ergo o olhar o olhar para meu companheiro e percebo-o encarando Azriel com um sorriso estranho no rosto.
O que está fazendo? A pergunta surge na minha cabeça.
Pigarreio e a atenção de Don retorna mim, ele me dá um selinho e caminha até o elevador. Quando as portas metálicas se fecham, sinto um enorme alívio sobre meu corpo, como se um peso tivesse sido tirado de mim, penso que a noite passada realmente me exauriu.
— Bom dia. — Cumprimento meu parceiro de trabalho.
Nenhuma resposta. E então sai da sala.
As horas se passam lentamente. Azriel não voltou à nossa sala desde que saiu mais cedo. Ele parecia absurdamente mal-humorado hoje, talvez mais que o habitual. Me peguei pensando inúmeras vezes o que será que havia acontecido para estar assim. Problemas com a a namorada? Ou a família? Ele tinha namorada ou família?
Bufo lembrando novamente que não sei absolutamente nada sobre ele, tento tirá-lo dos meus pensamentos e focar no trabalho.
[...]
Reuniões. Reuniões. Reuniões. Hoje o dia está abarrotado. Já pude contar pelos menos umas oito. Rhysand nos fez ficar o dia inteiro na sala de conferências ouvimos opiniões de outros funcionários presentes e discutindo sobre o projeto da biblioteca.
Azriel finalmente deu as caras. Esteve recostado na parede do final da sala com os braços cruzados. Não falou, não sorriu, não anotou. Apenas observou cuidadosamente o que cada pessoa falava. Seu expressão era impassível, não era possível sequer tentar adivinhar o que se passava em sua cabeça.
E mesmo assim, aí está você: o encarando e tentando adivinhar no que ele está pensando. Era como se meu cérebro me lembrasse.
Foco no que outro arquiteto está argumentando, ele traz a ideia de revitalização: transformar a biblioteca em algo totalmente novo, um local em que as pessoas possam se sentir confortáveis e tenham menos ataques de espirro.
Sorrio lembrando que eu mesma tive muitos ataques de espirros enquanto trabalhava lá, devido à poeira que se aloja entre os livros. Aparentemente eu fui a única que achou graça, a atenção do funcionário se volta a mim e ele sorri também. Enrubesço.
Qual o nome dele mesmo? Me vejo pensando, mas antes de conseguir me concentrar em encontrar seu nome na minha mente, sinto uma queimação subir pelo meu corpo e um arrepio correr pela minha pele.
— E o que você tem em mente para isso, Balthazar? — A voz grave de Azriel toma conta da sala.
Volto-me para Azriel, ainda recostado na parede. A droga do silêncio eterno finalmente acabou e um alívio estranho se formou em mim ao ouvir sua voz. Balthazar retornou sua explicação e antes que eu pudesse girar a cadeira para prestar mais atenção, Azriel me olhou e aquele olhar reverberou em todo meu corpo. Meu fôlego pareceu preso na garganta, mas não me permiti ser atingida por ele. Empurrei o que quer que tenha sido isso para o mais fundo que pudesse, onde eu sequer lembraria.
Hora de focar no trabalho.
[...]
— O que achou da ideia de Balthazar? — Me vejo perguntando, depois de tanto tempo em um silêncio constrangedor dentro da sala compartilhada.
Azriel apenas deu de ombros.
— Achei válido o que ele disse sobre deixar o local mais confortável. — Complemento em busca de alguma resposta sua.
Azriel concorda com a cabeça.
— Algum gato comeu sua língua, Illyrian? — Me apoiei na mesa.
Nenhuma resposta.
— Oh, já entendi, você quer matar todos ao seu redor de puro tédio, estou certa? — Arqueio a sobrancelha.
Azriel ergue a cabeça e me encara. Bingo.
— Como adivinhou? — Pergunto.
Minha vez de dar de ombros.
— Sou boa em palpites.
— Tão boa quanto é em escolher namorados? — Murmura.
Cruzo os braços o encarando.
— Então? — Pergunto.
— Então o que, ruiva?
— Diga.
— Dizer o que exatamente? — Pergunta me fitando com os olhos cerrados.
Estalo a língua e exalo fortemente.
— Diga o que está pensando, Illyrian.
— Você não deveria estar com ele.
Surpreendo-me. Não esperava que ele fosse dizer aquilo, mesmo que seja palpável a antipatia que eles nutriam um pelo outro, eu não imaginava que ele fosse se intrometer dessa forma. Quem ele pensa que é para dizer com quem eu deveria ou não estar? Sou uma mulher crescida e independente, posso muito bem decidir com quem devo ou não ficar.
— Quem você acha que é? Minha mãe?
— Foi você quem pediu a verdade. — Responde.
— Você é um idiota, Azriel.
Levanto-me empurrando a cadeira com força, saio da sala e bato a porta.
Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. Idiota.
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Com carinho, Autora GW.
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we are rivals | AU GWYNRIEL
FanfictionAquele em que Gwyneth é funcionária de uma firma de arquitetura e odeia seu colega de trabalho. Eles são como ying e yang, totalmente opostos, mas uma oportunidade irrecusável surge e ambos precisam tocar um projeto juntos. Ideias vêm e vão. Gwyn e...