dez | gwyneth

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Minha mente está um turbilhão. A última hora passou como uma névoa. Sinto um aperto no peito que faz com que eu queira me encolher até sumir. 

Um copo. Ele arremessou um copo em mim. 

O mesmo Don que me fez rir durante as últimas semanas. O mesmo Don que eu achei que estava me conectando de verdade. O Don que enlouqueceu ao ponto de achar que eu o estava traindo e jogou um copo em mim. Desde a primeira vez o vi pensei que fosse uma boa pessoa, pensei que fosse diferente. Pensei que... 

— Precisa de uma carona para casa? — Ouço a voz de cautelosa de Azriel que me traz de volta ao presente. 

Apenas assinto. 

Chega a ser engraçado a forma como as pessoas conseguem nos enganar e fazer com que acreditemos que elas são boas. "Eu deveria saber que você tentava ser perfeitinha demais, o que era sinal da merda que estava fazendo",  ele disse. Mas aquilo não era para mim. Não era sobre mim e sim sobre ele mesmo. O quanto ele tentava ser um bom companheiro me dando flores e presentes o tempo inteiro, para tentar mascarar o tipo de ser humano desprezível que ele é.

Sei que nada disso é minha culpa, mas é difícil pensar que deixei isso acontecer, que me permitir ser tratada dessa forma. É um pensamento que não quero ter, porém não posso evitar. 

Não precisei explicar o caminho de casa a Azriel, estava gravado em seu GPS. Algo que chamaria minha atenção em um dia comum, mas não hoje. O trajeto foi feito totalmente em silêncio, eu não tinha vontade de explicar ao meu parceiro de trabalho o que havia acontecido. Apenas queria esquecer que esse dia sequer existiu. 

Como ele pode ter a coragem de fazer aquilo? Penso. 

— Merda! — reclama Azriel. O encaro e percebo que está olhando fixamente para um ponto à frente. Não tinha notado que havíamos chegado no meu apartamento, minha mente pareceu desligada por muito tempo. E quando segui o olhar dele, meu corpo fica imóvel. 

Don

Está parado na frente do meu apartamento, consigo ver seu rosto vermelho e seus olhos inchados de choro. Nego incessantemente com a cabeça, enviando pontadas de dor ao machucado em meu supercílio. Não quero estar perto dele agora. 

Nem agora nem nunca mais

Apesar de estar dentro do carro tento me afastar o máximo que posso, empurro o banco do carona para trás e começo a me mexer descontroladamente. Lágrimas ameaçam cair novamente e minha cabeça lateja tentando contê-las. Escuto o cinto de Azriel ser solto e volto minha atenção a ele. 

Os dedos apertam o volante com força deixando os nós esbranquiçados. Azriel está tenso, bufa como um animal prestes a atacar. Um sentimento selvagem parece ter tomado conta dele e sua mão vai de encontro à porta do motorista. 

— Apenas me tire daqui. — tomo coragem de dizer.  

Azriel me encara enfurecido, porque sabe que eu sei o que iria fazer. 

— Por favor. — ele respira fundo e acomoda-se novamente no banco.  

— Não pode me impedir para sempre. — diz.  — Espero que saiba disso. 

O carro começa e se movimentar novamente e eu acompanho a silhueta de Don ficar distante até sumir. Meus pensamentos se dispersam mais uma vez e eu me vejo pensando naquele dia que abri a porta e Don estava lá com um sorriso encantador no rosto enquanto conversava sobre livros comigo, desde aquele momento ele já era tão odioso? Houve algum sinal que eu ignorei? 

As lembranças me atingiam com força, sentia meu corpo se escolher cada vez mais.

— Onde fica a casa das suas amigas? — perguntou Azriel. 

— Elas não estão na cidade. 

— Nenhuma delas? — ergue a sobrancelha.

— Não tenho tantas amigas assim.  — Azriel me olha com desconfiança. 

— Isso é difícil de acreditar. — rebate. 

— Por que difícil?

— Bom, o fato de você ser amigável com todo mundo... — começa a dizer, mas o interrompo:

— Eu ser simpática não quer dizer que sou amiga de todos, meu círculo íntimo é bem limitado. — E aquilo pareceu um tiro pela culatra. Meus pensamentos voltaram a Don e eu revirei os olhos.  — Bom... agora é que vai ser mesmo. 

Azriel permaneceu em silêncio. 

Depois de pararmos em frente a um prédio espelhado que reluzia a luz da lua, pergunto:

—  Onde estamos? 

— Já que suas amigas não estão na cidade e aquele merda ambulante está na frente da sua casa, eu te trouxe para a minha. Espero que isso não seja um problema. — não foi uma pergunta, mas ainda assim Azriel me olhava como se esperasse uma resposta. 

Apenas nego com a cabeça. 


[...]


Eu esperava um local macabro e sombrio, mas para a minha surpresa, sua casa era bem aconchegante. Havia um toque feminino que eu não imaginava ser possível vir de Azriel, então imaginei que alguém morava com ele. 

Eu não sabia nada de sua vida, além do que falava no trabalho, ou seja, absolutamente coisa nenhuma. Encarei os cômodos visíveis da porta de entrada e respirei fundo. Azriel fez sinal para que eu entrasse, então avancei alguns passos hesitantes.  

A sala estava escura, havia apenas um abajur ligado. Sua luz era amarelada e fraca, mas através dela foi possível enxergar a silhueta de uma pessoa sentada em alguma espécie de poltrona, meu sangue gelou ao sentir que estava sendo observada. Minhas pernas tremerem. Havia sido uma boa ideia aceitar entrar nesse apartamento? Azriel havia planejado aquilo?

Então, quando tomei coragem de dar um passo para trás a lâmpada do cômodo foi acesa. Revelando assim uma senhora de cabelos pretos e pele bronzeada, vestia um vestido cor de coral que realçava mais ainda sua tonalidade. Ela sorriu timidamente para mim e senti minhas bochechas corarem. 

— Mãe? — perguntou Azriel com a voz tomada por surpresa. 

Imediatamente senti meu corpo ficar rígido novamente. 

Mãe? Oh, não.   



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Olá, leitores! Como estão?

Mais um capítulo para vocês! 

A Gwyn vai conhecer a mãe do Azriel (kkkkkkk), o que acharam?

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GENTE EU TÔ PULANDO DE ALEGRIAAA!!!!!!!!! A FIC CHEGOU A 1K DE LEITURAS EM MENOS DE 15 DIAS E SEM VOCÊS NADA DISSO SERIA POSSÍVEL!!!!

Muito obrigada de verdade, vocês são incríveis!

Com carinho, Autora GW.

we are rivals | AU GWYNRIELOnde histórias criam vida. Descubra agora