XV. O Segredo de Gael

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O ar estava um pouco frio, a grama fresca, a névoa cobria os grandes arvoredos e o ambiente estava silencioso, como se o lugar estivesse em um sono profundo, à espera de ser despertado.

Quanto tempo havia se passado? A resposta era fundamental para aquele pobre rapaz, caído na grama, trajado com cinto com fivela de prata, calças jeans escuras, camisa branca abotoada e cabelos castanhos como a última noz do outono, bagunçados como as chamas de uma lareira de Natal: apesar de empoeirado, ferido e exausto, Aethel vivia.

Deitado em meio a relva, não tinha forças para se levantar, assim como desconhecia a sua localização: ainda estaria em Gravity Falls?

De repente, uma luz dourada brilhou diante de seus olhos e, para sua surpresa, uma fada exuberante ,com cerca de 14 ou 15 cm, apareceu: seu vestido tinha tanto pó mágico que, partindo da longa saia, parecia ser feito inteiramente dele.

Também possuía asas douradas que, em certo momento, Aethel pensou serem feitas de ouro, pele clara, cabelos castanhos, olhos azuis como o mar Caspio e uma linda coroa brilhante, feita de uma faixa dourada e quatro pétalas de luz que se ligavam ao centro, formando uma flor reluzente.

Aethel reconheceu a distinta figura de imediato: rainha Clarion, a senhora das estações, dama do verão e governante do Refúgio das Fadas.

"Não vai se levantar", perguntou a fada, docemente, mas o rapaz preferiu permanecer deitado, pois sentia-se sem forças ou motivação.

Qualquer um que estivesse diante da rainha, ouviria o som de pequenos sinos de ouro e prata, como os que se encontram em meio às festividades natalinas, porém, Aethel quase não ouvia aqueles sons maravilhosos: a linguagem humana, letras, palavras e frases completas substituiam o belo tilintar que as fadas faziam.

Felizmente, o rapaz conseguia ouvir os sinos quando Luna ficava irritada e falava com velocidade; enquanto ela se atrapalhava nas palavras, Aethel ouvia aquele que, para ele, era o som mais bonito do mundo.

É verdade que se podia ouvir o barulhinho de sinos quando as fadas batiam suas asas ou voavam rápido, porém, esse tilintar soava tão breve, que o rapaz o achava um pouco triste.

Enquanto refletia sobre os sinos e as fadas, Aethel se deu conta de que estava ignorando Clarion, enquanto ela o observava com ternura e paciência:

-Me desculpe, majestade - disse o jovem - não desejava ofender-lhe, apenas me entregava a algumas reflexões menores.

-Está tudo bem - respondeu a distinta rainha - mas não prefere se levantar da relva?

Como não desejava ofender Clarion, Aethel se levantou com dificuldade e tentou tirar os vestígios de cinzas que haviam manchado sua camisa quando, para sua surpresa, parecia haver um excesso de pó mágico em suas roupas, o que levou-o a questionar:

-Me perdoe, alteza, mas o pó mágico em minhas roupas veio da senhora?

-Sim, você está certo.

Curioso, o rapaz perguntou o motivo daquilo, então a rainha respondeu que foi o único modo de salvá-lo de Gael:

-Minha querida Luna - disse Clarion - costuma deixar vestígios de pó mágico nas suas roupas, sendo que Gael energizou esse pozinho quando te atacou no círculo de pedra, por isso pude trazer você até aqui. Infelizmente, esse tipo de transporte é tão complexo que pode apresentar falhas, por isso sua camisa está um pouco chamuscada.

-Porque me trouxe aqui? Eu poderia ter sido mandado para a Cabana do Mistério. Meus amigos estão em perigo.

-Meu jovem, Merlin queria mostrar-lhe este lugar depois que você concluísse sua educação formal. Porém, com a ascensão de Gael, isso ficou impossível. Por isso o mago me pediu para trazê-lo até esta floresta

As Crônicas de Aethel: O Livro dos MagosOnde histórias criam vida. Descubra agora