XIV. O Grande Duelo de Magos

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A grama estava verde e fresca, o Sol brilhava majestosamente no céu azul e limpo, as copas das árvores dançavam em meio ao vento sul e nada mais se via naquela paisagem bucólica, além de um pequena casinha de toras, coberta com placas de madeira e rodeada de um modesto, mas bem arranjado, jardim de rosas brancas e vermelhas.

Em um morro verdejante, um rapaz dormia tranquilamente, esquecendo-se das obrigações enfadonhas, dos perigos e, principalmente, da instabilidade que seu país enfrentava: era um jovem Gael, que usava sapatos escuros, calças cinzentas e uma camisa simples amarelada, coberta por um gibão de couro verde (material de excelente qualidade).

De repente, como se ouvisse alguém lhe chamar, o rapaz despertou, ainda que permanecesse deitado: sua pele era clara, seus cabelos curtos e escuros voavam ao vento, suas mãos acariciavam a grama e seus olhos brilhavam com a luz solar, cinzas e profundos.

Não havia preocupação em seu semblante, nem o poderia haver, afinal de contas, poucos podiam desfrutar de momentos tão relaxantes e pacíficos, mas a voz que o chamava persistia, para seu aborrecimento, ao que ele respondeu:

-O que deseja de mim, Arquimedes?

Neste momento, uma coruja com expressão altiva surgiu e pousou em seu ombro esquerdo, começando a falar, sempre mantendo um tom de voz agradável:

-Merlin está nos esperando, vamos até uma nova aldeia.

-Merlin está sempre indo de aldeia em aldeia. Ainda tento entender o porquê disso tudo. - respondeu o rapaz, com voz um pouco cansada.

-Vamos logo com isso, meu jovem. Min também está resmungando com sua demora. Sabe como ela fica ranzinza quando é obrigada a esperar.

-Mas é claro que sei. Ela sempre reclama de tudo, acho que vou fulminá-la com um raio na próxima vez que a vir. O que você acha?

-Não temos tempo para bom humor agora, precisamos nos apressar!

Levantando-se do chão gramado, o rapaz olhou para o céu e começou a pensar no passado (como as pessoas às vezes fazem em momentos ociosos) mas não pôde fazer isso por muito tempo, pois a coruja o apressava o quanto podia, fazendo-o perder a paciência:

-Arquimedes! Por favor, não é necessário me apressar. Não estamos indo combater as tropas de Vortigern.

-Você já tem 16 anos, Gael, deveria ser mais pontual. - respondeu a coruja.

-Me desculpe, tive pesadelos noite passada, por isso estou um pouco cansado.

A resposta fez a ave ficar em silêncio, pois conhecia a história de seu amigo e entendia o quanto deveria ser difícil ter momentos de sono tranquilos, longe do terror noturno e de outras angústias passadas.

Como se entendesse a aflição da coruja quanto a espera dos amigos, o rapaz preferiu deixar suas reflexões de lado e caminhar em direção ao arvoredo, onde Merlin e Min o esperavam.

"Sempre nos fazendo esperar! Agora vamos precisar passar a noite na floresta de novo!", resmungou Min, enquanto Merlin respondia "será uma ótima oportunidade para estudar os hábitos dos esquilos; fascinante!": Merlin ainda era uma jovem entre 16 ou 17 anos (supondo que fosse essa sua aparência real), com um tipo de bata azul com chapéu pontudo, um cordão dourado ao redor da cintura (que prendia um saquinho de couro, uma lâmina dourada e um frasco vazio de 11 cm), cabelos castanhos brilhantes que, em certos momentos, pareciam se tornar tão escuros quanto o manto da noite profunda e olhos castanhos.

Min, por outro lado, era uma moça de aparência comum, a exceção de seus cabelos roxos e vestido rosa, que caiam bem em sua cintura fina...

Só lhe faltava uma expressão amigável no rosto.

As Crônicas de Aethel: O Livro dos MagosOnde histórias criam vida. Descubra agora