Os olhos cinzentos de Gael olhavam fixamente para aquela visão inesperada que viera do além para lhe atormentar a alma: Aethel vivia e portava a reluzente Excálibur, um escudo brilhante e aquele olhar confiante, firme e cheio de convicção, que tanto se viu na face dos grandes reis e rainhas do passado, quando o próprio tempo ainda era uma criança dando seus primeiros passos junto a Deus.
O rapaz olhava para Gael e seu exército numeroso, mas não se intimidou, antes, propôs seu desafio:
-Como no céu não há dois Sóis, na Terra não há dois césares! O Universo está cheio de estrelas mas apenas uma ilumina este mundo para livrá-lo da escuridão. O que aconteceria, caso houvessem dois discos dourados abrilhantando o céu pela manhã? O solo seria mais fértil? Ou a terra secaria e a vida se extinguiria?
-Onde quer chegar? - perguntou Gael.
-Você deseja o grande trono dourado dos ghalarianos, para reinar soberano sobre os mundos, como Zeus no Olimpo, mas fui eu aquele que venceu o desafio da Excálibur e, portanto, tenho legitimidade para colocar a coroa.
-O que você tem em mente, discípulo de Merlin? Certamente não viria até mim apenas com discursos floreados.
-Proponho um duelo entre nós, e que o vencedor seja aquele que reinará sobre Ghalary.
-Você vem a mim apenas com uma espada e um discurso... e espera que eu aceite um desafio estúpido, apesar de ter um exército invencível e o poder do coracor? Soldado! Avançar!
-Minha nossa - disse Aethel - talvez eu deva mencionar que há, em certo jardim florido, uma moça que dorme tranquila, à espera de alguém que a desperte... como era o nome dela? Anne... Ágata... ou Agnes?
-Você... então quer dizer.... seu maldito! O que fez? O que você fez?!
De todos os presentes, apenas Merlin não estranhou a fúria no rosto de Gael, que fez até Björn tremer em sua armadura dourada, o que fez as hostes malignas que ainda observavam tudo a distância, bruxas, fadas más, etc, se esconderem na floresta.
Mantendo a calma, Aethel continuou:
-Covardes não podem ser reis, Gael. Se seu poder é tão imenso, então deveria estar certo de uma vitória fácil. Porque hesita? Afinal, só tenho uma espada e lindas palavras, não é verdade?
-Sim, você está certo - disse Gael, se acalmando - muito bem, se é preciso isso para destruir o que restou das esperanças de Merlin, então aceito o desafio. Björn, se afaste! Soldados! Abram um círculo para o duelo!
Obedecendo ao seu mestre, os soldados formaram um grande círculo ao redor de todo aquele local, o que deixou a Cabana do Mistério, Dipper, Mabel e os outros, dentro da área onde se daria combate.
Gael abriu sua mão esquerda e, em meio a luzes, surgiu uma grande zweihänder: uma espada de lâmina escura, empunhadura de couro alemão com dois pequenos sabres próximos a ela e uma estranha aura sombria ao redor de toda aquela arma.
Segurando a reluzente espada na mão esquerda e o escudo na direita, Aethel avançou em direção a Gael, mas o mago segurou sua espada sombria com as duas mãos, levantou a lâmina e golpeou com força a Excálibur, obrigando Aethel a defender o ataque inimigo com ambas as mãos na empunhadura, tamanha foi a violência do golpe.
Sem recuar, Aethel empurrou sua espada em direção ao peito de Gael, buscando aproveitar-se da momentânea abertura do inimigo para encerrar o combate com uma estocada rápida, porém, o mago recuou dois passos e afastou o rapaz com uma rajada de ar de sua mão direita.
Voltando a segurar a empunhadura de sua zweihänder e arrastastando-a pelo chão, Gael correu em direção a Aethel, e tentou desnortear o garoto com um corte partindo de baixo, o que fez o escudo erguer-se por um breve momento, abrindo a guarda do rapaz.
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As Crônicas de Aethel: O Livro dos Magos
FanficEm uma noite escura de novembro, o jovem Aethel chega em Gravity Falls, junto com sua coruja falante, Arquimedes, para uma missão desconhecida. Em dezembro, os "gêmeos do mistério", Dipper e Mabel Pines, voltam a essa cidadezinha do Oregon para reve...