IV. Hospital

120 24 542
                                    

Luz branca, um teto também branco que parecia refletir a luminosidade de todo aquele ambiente cândido; foi essa a primeira visão que Dipper Pines teve em seu quarto, no hospital de Gravity Falls.

Seu corpo estava um pouco dolorido e por isso o rapaz tentava não se mexer demais; seu braço direito estava enfaixado, assim como seu peito (pois recebeu maior dano) e havia curativos em seu rosto, mas Dipper, apesar de seu atual estado, sentiu certa satisfação: havia salvo a irmã.

Apesar disso, começou a sentir-se fraco e vulnerável; teria realmente salvo a irmã? Com certeza lhe dera tempo para escapar, mas e se o inimigo apenas o tivesse eliminado e depois perseguido Mabel?

Esse pensamento trouxe certa tristeza ao garoto, pois esperava ficar cada vez mais forte e dar provas constantes de seu valor após completar seus 13 anos e, portanto, se tornar um adolescente, porém, infelizmente, a vida mostrava-se mais complexa que uma equação básica como essa; medos existem, era verdade, mas será que Dipper não deveria estar mais forte para lidar com todos eles?

Quase havia sido morto por um inimigo que não estava no nível do temível Bill Cipher...

Mas jamais sentiu tanto medo de Bill quando sentira de Björn, naquele dia...

Aliás, em que dia estava naquele momento?

Observou o quarto com lentidão, não notando ninguém em um primeiro momento, até que olhou à sua esquerda e viu alguém dormindo em uma cadeira próxima a sua cama.

Quando tentou mover o braço esquerdo em direção ao estranho, sentiu uma picada nele, seguida de dor: o braço de Dipper estava com um tubo ligado a um saco de soro hospitalar.

Neste momento a mente do garoto começou a conjecturar qual a razão de estar naquele estado, já que havia recebido apenas um único ataque do elfo; foi quando tentou se levantar um pouco e alguém falou:

-Não faça isso, vai aumentar a dor.

Dipper olhou novamente para o lado e viu o estranho acordado.

Era um rapaz que aparentava ter igual idade a de Dipper e possuía pele clara, cabelos e olhos castanhos, como a última noz de outono, assim como roupas que o faziam parecer ter saído de um livro de contos de fadas; algo parecido com as roupas de Björn, mas de uma tonalidade de verde escuro, desde a camisa e as calças até o gibão, com botas cor de carvalho, uma capa esverdeada com detalhes em branco e preto.

O semblante do rapaz era gentil e, após olhar rapidamente para o tubo de soro, disse:

-Acalme-se, você está seguro. Vai melhorar.

-Quem... é você? - perguntou Dipper.

-Sou Aethel, a quem sua irmã e você procuraram.

-Aethel?... você... conhece mesmo... Merlin e o rei...

-Arthur, sim. Merlin, Arquimedes e eu o chamamos de Wart. - respondeu Aethel.

-Nossa... tenho tantas perguntas... Mabel queria que a coruja... ensinasse a língua dos animais. - falou Dipper.

-É mesmo? Haha, sabe, uma vez Merlin me transformou em um esquilo.

-Sério... qual foi a sensação? Porquê ele... fez isso?

-Para ensinar uma lição que agora trago em meu coração. Quanto a sensação, senti que o mundo é grande e difícil, somos pequenos e nem sempre ser durão é a resposta.

-Qual foi... qual foi a... lição?

-A lição foi "inteligência supera força."

-Inteligência... supera força. Acho que não fui... muito esperto ultimamente.

As Crônicas de Aethel: O Livro dos MagosOnde histórias criam vida. Descubra agora