Eu estava chateada, após o café da manhã no salão principal senti a hostilidade que tanto me assolou em Atlântida e agora desejo mais do que nunca não ter contato com tantos deuses visto que muitos deles tem verdadeira aversão ao desconhecido. Hermes me conduziu até um lugar com muitas fontes e me pediu para ficar a vontade que em breve voltaria, sei que ele é um deus ocupado e tudo que eu queria era estar dentro de sua casa onde ninguém poderia tentar me matar por ser simplesmente um ser humano.
Respirei fundo antes de planejar o que faria, estou longe de acabar minhas pesquisas a respeito do Olimpo, mas em compensação tenho desenhado cada canto e retratado os deuses em alguns rabiscos, pois em minha primeira oportunidade farei quadros lindos e por falar em quadros, preciso terminar o de Hermes deitado comendo uma maçã e de Poseidon entediado em seu trono. Aos poucos o receio foi dando espaço para o calma e assim tirei meus sapatos e suspendi um pouco do vestido para que pudesse me sentar melhor na grama assim minhas panturrilhas ficaram de fora e aproveitei para me refrescar conforme detalhava o local ao qual estou, de repente uma sensação estranha passou por meu corpo, como se alguém estivesse me vigiando e mesmo que eu tentasse ignorar e focasse nas fontes e no jardim a sensação parecia crescer. Fechei meu livro e me levantei pegando a sandálias em mãos e dando passos distantes para longe da fonte, não preciso de mais confusões, porém não cheguei muito longe visto que as águas envolveram minha cintura e apesar da pressão no ar senti todo o meu corpo relaxar.
— Vamos conversar. — Poseidon não esperou que eu respondesse apenas me fez prisioneira em suas águas enquanto retornávamos para o palácio ele só me soltou quando entramos no quarto ao qual ele fechou a porta.
— Já pedi para não fazer mais isso. Não sou uma criança. — Indaguei e pela primeira vez ele não me repreendeu, estava sério, mais calado que o normal e me analisando.
— Você voltará para Atlântida em alguns dias.
Pisquei confusa, ele estava me deixando... Livre?
— Eu tenho assuntos sérios a tratar e a sua presença somente me atrapalharia, não pense que o Olimpo fará parte de sua vida. — Deixei o livro sobre a cama me recusando a sentar nela, só de lembrar do que ocorreu aqui dentro já é motivo para esconder meu rosto entre minhas mãos, porém não o farei.
— E se eu não quiser voltar?
— Não existe essa possibilidade. — Revirei os olhos
— Poseidon, você já parou pra pensar que seres humanos tem vontades? E que talvez, só talvez eu queria escolher o que vou fazer, afinal não sou sua prisioneira! — Olhei em seus olhos enquanto ele arqueava a sobrancelha e quando fez menção de abrir aquela boca para retrucar coloquei o indicador sobre seus lábios ficando na ponta dos pés, esse filho da mãe é alto demais:
— E nem venha me dizer que agora estou em seus domínios e só por ser um deus tudo o que digo deve ser ignorado, eu quero ficar aqui e terminar meus trabalhos além de... — Senti a destra dele segurar meu pulso e baixar minha mão puxando meu corpo em direção ao seu e a outra envolver minha cintura. — O que pensa que esta faze...
Poseidon simplesmente me beijou e eu o empurrei.
— Você não pode me tratar desse jeito, hoje de manhã não queria olhar na minha cara e agora simplesmente me beija?
— Não quero que fique andando pelo Olimpo, obedeça a este deus e não fique de conversas com os outros deuses, nem todos são como Hermes ou coisas terríveis podem acontecer entendeu?! — Apesar do tom ele não parecia estar me ameaçando. — Voltarei o mais breve possível então trate de ficar neste palácio. Hermes também não estará aqui até amanhã pela tarde. — Andou até o espelho d'água e virou o rosto em minha direção. — Não apronte Sn.
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A arrogância de um Deus | Poseidon (concluída)
Fantasia-- Um deus não se curva, não faz motim, não precisa de amigos. Os deuses não se unem e sua palavra vira uma verdade absoluta no momento em que é dita. É isso que faz dos deuses seres perfeitos. Ri, estalando a língua no céu da minha boca. -- Nada e...