36.A maldição, o amor e os deveres de um deus

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Seu corpo parecia agonizar enquanto flutuava, as águas perfuravam sua pele como milhares de tridentes de Poseidon e seus fios esvoaçavam seus olhos complemente brancos como se estivesse em transe e as correntes em seus braços os forçando a ficar abertos, eu tentei me aproximar, mas não consegui. Uma muralha de pedra foi erguida a minha frente e assim corri para fora daquela sala sem perceber que uma lágrima escorria de meu rosto, respirei pesado caindo em mim, então isso é a punição de um deus?

Eu queria ajudar, mas a medida que me aproximava aquelas águas cortantes se expandiam e fui obrigada a correr para fora antes que algo ocorresse comigo, minha respiração acelerou em meio aquele silêncio e mal dei por mim quando senti uma mão em meu ombro.

-- Acho que você se perdeu. -- A voz de Perséfone ecoou.

-- Eu...

-- Você viu a punição de Poseidon? -- Assenti. -- Querida apague isso da sua mente. Ela sobreviverá é tão deusa quanto eu. -- Piscou -- Agora vamos até preparei um vestido pra você, vai ficar tão linda que meu cunhado vai se arrepender de ter respirado o mesmo ar que você. Se bem que eu aposto que ele já sofre todos os dias em tê-la ao lado e tão distante.

Balancei minha cabeça.

-- Perséfone essa punição é muito cruel...

-- É a punição de um deus, meu bem. Tão ruim quanto a de um humano qualquer, você não sabe e nem estará viva até lá se permanecer nessa condição humana, mas haverá períodos da história especificamente para as mulheres que será a verdadeira treva. Período em que mulheres serão queimadas vivas simplesmente por deter um pouco de conhecimento ao qual homens são incapazes de compreender, pois, só utilizam a fé e o aprisionamento de ideias para comandar. Mulheres sendo apedrejadas simplesmente porque a palavra de um homem foi válida, entre tantos outros métodos de se punir um ser humano levando-o a morte. Então Sn acredite quando lhe digo que quarenta dias de punição para uma deusa é pouco. Agora vamos para a fonte embelezar esse corpinho. -- Perséfone me arrastava com um enorme sorriso e eu não consigo esquecer o que vi.

...

Estávamos na fonte a pouco tempo e a deusa  me mostrava diversas coisas me deixando um pouco confusa.

-- Sn você precisa escolher, quais flores te agradam mais?

Eram tantas espécies que somente fui apontando, enquanto o perfume dominava o local, uma mistura de cheiros tão agradável que me deixou muito feliz.

-- Então serão margaridas, lírios, tulipas alaranjadas, narcisos, rosas brancas e para finalizar dálias azuis e vermelhas. -- Sorriu e uma mulher ao qual entendi ser sua dama de companhia adentrou a fonte levando as flores escolhidas enquanto as outras simplesmente sumiram.

-- Posso saber para que tantas flores? -- Perguntei.

-- É uma surpresa, mas aposto que irá gostar. Agora me conte um pouco sobre o que você gosta de fazer. -- Perséfone parecia me analisar como se eu fosse um livro muito interessante. -- Para que não fique constrangida, mesmo que estejamos de biquíni nessa fonte. -- Riu, antes de voltar a falar: -- Quando não estou ocupada com minhas funções no submundo ou ao lado de minha mãe, gosto de escutar o som da harpa, também perco bastante tempo com meus jardins e adoro quando os humanos me evocam, admito que só dou as bênçãos quando analiso se vale mesmo a pena. Do contrário os deixo perecer, enfim, também adoro tecidos finos e caros para os meus vestidos e estar com Hades certamente é uma das melhores partes do meu dia.

Ela sorriu apaixonada e achei tal ato belo.

-- Agora é a sua vez.

-- Bom, a princípio sempre quis contribuir para a biblioteca de Alexandria, então viajava em busca de Atlântida e sempre desenhava mapas, com o tempo acabei por desenvolver o dom da pintura e agora contribuo com mapas, pinturas e pergaminhos escritos e no momento estou fazendo um livro com arquivos de Atlântida e uma pintura de Asgard. -- Sorri e vi que seus olhos brilharam, a deusa abraçou meu braço.

A arrogância de um Deus | Poseidon (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora