12 | Último pedido

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Ele venceu.

Zayn me venceu nos quarenta e cinco do segundo tempo, faltando apenas dois pontos para nós dois chegarmos ao zero — ele conseguiu acertar o quadro de dois antes de mim.

O que me conforta é que eu dei muito trabalho.

Depois do jogo, nós atravessamos a entrada que dava acesso ao salão ao lado do cassino particular e, enquanto me fazia um hot dog quentinho, Zayn me explicou que abriam o espaço algumas vezes na semana para convidados do bairro; funcionava quase exatamente como um cassino, e tinha bastante dinheiro envolvido, o qual costumava ir direto para o bolso dos melhores jogadores — ou dos mais sortudos. Ele morava acima do bar junto com algumas outras pessoas, como acontece em uma república.

Aqui, onde estávamos agora, era o salão no qual as pessoas costumavam entrar para comer: Black Sparrow. Fica após uma porta maciça e dupla. No momento, estava sem mesas, sem cadeiras ou pessoas, então havia bastante espaço. Eu me sentei atrás do balcão para esperar o cachorro quente. Tive de ouvir o SuChef se vangloriar de sua mísera vitória por longos minutos até poder comer.

— Hm — ergui as sobrancelhas após mastigar o pedaço que mordi do lanche —, o que é aquilo?

Avistei uma máquina média (parecia uma de fazer impressões) e potes de tinta colorida logo acima de alguns objetos alojados por dentro do vidro do balcão como chaveiros, camisetas, bonés etc.

— Aquilo? É onde eu faço os produtos de marketing do bar.

— Você faz? — Mordi o lanche outra vez.

— Sim. — Foi até lá, abrindo a portinhola de vidro para pegar uma das camisetas, em seguida retornou para perto. — Olha, é um pardal; para fazer referência ao nome.

Balancei a cabeça, observando a arte no tecido. Dedilhei o desenho para sentir a textura.

— É incrível!

— Prova! — sugeriu. — Vem cá.

Franzi o cenho até compreender o que ele queria fazer. Deixei o cachorro quente ao lado, ergui os braços para que a blusa se encaixasse em meu corpo, depois fiz uma pose encolhendo o ombro para perguntar:

— O que achou? Agora eu me pareço com um dos membros?

Um balançar de cabeça foi o suficiente para que eu desfizesse a pose e voltasse a comer.

— É, está quase lá. Só precisa melhorar como jogadora.

— Que engraçado — reclamei. Como se ele não tivesse quase perdido. Por um triz.

Zayn se afastou do balcão em que eu estava apoiada com os cotovelos. Eu estava na metade do cachorro quente e me peguei distraída com o molho por dentro do pão, percebendo que eu havia passado muito tempo sem comer e isso aumentava a satisfação do meu estômago a cada mordida.

Uma música começou a tocar; não qualquer música: Sexual Healing do Marvin Gaye, uma faixa de mais de trinta anos.

Procurei com os olhos de onde vinha o som e encontrei o Zayn tomando distância do rádio em cima do balcão em passos lentos como o ritmo da música. Tampei a boca, não acreditando quando o vi chegar ao meio do salão, usando o punho fechado como microfone para acompanhar a letra cantada por Marvin, especialmente o baby inicial. Ele deu uma volta no lugar e apontou para mim durante a espécie de show.

Balancei a cabeça negativamente, prendendo a risada furiosamente, que escapou no momento em que fui rejeitar a oferta:

— Não mesmo, não vou ir até aí. — O homem pareceu se conformar, continuando a dança e a dublagem.

Submersos: Ecos da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora