— Barb! — Tyler levantou do sofá e veio em minha direção pouco tempo depois que percebeu que eu estava acordada. — Meu Deus, finalmente!Minha visão foi ficando cem por cento aos poucos até que enxerguei meu irmão completamente, perto de mim, ansioso por uma reação. Senti sua mão se entrelaçar com a minha, porém me afastei devagar, encostando mais na cama. Minhas costas doeram, assim como alguns membros.
— Você está bem? — quis saber. Não respondi. Minha cabeça estava doendo. Eu o olhava buscando uma justificativa para ter mentido para mim durante todos esses anos. — Vou chamar a enfermeira.
— Não.
Ele parou no meio do caminho conforme neguei, então voltou para perto com uma expressão confusa no rosto.
— O que foi? Não está se sentindo bem?
Senti um aperto no garganta e logo meus olhos começaram a encher d'água. Tyler me observava sem pesar algum, como se não tivesse feito nada errado e fosse o irmão mais cuidadoso e preocupado que alguém poderia ter.
Memórias que recuperei do dia que ele me contou o que havia acontecido vieram à minha mente outra vez, sua voz ecoava nítida, quase audível:
— Acharam o corpo dele, Barbara. Eu sinto muito.
A forma como me debrucei sobre meus próprios joelhos em frente à lápide do meu marido naquele dia, a forma como chorei como nunca, me neguei a dizer adeus a ele, e todos os anos de dor, terapia e consultas com o psiquiatra que vieram depois, as pressões que passei no trabalho, tudo isso por causa de uma mentira.
— Como você pôde? — minha voz saiu trêmula devido às lágrimas que já escorriam.
— Do que está falando?
— Como? — disse mais alto. — Como você pôde dizer que ele tinha morrido? Como pôde mentir assim?
Tyler deu um passo para trás como se minhas palavras o tivessem atingido no peito. O seu rosto perdeu a cor e ele ficou sem reação.
— Você organizou o enterro dele, Tyler! — fui falando à medida que escorregava para a ponta da cama para levantar. — Você estava lá nas minhas crises, marcou meus médicos, viu tudo o que eu passei todos os dias! Tudo!
Alguns soluços atrapalhavam-me de ter a firmeza que eu queria. Em pé, encarei meu irmão de perto.
— Barbara, você precisa se deitar. — Tentou me guiar para o colchão novamente, no entanto tirei sua mão do meu braço.
— Para com isso! — Ele ficou em silêncio. — A Emily e a Hailey, elas sabiam?
Não tive resposta. Seu olhar desviou do meu.
— Elas sabiam que o Zayn estava vivo? — perguntei outra vez, mas Tyler hesitou. — Responde!
— Sim. — Fechou os olhos, suspirando. — Sim, elas sabiam, Barbara.
Após soluçar uma vez, tampei a boca com uma mão e me permiti chorar igual a uma criança. Meu irmão empurrou meus ombros levemente para que eu sentasse. Não relutei, eu não tive força para isso. Meu corpo inteiro tremia.
— Agora você vai deitar e escutar o que eu tenho para dizer antes que entre em choque de novo — falou calmamente. — Por favor.
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Submersos: Ecos da Verdade
Ciencia FicciónDepois de se tornar mãe e enfrentar a morte misteriosa do próprio marido, a agente Barbara Hawkins começa a sofrer de amnésia dissociativa enquanto precisa investigar uma série de desaparecimentos que assolam a sua cidade e, mais tarde, seu país. No...