16 | É por sua causa

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Hawkins! — Tom chamou, perseguindo-me pelo corredor. — Hawkins, você não pode entrar aí! Por favor, pare!

Esperei a porta se abrir para mim antes de entrar na sala escura. Enxerguei o grande vidro retangular à frente de pelo menos uma dúzia de agentes; do outro lado, estava a mulher por quem eu vim correndo até a sede assim que soube que ela estava aqui.

— Desculpe, senhor, não a vi passar — disse Tom ao Holt que se virou para me encarar no momento em que pisei ali dentro. Os outros fizeram o mesmo.

Acho que essa foi uma desculpa apenas para que ele não tivesse que assumir que não conseguiu alcançar uma mulher correndo de salto porque estava muito concentrado no seu croissant de chocolate. Quase senti vontade de rir, porém a tensão em meu corpo era maior, caso contrário eu, com certeza, faria alguma piada.

— Deixe que veja. — Holt fez um gesto com a mão e seu subordinado saiu. — Venha, Barbara. Eu estava mesmo imaginando quando você ia aparecer.

Colocando as mãos no bolso de seu terno, o mais alto voltou a atenção para além do vidro e eu me aproximei, tomando espaço entre os meus outros colegas. Alex também estava lá. Só percebi porque ele disse:

— Tinha que ser. — E foi diretamente para mim. Revirei os olhos.

— Aquela é Dakota Tucker; mãe de um garotinho de sete anos, solteira, filha de um aposentado; sem antecedentes criminais — ia falando enquanto meus olhos analisavam o que eu podia enxergar da moça que estava sentada e algemada por uma das mãos à mesa de ferro. — Ela desapareceu há pelo menos cinco anos, foi vista pela última vez no Arizona, ou melhor, a última vez que a vimos estava entrando na sala do seu médico, Elliot, para envenená-lo.

Continuei com os olhos fixos nela. Já sabia disso antes de vir até aqui. Seus cabelos eram cacheados, um pouco loiros, e sua pele era morena; ela estava vestida num macacão verde desbotado e parecia extremamente assustada. Não podia ver nada do lado de cá e também não havia ninguém lá dentro, então, provavelmente, devia estar se perguntando o que está acontecendo.

— Ela disse alguma coisa?

— Até agora, nada — respondeu Holt.

— Quero entrar lá.

O meu chefe puxou ar para os pulmões, pensando no que falar, mas foi interrompido pelo Boland que, rapidamente, saiu de seu lugar para dar uma opinião que não foi requisitada.

— Espera aí. Isso já está virando uma baderna. Hawkins, você estendeu a sua licença, não devia nem estar pisando na Unidade durante o tempo do vigor dela. Agora você desrespeita os nossos seguranças, os nossos agentes, entra aqui sem autorização e ainda pede para interrogar uma suspeita de um caso que não está sob sua investigação? — Fez uma pausa dramática com as sobrancelhas arqueadas.

— Meu médico. Elliot era o meu médico. Eu quero saber o que aconteceu com ele e por que — falei. Alex riu baixo. Permaneci da forma como estava.

— É claro, porque, de repente, você virou a diretora desse lugar! — esbravejou. — Não pode ter o que quer quando quer, Hawkins, siga as regras e respeite os seus superiores, isso é o mínimo que esperamos da sua parte.

Se estivéssemos em uma cena de história em quadrinhos, haveria fumaça saindo pelos meus ouvidos nesse segundo, principalmente porque não posso dizer que, se aquela mulher realmente atentou contra o Elliot, é possível que ela quisesse impedir que eu e Zayn tivéssemos acesso ao seu diagnóstico, o que a liga a algo muito maior do que um assassinato comum.

Não posso dizer tudo isso ao Alex, não sem antes descobrirmos se ele esconde alguma coisa, por isso pensei bastante nas minhas palavras para respondê-lo.

Submersos: Ecos da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora