20 | E se?

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nove anos atrás fort collins

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nove anos atrás
fort collins






— Barbara. — Não parei de andar no sentido oposto. — Barbara!

O corpo dele, colocado à minha frente, impediu meu caminho para longe daquele lugar. Desisti rapidamente de relutar. Não pude conter o choro, ficava mais intenso a cada segundo; meu coração estava tão apertado que o meu corpo inteiro podia doer na mesma intensidade.

— Não consigo. — Balancei a cabeça. Meu punho fechado apoiou-se abaixo do seu ombro e minha testa em seu queixo no instante em que me aproximei. — Não posso, Zayn, eu não posso!

Meu cabelo foi afagado por seus dedos.

— Eu sinto muito, amor.

— Por favor, vamos embora. Quero sair daqui, por favor — eu implorei.

— Sim, nós vamos. — Segurou meu pulso levemente, acariciando-o.

Olhei ao nosso redor e acabei notando que algumas pessoas que estavam presentes no hospital analisavam atentas a minha interação com Zayn; algumas cochichavam coisas inaudíveis, outras choravam pelos cantos da sala e se assustaram antes, quando saí bruscamente pelas portas duplas que davam acesso ao corredor.

— Olha para mim — pediu.

Não pude. Por algum motivo, aquela atenção alheia estava me incomodando mais do que nunca. Sempre lidei com esse tipo de coisa, mas hoje... hoje preciso ficar disso.

— Amor, olha para mim — chamou outra vez ao mesmo tempo que eu derramei mais lágrimas por ainda estar ali, no campo de visão daquelas pessoas desconhecidas. Finalmente atendi e o olhei. — Eu vou te levar para nossa casa, nós vamos embora.

Concordei com a cabeça. Não sabia ao certo como recuperar o ritmo correto da minha respiração, todavia bastou um simples gesto do Zayn para que eu me lembrasse: ele carinhosamente colocou os lábios sobre minha pele abaixo dos olhos, a parte por onde meu choro caía, e deixou um beijo ali. Eu fechei os olhos, conseguindo me concentrar em outra coisa que não fosse a situação ao nosso redor — me concentrei no cheiro bom que vinha da proximidade do seu corpo em relação ao meu, seus carinhos em meu cabelo e os beijos levinhos que deixava em minhas bochechas molhadas.

Era um gesto tão singelo e lento em meio ao nosso abraço que eu tinha certeza que aquele momento era só nosso, era o seu jeito de me lembrar que ele me amava e que cuidaria de mim, que não estou só. Sempre funcionava, dessa vez não foi diferente.

Chegamos em casa em silêncio, porém eu estava mais confortável, pois havia recuperado o controle da minha respiração e meu coração já não batia mais tão acelerado embora o sangue seco do Gavin ainda estivesse espalhado pelos meus dedos; havia um pouco na minha saia, na minha coxa e eu podia sentir as pontas dos meus cabelos grudadas também.

Submersos: Ecos da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora