7 | Alguém fez isso com ele?

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Eu acredito que seja um logotipo, mas do quê? De que lugar? Não faço ideia do que essa cabeça em meio às peças de montar significa. — Apontei para o desenho que Zayn havia feito há alguns dias. Passei várias horas seguidas tentando encontrar sentido na imagem, procurei por logos com o mesmo design nas páginas de pesquisa da internet, mas não obtive sucesso, obviamente, por não ter acesso aos instrumentos certos. Sendo assim, procurei quem tinha.

— Por qual Estado você disse que pesquisou mesmo? — questionou com os olhos na folha.

— Nebraska.

— Eu posso verificar.

Eu agradeci ao mesmo tempo que uma das fisioterapeutas do pai do Reid adentrou a sala. A mulher fez com que o senhor de cabelos grisalhos e movimentos corporais comprometidos se sentasse à beira da cama para almoçar. Ficamos em silêncio enquanto o prato de isopor era colocado sobre a mesa móvel, assim como o copo.

— Obrigado. — O policial acenou com a cabeça, sentando ao lado do pai. Fiquei próxima à janela semiaberta ao desviar os olhos da médica, que saiu em seguida, para os dois homens.

Concentrei a atenção no Anthony involuntariamente, o que acabou levando minha mente a pensar no desconforto de sua situação. A fisioterapia tem ajudado, segundo Rio, no entanto ainda é desafiador para um pai de quase sessenta e três anos depender de tantas pessoas quando, antigamente, possuía autonomia e controle total em relação a si mesmo.

— Não vai mesmo me dizer como conseguiu essas informações? — perguntou, chamando minha atenção.

Suspirei antes de responder. Eu odiava esconder qualquer coisa dele, mas não era o momento de contar; ainda não sabíamos quem estava atrás do Zayn ou por que. Qualquer passo seria dado no escuro sem as informações certas.

— Eu não posso — neguei — por enquanto.

Ele assentiu sem dizer nada. Apesar disso, acreditava que Rio confiava em mim e sabia que contaria se eu pudesse, então não me preocupei. Olhei no relógio do meu celular para ver quanto tempo ainda tinha antes do horário marcado no neurologista: poucas horas. Depois de guardar o aparelho no bolso do jeans, me aproximei para sentar em um dos bancos próximos ao Anthony que comia sem a ajuda do filho, embora com lentidão. Era bom vê-lo progredir.

— Ele já teve algum problema de saúde desse tipo antes? — Percebi que nunca havia o questionado sobre isso.

— Não. — Olhou o pai. — Foi tudo repentino. No início, pensei que tivesse sido a comida que pedimos aquela noite, mas talvez tenha acontecido em decorrência do hábito de fumar. Não tem como afirmar.

Assenti. Eu lembrava do que Reid havia me contado sobre esse dia; segundo ele, foi pouco antes de encontrarem o corpo do meu marido e antes da amnésia. Rio foi aceito na Unidade meses mais cedo, o acontecido causou um impacto considerável, então o afastaram. Quase que ao mesmo tempo, Holt perdeu os dois superiores à frente do caso na época.

— Eu não te conhecia muito até perder a memória, mas isso, e o acidente o meu pai — desviou os olhos em sua direção —, nos aproximou.

Os cantos dos meus lábios esticaram-se diante do comentário. Talvez não existisse alguém que me entendesse mais do que o Rio ou que tivesse escolhido verdadeiramente não sentir pena de mim como ele escolheu.

— O que seria de mim sem você?

O agente sorriu, sendo acompanhado por Anthony, até que apoiou seus dois cotovelos nos joelhos e franziu o cenho de forma lerda; parecia ter se lembrado de algo de repente.

Submersos: Ecos da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora