Oculto ao luar

160 17 7
                                    

O menino está ofegante, saltando pela grama, enquanto o punho de Akaza passa zumbindo onde estivera seu crânio um segundo antes. Seus reflexos estão melhorando, isso é um fato sobre Tanjiro, seu crescimento não estagna.

Por alguma razão, Akaza tomou para se o dever de ensinar Tanjiro a ser menos "inútil", pois de acordo com ele, seu brinquedinho afiado - sua katana - quebraria em um segundo, no outro ele seria apenas um peso morto. Kokushibo não o repreendeu, Tanjiro tinha um histórico.

É a segunda espada quebrada em menos de um mês. Tanjiro parece ter um dom para perder suas lâminas, desde que esse treinamento começou, o oni rapidamente perdeu a conta de quantas vezes ele precisou substituir a arma do menino. No início, foi devido a sua falta de técnica, mas mesmo com o aperfeiçoamento de suas habilidades, nada mudou, de alguma forma, tornou-se mais corriqueiro.

Assim, Kokushibo não se opôs ao aprendizado oferecido de forma tão precisa. Ainda que no início o menino fosse mais uma massa roxa e inchada que realmente humano, ter mais conhecimento marcial lhe traria vantagens a longo prazo, se algo, poderia o manter vivo quando sua lâmina fosse inevitavelmente perdida.

Superando suas impressões iniciais, Akaza e Tanjiro pareciam conviver surpreendente bem. Assim, não havia necessidade de monitoramento, o legado de seu irmão estaria bem com o outro oni. Sem mais delongas, Kokushibo se ergueu de onde os observava, havia alguns detalhes a serem tratados. Já se foi meio ano desde que o laço com Muzan foi rompido, era importante juntar informações do estado atual das coisas, conhecimento era essencial.

_

Não surpreendentemente, os caçadores que ele encontra são basicamente inúteis. Com seu baixo posto, eles não carregam informações realmente relevantes. Não sobre o corpo de extermínio, muito menos sobre as fileiras demoníacas.

Com o nascer do sol se aproximando, ele se resigna a retornar a cabana. Akaza e Tanjiro já encerraram a longarina, o primeiro parece preparar algo no forno, enquanto o menino se agita assim que o vê entrar. Pelo olhar de Tanjiro, Kokushibo sabe que algo está vindo, o menino é sempre uma pilha ansiosa de energia quando tem algo em mente, em especial quando isso envolve o mais velho.

Não esperando pelo menino, ele o deixa para tomar seu lugar rotineiro. Sentando em seiza, em sua periferia, ele não pode deixar de notar o menino pairar, enquanto Akaza bufa desdenhoso.

- É...- O menino começou, meio incerto, hesitante em se aproximar.

Contendo uma contração em suas feições, Kokushibo voltou -se para ele, o fitando de lado, um sinal para que continue. Era surpreendente realmente que o menino tenha se mantido em silêncio por tanto tempo, por mais diligente que fosse com seus deveres, ainda era muito jovem, muito emotivo.

- Está tudo bem?

Se o oni não fosse quem é, ele certamente teria revirado os olhos para aquela questão. Assim sendo, ele não o dignou com uma reposta.

- Quero dizer... Você não parecia bem, seu cheiro parece frustrado... Devo me preparar para algo?

- Não há nada que você possa fazer.- Ele foi direto, indiferente ao encolhimento do outro.

Kokushibou era apenas realista, como o menino estava, ele não poderia fazer muito mais que morrer. Suas habilidades poderiam ir contra a maioria dos onis, mas ainda não o fazia apto a enfrentar e viver indo contra os de escalão inferior e superior. Lhe dar falsas esperanças, apenas o faria ser implacavelmente esmagado. O tornar ciente de suas incapacidades era ser um bom mestre, para que ele se esforçasse mais, para que um dia ele pudesse... Bem, não importa agora, há outras questões que requerem sua atenção.

Antes e Depois (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora