Fratura de vida

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- Nezuko, não!

Kokushibo tentou ignorar os gritos do menino, assim como os ruídos irritados da menina, mas a leitura não fluiu, a algazarra do lado de fora se sobrepondo a calmaria. Resignado, o oni mais velho fechou o livro, o deixando sobre a mesa antes de se erguer, lá fora, ele chega a tempo de ver Tanjiro agarrando a irmã, tentando puxá-la para longe do outro ex-kizuki, enquanto que Akaza, parece mais entretido que realmente irritado.

- É apenas treino, ele não me machucou de propósito.- Tanjiro argumenta, ainda abraçado a irmã que bufa, não pronta para recuar.

Há um pequeno hematoma se formando em sua bochecha, Kokushibo sabe que poderia ter sido bem pior, Akaza de fato estava se contendo.

- A nanica tem coragem, nossa diferença é enorme, mas ainda não recuou, não me importo que ela se junte a nós. - Akaza diz, sua voz se sobrepondo ao barulho dos irmãos.

- Não!- Tanjiro é rápido em refutar, tão protetor quanto a irmã em relação a ele.

- Calma pirralho, não iria machucar sua irmãzinha tanto, de qualquer forma, você esquece que ela é um oni, isso a faz mais difícil de quebrar.

Tanjiro não está convencido, se algo seu olhar se torna mais intenso e o mesmo estufa as bochechas, contendo sua irritação e arrastando a irmã para mais longe, isso apenas faz Azaka bufa, agora um pouco irritado pela recusa. Cansado do circo que presencia, Kokushibo torna sua presença conhecida, avançando para a linha de visão dos demais.

- Tanjiro deve sair.- Kokushibou diz, não se importando com saudações prévias.

Sua fala confunde a todos, assim, eles se mantém em silêncio, esperando por uma melhor elaboração.

- Você deixou seu corvo, esses animais são mensageiros do corpo de extermínio. Vá, e o ache, para que sua lâmina possa ser entregue.

As feições do menino se iluminam em compreensão, então ele solta a irmã que parece esquecer Akaza e se concentrar em acariciar levemente o hematoma, como se isso fosse o suficiente para fazê-lo desaparecer.

- Sim, sensei, vou achá-lo!- O menino diz, ao mesmo tempo que dá um tapinha na cabeça da irmã, para acalma-la.- Hm... Mas para onde devo levá-lo? Se o trouxer até aqui, não seria inconveniente?

Kokushibo vê quais são as preocupações do menino, mas não se preocupa com elas, essas são facilmente contornaveis. Assim como Muzan, muitos dos onis possuem a habilidade de mudar sua aparência, sumir com seus traços não humanos, não devia ser um problema. Ainda que aqueles que venham ao menino notem algo errado, não saberão de imediato o que, na pior das hipóteses, ele poderia apenas se desfazer dos mesmos.

- Não importa, eles não serão uma ameaça.

- Como se, nada menos que um hashira poderia proporcionar um desafio verdadeiro.- Akaza zomba, ao mesmo tempo que algo lhe vem a mente, fazendo que um sorriso questionável aparecer em seu rosto, acrescentando: - Não seria uma má ideia! Traga-os, faz um tempo que não enfrento um hashira, eles são divertidos de lutar.

- Você não pode lutar com eles! Eu seria expulso.- O menino se agita, tentando argumentar contra a empolgação do oni.

- Besteira. No máximo, eles achariam que você é um refém. Vamos lá, não seja estraga prazeres.

Kokushibo se via como alguém que não gastava seu ar com suspiros ou sumplicas, mas a cada dia, na presença desse inusitado grupo, ele se pegava revendo seus conceitos. Suspirar parece tirar uma carga de seu temperamento, assim como a suplica por paciência, foi uma ilusão bem vinda de controle.

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⏰ Última atualização: Aug 30 ⏰

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