Notavelmente, a menina é a companhia mais agradável entre suas opções mais recentes. Ela dorme todo o tempo, não lhe força a diálogos inúteis, ou perambula em busca de qualquer coisa para fazer, desde limpar o último grão de poeira a tentar jogar um jogo velho de tabuleiro encontrado entre os pertences de quem quer que morasse ali antes - esses jogos nunca acabavam harmonicamente, nenhum dos onis eram um bom perdedor ou vencedor, enquanto que o menino era bondoso demais, ao ponto de mais frustrar aqueles que tentavam o provocar que os apaziguar.
Eles viajaram por mais de um mês, suas estadias nunca passavam de três dias e até o fim daquele mês, o menino havia conhecido mais cidades, casas decrépitas e cavernas que em toda sua vida até então. Com a irmã ainda adormecida, por mais que o menino nunca tenha reclamado, a situação em que se encontravam o estava cansando, o que não contribuia em nada para as sessões de treino, foi apenas por isso, nada mais, que levou Kokushibo a fixar uma residência. A cabana nas montanhas deixou o menino disperso inicialmente, sua mente sempre distante, como Akaza, parecendo ver algo que não estava realmente lá, felizmente, o menino era resiliente o bastante para logo se concentrar em algo mais. O que o levava a sua atua situação de descontentamento, Akaza e Tanjiro eram donas de casa, que piada, se não estavam treinando, ambos se encontravam limpando, cozinhando ou costurando, o que tendia a perturbar com os ruídos constantes e toda a movimentação.
O comportamento de Tanjiro era esperado, ele foi basicamente o mesmo durante o tempo que esteve sob sua tutela. Akaza, por outro lado, continuava o surpreendendo, ele não esperou que o oni de temperamento forte e sempre pronto para uma luta, pudesse se distrair com atividades tão mudanas. Aparentemente, lembrar, mudou a personalidade e parte do comportamento do outro oni, ainda que muito continuasse o mesmo, em seus confrontos o mais jovem era bastante violento, enquanto sua linguagem se tornando mais colorida e seu respeito pela autoridade passada de suas posições, assim como os kanjis, pareceu sumir.
O laço ainda continuava muito presente, para sua infelicidade, o que o deixava muito ciente de como, ainda que Akaza viesse passando uma imagem de conformidade, em seu íntimo, ele estava uma bagunça lamentável. Em muitos momentos, Kokushibo sentia algo que não era seu, uma tristeza tão crua, parecia um golpe físico, apertando seu peito, trazendo uma coceira desconfortável a sua garganta e olhos, era quando aquilo se tornava demais que ele puxava Akaza para a floresta, o mais longe possível da cabana, antes de sacar sua espada e o forçar em um confronto, só assim, o sentimento absurdo era sufocado, ainda lá, mas encoberto pela emoção de se perder na adrenalina dos movimentos da batalha, na dor passageira dos cortes, na mente centrada unicamente no próximo passo.
Então houve outro inconveniente, levou um tempo para ele se dar conta, afinal a fome era algo inerente de ser um demônio, sempre ali, presente e corrosiva, contudo, logo essa fome se tornou demais, há muito essa era uma parte dele com a qual ele aprendeu a lidar, não deveria ser assim, tão presente que se fazia difícil se concentrar. Foi após alguma deliberação que ele compreendeu, a fome que sentia não era apenas a sua, ele estava acostumado com os sentimentos passando pelo laço, nunca a fome, o porquê disso mudar, Kokushibo logo entendeu. Depois de alguns dias de observação, não foi difícil notar, durante todos aqueles dias, por quase dois meses, Akaza nunca saiu, não para mais longe que escapasse aos seus sentidos, o que afirmava suas suspeitas. Akaza não estava caçando ou se alimentando, a fome que Kokushibo sentia não era apenas a dele, depois de tanto tempo, com a fome tão intensa, com o consentimento da outra parte ou não, essa sensação se arrastou pela ligação o que era inaceitável, por um par de razões.
Deixando o menino com seu treino, tendo em vista sua capacidade de prosseguir sem orientação imediata. Kokushibo concentrou sua atenção naquele que distraidamente jogava pedrinhas no lago que apenas começava a descongelar, sempre ciente do perigo que o rodeava, Akaza virou-se assim que sentiu seu olhar.
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Antes e Depois (Hiatus)
FanfictionKokushibo morreu e assim permaneceu. Até que não foi. Ele acorda anos antes, ainda um oni, mas com todas suas memórias do que aconteceu e aconteceria. Isso muda algo?