Luas caidas

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A chegada de Akaza lhe surpreende, há muito em sua mente, é como lutar contra um gigante. Quando o outro oni avança, ele pensa não ter sido o suficiência, sua sorte parecia ter findado, suas preocupações foram em vão, suas escolhas passadas continuariam a ser seu cárcere. Então, Akaza o segura, luta contra aquele aperto que não é realmente seu, suas palavras grosseiras pela primeira vez é um alento. Ainda não estava perdido, ele devia continuar, a lutar, a resistir.

Quando Akaza cai, ele sabe, ele ouviu, como se tivesse sido em seu próprio ser, o romper, as amarras que se vão. Muzan está furioso, seus esforços parecem redobrar, o progenitor não deixará outro escapar também.

O rosto do menino é vermelho, seu coração parece trovejante. Ele vai o matar, o último traça de seu irmão iria se perder por sua causa. Ele não pode, ele não irá permitir, não é uma opção. Lembranças passam por sua mente, memórias de muito tempo, há rostos que se foram, palavras esquecidas, emoções perdidas. Yoriichi, como da primeira vez, ainda é alguém que ele não consegue esquecer, uma fixação que ele não entendeu ou entendia completamente. Kokushibo quis o superar, para então entender que queria ser como ele, agora, ele sabe que nunca será, é um alívio que essa constatação já não o atormente.

O menino cai arfante quando ele o solta, o sangue fervente continua a correr por seus olhos, enchendo sua boca, martelando em seus ouvidos. Não, ele não mataria o legado de seu irmão, não ainda, não agora, não quando essa não era um escolha sua. Muzan já não era seu mestre, não mais.

- Levante, pegue sua irmã, precisamos sair.- Sua voz é rouca, incomum. Falar, faz o sangue correr por entre seus lábios.

As células convulsiona, sua visão nada por um instante. Akaza ainda está inutilmente no chão, esse tempo que eles têm não existe. Muzan não demoraria mais em vim a eles, se eles os achasse, não há esperança de escape. Leva muito de si para que ele também não caia, sangue corre por seus ouvidos, seu corpo todo é tenso, como se prestes a explodir.

Ele tateia em sua mente, para o laço corrosivo, ele não o solta, ele não pode permanecer ali.

"Puxe. Você pode fazer isso Michikatsu."

Essa é uma voz que ele não houve há muito tempo, uma que ele não esqueceu. Ele não sabe se é uma lembrança, mas deve ser, pois ele já se foi. Ainda que estivesse ali, Kokushibo sabe que ele não o apoiaria, não depois de tudo, não como tudo terminou entre eles.

Tanjiro o fita como um veado, seus grandes olhos arregalados, atônitos, ainda arfante. Está demorando muito, ele não corteja a morte, nunca o fez.

- Vá!- Ele rosna.

O menino segue seu comando, olhando para o sangue que pinta sua face, enquanto determinação o faz apertar os punhos e correr para a mansão, para a irmã. Ao mesmo tempo, Akaza pisca, os olhos brilhantes de lágrimas, emoções que transbordam como uma mare mesmo através do elo. Kokushibo não liga para sua dor, não agora, quando aquilo terminasse, ele não iria impedir o outro oni de sofrer, de se entregar ao seu luto, seria hipocrisia de sua parte tentar o contrário.

- Pegue Tanjiro e sua irmão, eu ainda estou ligado, vocês têm que sair, já! Se você ficar, ele matará a todos, não seja estúpido.- Cada palavra custa, o sangue pinga de seu queixo, que imagem patética ele devia fazer agora.

Pela primeira vez, Akaza não o questiona, ele apenas se ergue, ignorando o tremor de seus músculos ainda se curando, para desaparecer na mesma direção que Tanjiro. Essa preocupação a menos é um alento, seu foco volta totalmente ao seu agarre, a cabo de guerra que ele puxa tão ferozmente.

"Você consegue Michikatsu."

Há aquela voz novamente. É claro que ele conseguirá e aquele já não é seu nome, ele quer rosnar, Yoriichi sempre despertou o pior de seu temperamento, propositalmente ou não, mas sua garganta mal traga ar o suficiente agora, assim ele não diz nada. Parece uma eternidade, mas poucos segundos se passam realmente. O rompimento do elo ecoa em seu ser, agora há apenas um, mas esse é bem vindo, esse é aquele que lhe dá uma direção, então ele parte, rápido, para longe daquela mansão, para garantir que Muzan não irá os encontrar, isso seria mais tarde, sobre seus próprios termos.

Antes e Depois (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora