Saí correndo da sala ao perceber que Pedro não ousaria me desafiar. Quase caí no corredor, minhas pernas ficaram bambas e precisei de algum tempo até regular as batidas descompassadas de meu coração. Temi que ele me denunciasse; no fim não houve nenhum problema. Avisei um funcionário que o convidado da Sala 8 tinha se machucado por estar muito bêbado e consegui escapar de qualquer punição.
Quando estava me dirigindo à cozinha, acabei encontrando meu tio. Ele parecia inquieto, provavelmente sabia do erro que cometi. Atropelei todas as palavras e recontei o ocorrido a ele. Para minha surpresa, sua preocupação não era sobre o incidente que relatei. Colocou as mãos na cintura e me averiguou da cabeça aos pés, dizendo:
— Ana, já que você arranjou essa confusão na Sala 8, preciso que me ajude com um problema. – Assenti. Faria qualquer coisa para recompensar. — Temos VIPs muito especiais hoje e preciso de alguém que os sirva durante toda a noite.
— Sr. Santos, cuidarei muito bem deles. – Sorri sabendo da importância dessa tarefa, uma vez que meu tio nunca brincava com serviço.
Ele sorriu e foi embora após me dar instruções: os convidados estavam na Sala 13, eram dois homens novos e muito educados, cheios de dinheiro e que, se eu soubesse servir corretamente, pagariam o triplo do que eu recebia somando todas as noites de trabalho da semana. Fiquei animada, provavelmente eram cavalheiros já que meu próprio tio me indicou para ser a garçonete deles.
Respirei aliviada. As palavras de Pedro finalmente não me atormentavam mais. Prostitutas? De onde ele tirou tamanha maldade. Aqui todas as garotas se empenhavam para servir bem os clientes, mas nada no sentido sexual. Esse tipo de exploração ia contra os princípios de minha família. Sorri animada enquanto caminhava para a Sala 13. Para falar a verdade, nunca entrei no local. Corriam rumores de que o cômodo possuía donos, talvez eu tenha o prazer de conhecê-los.
Era a última porta do corredor. Pensei em bater e lembrei que não dá para ouvir o toque lá de dentro, uma vez que a sala tem sua própria acústica. Resolvi entrar pedindo licença, contudo minha voz falhou. Eu não estava preparada para o show a minha frente. O quê?? Dois caras gostosos estavam se pegando!!!
A luz da sala era apenas penumbra, o que não me impedia de ver o contorno dos corpos esculturais se tocando no sofá. Um dos homens estava deitado, com a camisa aberta e amarrotada. Ele curvava o corpo para trás toda vez que seu parceiro descia a mão sobre seus membros latejantes. Digo no plural, pois o que estava sentado, tinha a calça abaixada e pressionava seu pênis contra o membro do outro. Juntando a mão esquerda à direita, intensificou o aperto em seus órgãos, aumentando o ritmo do movimento para cima e para baixo.
Cobri a boca para não emitir som, estava envolvida na cena. O jeito que o cara deitado gemia e o outro sorria de lado, era tudo tão hipnotizante... Não demorou muito para que ambos gozassem, selando o ato com um delicado roçar de lábios quando o de cabelo comprido se curvou para seu amado. Só então percebi que eu segurava minha respiração. Definitivamente eu precisava sair dali sem ser vista.
— Onde pensa que vai? – Ouvi um dos homens falar quando virei para a porta a fim de fugir.
— Vocês estão ocupados, retornarei mais tarde. – Respondi sem encará-los.
— Não seja boba, você parece ter gostado de nossa ceninha. – Escutei o outro rir. — Não se faça de difícil e tire logo a roupa. O que fizemos foi só um aquecimento.
— Como? – Olhei indignada para eles. — Por que todo mundo acha que sou prostituta? Sr. Santos me mandou aqui para ser garçonete.
— Ah, pequena, você é tão inocente assim?? – O homem de cabelo comprido se aproximou de mim.
— Sinto informar, mas houve algum mal entendido. – Dei uns passos para trás, batendo as costas na porta.
— Você que não entendeu bem. Você está aqui para nos servir. – Ele falou arrastado o final da frase, colocando as mãos na porta, encurralando meu corpo.
Fiquei de cabeça baixa, tentando compreender tudo que estava ocorrendo. Ele perguntou se eu era sobrinha do Sr. Santos. Fiquei surpresa por ele conhecer meu segredo e acabei fitando-o nos olhos.
— Professor Miguel? – Não acreditei quando constatei que aquela figura seminua, fazendo insinuações descabidas, era meu professor da universidade.
— Senhorita Reyes? – O homem sentado no sofá se pronunciou ao acender melhor a luz. Quando se aproximou pude perceber que era o Professor Lucca, outro docente de Medicina. Que merda está acontecendo aqui?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Leite Proibido [HIATUS]
RomanceAna tem 21 anos e acabou de trancar a faculdade de medicina. Há pouco tempo ficou quase órfã, já que seu pai cometeu suicídio e sua mãe acabou entrando em coma após presenciar todo o crime. Precisando desesperadamente de dinheiro, acaba aceitando o...