Passei a tarde entregando folhetos numa praça. Seu Vicente me recebeu contente, animado por me ver de volta ao trabalho. Antes de ser garçonete na boate, peguei vários bicos com ele, chegando a ser sua melhor funcionária. Até vendas de porta em porta fiz.
Seu Vicente conhecia minha situação, na época cheia de dívidas dos meus pais. Passou para mim todos os tipos de serviços que eu poderia fazer. Já distribuí amostras grátis de produtos em supermercados, fui modelo de propagandas de lojinhas, fiz delivery e muito mais.
O restaurante oferece almoço após eu entregar todos os folhetos. Fico grata, já que minha última refeição foi a que a Jess me deu. Como, feliz em perceber que a comida é realmente boa. Detesto divulgar lugares ou produtos que não possuem qualidade. O lugar pode ser simples, só precisa entregar o que promete.
Aproveito o momento de calmaria para pensar em alguma estratégia para o futuro. Embora o quarto de hospital de minha mãe esteja pago por mais 2 meses, não posso ficar dormindo lá. Isso é proibido e não quero confusão pro lado da Jess. Ainda tenho umas economias, mas não serão suficientes para bancar o hospital por muito tempo.
Raspo tudo que está no prato e agradeço os donos, recebendo o dinheiro do dia. Depois vou até um endereço que Vicente me passou, um parente dele tem uma cafeteria e tinha faltado um garçom. Assumo seu posto, ao menos por hoje. Foi um trabalho parecido com o da boate, exceto com bem menos gorjetas ou velhos tarados.
O café recebe mais jovens, pessoas da minha idade conversando e sorrindo como se não tivessem preocupação no mundo. Eu invejo essa tranquilidade de quem tem tudo e pode reclamar de barriga cheia. Afasto essas ideias e volto a limpar uma mesa recém abandonada. Fico até tarde nesse papel, levando comida, anotando pedido, perdida entre a minha realidade e o sorriso amigo que coloco no rosto para atender os fregueses.
Vou embora com um pouco mais de dinheiro no bolso. Jess está de plantão e me recebe na entrada do hospital. Quase uma da manhã e minha amiga parece animada. Fica ainda mais feliz quando vê o croissant que eu trouxe. Aviso que era sobra da cafeteria, mas ela nem liga. Enfia tudo na boca, me fazendo rir.
Estar com Jess é bom, lembra a época da faculdade quando tudo era simples. Relembramos as noites mal dormidas, embora fizéssemos cursos diferentes, tínhamos algumas matérias em conjunto, as quais nos ajudávamos nos estudos. Ficamos um tempo no quarto privativo, antes dela retornar para sua ronda noturna.
Então, voltei a ficar só com minha mãe. E tudo ficou mais frio e triste. Queria que meu amor por ela pudesse aquecer o quarto e reverter sua situação, mas cá estávamos as duas paradas em um tempo solitário e cruel. Fiz um carinho em sua mão e espantei os pensamentos ruins.
— Eu te amo e vou lhe esperar, ok?
Dou um beijo em sua testa e me afasto, preciso urgente de um banho. Retiro minha mala escondida debaixo da cama e pego o essencial para os próximos minutos. Vou até o andar em reforma, evitando trombar em algum médico casca grossa. Sorte que todos estão ocupados e nem notam minha presença.
Entro no elevador de cabeça baixa e sinto alguém puxar a barra de minha blusa. Olho para trás e encaro surpresa uma menininha careca. Ela sorri para mim, envergonhada. Agacho ao seu lado e pergunto se está perdida. Nega com a cabeça e diz que sou bonita. Sorrio, dizendo que ela é ainda mais linda. Seguro sua mão quando pede a minha, ela me conta sobre seu desenho favorito e as comidas que sente falta.
Ficamos assim alguns minutos, até a porta do elevador abrir e uma moça a chamar, aflita. A menininha soltou minha mão e acenou, antes de correr para a mulher que a esperava com uma expressão brava. Eu suspirei, encantada com a cena da pequena atrevida que não temia o olhar de reprovação da adulta ao seu lado.
Suspirei, buscando a coragem daquela pequena dentro de mim. Entrei no corredor em reforma e na salinha de descanso. As luzes estavam apagadas e eu deixo assim. Vejo as 3 beliches, mas passo reto para a portinha ao fundo onde ficam os chuveiros. Tiro a roupa e entro debaixo d'água.
A temperatura quente arrepia minha pele. Sinto as gotas descerem pelo meu pescoço, aliviando a tensão acumulada. Aprecio o momento de olhos fechados, centrada no movimento da água, do shampoo que escorre pelo meu corpo. Começo a ensaboar minhas curvas, desejando um toque mais firme, mais fundo.
Não resisto e me agacho no box, abrindo as pernas. Encosto a cabeça na parede, curvando-a para frente. Fecho os olhos e prendo a respiração. Solto o ar lentamente, posicionando um dedo em meu clitóris. Faço um movimento delicado de ir e vir, provocando uma fricção gostosa.
Levo dois dedos até a boca e os umedeço, logo retornando para o vão entre minhas coxas. Encosto a bochecha na parede fria, empurrando meu rosto contra a superfície dura. Aumento a velocidade da mão direta, tornando mais intenso o toque em meu clitóris.
Sinto as pontas dos pés doerem pela posição incômoda, mas ignoro completamente. Abafo um gemido ao apertar o bico do peito com a mão livre. Torço a pontinha, permitindo que um pouco de leite vase. Aperto mais forte, torturando meu clitóris com dedadas repetidas e circulares.
A água quente, o clitóris macio e o gemido mudo. Derramo uma lágrima de alívio, intensificando a velocidade dos dedos. Sinto outro toque e vejo mãos masculinas avançarem sobre mim. Mordo o canto da boca, presa naquela maldita cena da sala 13. Aqueles dois me encarando, aquelas mãos se dando prazer.
Abro os olhos ao atingir o orgasmo. Que merda havia acontecido? Há dias que não me permitia sentir prazer, mas isso não justificava pensar nos dois em uma hora tão íntima. Finalizo o banho, tentando limpar os pensamentos impuros. Foi bom poder me tocar e esquecer dos problemas, mas a verdade é que ainda me sentia vazia.
Coloco uma roupa confortável, espirro um pouco de perfume e saio do banheiro. Deito na cama no canto mais escuro da salinha de descanso, quero só acordar amanhã. Reviro de um lado para o outro, mas um incômodo no peito não me deixa dormir.
Esqueci de bombear o leite. Volto ao banheiro e pego as coisas que havia deixado lá. Fico grata por ter escolhido uma máquina bem silenciosa, então seu barulhinho vai me embalando mais ainda para o sono. Decido secar um pouco mais o cabelo. Duas garrafinhas e meia depois, posso limpar tudo e deitar.
Guardo com cuidado as garrafinhas na nécessaire e desisto dos fios de cabelo ainda molhados. Abraço meus pertences e retorno pra cama, pronta para ter os objetos como companhia. O quarto está escuro demais para me enxergarem na última cama, garantia de um sono tranquilo. Deito sem fazer barulho, ajeitando meu corpo por cima dos lençol.
— Ahhhhh!!!!! - Minhas costas tocam algo duro e quente.
Viro para trás e dou um pulo de susto. Havia batido no corpo do professor Lucca. Como? O que...? Não perdi tempo, pedi desculpas e saí correndo da salinha. Depois me tomaria de dúvidas, mas agora só queria me esconder no elevador e foi o que eu fiz.
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Leite Proibido [HIATUS]
RomanceAna tem 21 anos e acabou de trancar a faculdade de medicina. Há pouco tempo ficou quase órfã, já que seu pai cometeu suicídio e sua mãe acabou entrando em coma após presenciar todo o crime. Precisando desesperadamente de dinheiro, acaba aceitando o...