Ana Reyes:Tive que reunir toda a coragem para responder à insinuação de Miguel. Sim, eu poderia ganhar bastante dinheiro trabalhando na boate de meu tio. Eu sei que se voltasse ele seria capaz até de leiloar a minha virgindade por um alto preço, mas… Eu jamais permitirei isso!
Pego minha mala, pronta para ir embora. Preciso do emprego, contudo não estou com disposição para aturar comentários incovenientes. Na verdade, toda essa situação é estranha. Quando vi os dois professores e entendi que precisaria morar com eles, tive certeza que não ia dar certo.
A dona Olívia parece ser ótima, uma mulher que eu adoraria conhecer, não só pela relação com a minha tia, como, também, pelo seu jeito carinhoso. Só que meus encontros com seus filhos não têm sido tão alegres, digamos assim… eles são casados? Na faculdade algumas pessoas especulavam que eles eram irmãos por terem o mesmo sobrenome.
Hoje compreendo que a relação deles é bem especial, já que têm até uma filha. Tudo isso me causa mais incerteza sobre o trabalho. Como ficam calados, acredito que não precisam de mim como babá. Curvo a cabeça em agradecimento por terem me recebido na casa e puxo a minha mala em direção à saída. Quando vou alcançar a porta, ouvimos um choro.
— Só um minuto, Ana. Parece que nossa bebê acordou com fome.
Lucca me explica, pedindo para que eu fique mais um pouco. Vejo que o semblante dele e de Miguel mudam completamente quando o assunto é a filha. Miguel vai até a geladeira e informa a falta de leite. Troca algumas palavras com Lucca, antes de sumir no corredor. Parece que ficaram sem leite para alimentar a criança.— Talvez eu possa ajudar. - Falo, chamando a atenção de Lucca. Por que eu disse isso??
Miguel aparece segurando um bebê com uma roupinha roxa. A menina se remexe em seu colo, chorando forte. Estou atraída para sua pequena figura, tão frágil e linda, berrando seu desejo por leite. Estendo os braços e espero me permitirem abraçá-la.
— Como você fala alto, mocinha. - Começo a conversar com a bebê em meus braços, chamando sua atenção. — Nós entendemos que você quer mamar, será que eu posso ter a honra de lhe alimentar?
Desfaço o laço do vestido e liberto o seio mais pesado, certa de que saciará a pequenina. Primeiro ela toca, deixando vazar um pouco do líquido. Quando percebe o que é, abocanha com vontade, sugando sem parar. Sorrio, feliz por ela não ter recusado meu peito. Mexo o corpo num balanço tímido, tentando passar conforto para Larinha.
A bebê parece entender meu recado, pois mama mais devagar. Não se preocupe, vou lhe alimentar sempre que precisar. Prometo em pensamento, presa nesse momento mágico e inesperado. Quando levanto a cabeça, volto para a realidade: Miguel e Lucca estavam bem próximos, tentando evitar encarar a filha mamando.
— Por acaso você teve um filho quando largou a faculdade? Por isso precisa de dinheiro e produz leite? - Miguel sussura, não conseguindo ficar quieto (novamente).
— A questão não é essa, agora. - Lucca rebate, logo virando para mim: - O que quero saber é o motivo para nossa filha estar mamando em você.
— Porque vocês estavam sem leite e eu quis ajudar? - Respondo baixinho, tentando não perturbar a bebê, por mais confusa que eu esteja.
— Você não fez nada de errado, Ana. O que quero dizer é que a Lara é difícil para se alimentar. Tentamos dar fórmula, achar outras mães recentes, porém o único leite que ela aceita vem do hospital.
— Há uma doadora anônima que sempre abastece o nosso estoque. - Olho desconfiada para Miguel. Eles pegam o leite do hospital? - Desde que nasceu, nossa filha só toma o leite dessa mulher, não sabemos o motivo.
— Talvez seja a mãe biológica dela? - Arrisquei um palpite.— Não. - Lucca respondeu, sério. — A mãe dela era uma adolescente órfã que morreu no parto, nunca nem deu de mamar para a criança.
— Lara de Jesus, correto? - Os dois olham para mim, surpresos. — Uns seis meses atrás eu fui doar leite para o hospital, como sempre faço. Pediram para que eu desse o primeiro mamá a uma recém nascida. Ouvi as enfermeiras dizerem que a mãe era muito nova e que não tinha resistido ao parto.
Vejo que os dois homens à minha frente sabem a quem me refiro. Lucca concorda com a cabeça, dizendo que depois conversaremos com calma. Acho que precisaremos esclarecer muitas coisas, porém nada parece importante no momento. Ficamos os três sentados no sofá, esperando Lara pegar no sono. Algum tempinho depois, sua boca para de se movimentar, ainda colada em meu seio.
— Já volto. - Miguel pega delicadamente a menina em meus braços, levando-a para o quarto. Antes de entrar no corredor, Lucca beija sua cabecinha, desejando bons sonhos para a filha.
A cena é bem fofa e íntima, o que aquece meu coração. Realmente eles parecem ser uma família feliz, mesmo não sendo nos padrões que imaginei. Agora as informações que minha tia passou fazem mais sentido. O casal precisa de babá, pois ambos são médicos com horários irregulares de trabalho. De alguma forma, estou mais aliviada ao compreender isso.
— Ana. - Lucca me chama e percebo que não estamos mais sozinhos. — Acho que eu, você e o Miguel precisamos esclarecer algumas coisas. Mesmo não tendo sido ideia nossa, parece que a sua vinda para cá será muito benéfica para a Lara.
— Concordo com o Lucca. - Miguel mexe no cabelo, evitando me encarar. — Só acho bom você arrumar o vestido antes de termos essa conversa séria.
Olho para baixo e percebo que meu decote está bem aberto, quase mostrando o seio. Ana, você não dá uma dentro!
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Leite Proibido [HIATUS]
RomanceAna tem 21 anos e acabou de trancar a faculdade de medicina. Há pouco tempo ficou quase órfã, já que seu pai cometeu suicídio e sua mãe acabou entrando em coma após presenciar todo o crime. Precisando desesperadamente de dinheiro, acaba aceitando o...