Cariocas

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Capítulo dois

A passagem pela Avenida Brasil me fez mudar um pouco os meus conceitos. Aquela vista para o mar, cheia de barcos cargueiros, era muito surreal. Conforme nosso carro adentrava o Rio de Janeiro, cada vez mais eu percebia o porquê de as pessoas serem tão cheias de si. Morar em um lugar desses deve levantar muito o ego de qualquer um. Pela janela, eu via aquela imensidão de águas, com embarcações e o contraste com o sol. Era a coisa mais linda de se ver, por sinal.

A cidade era realmente linda, o bairro era ótimo e as pessoas até que não eram feias, como eu havia imaginado. Posso até dizer que já estou me conformando em estar aqui. O que, na minha opinião, era um enorme passo.

Aquela cidade era o meu novo lar. Era onde eu passaria parte da minha vida, uma cidade que não era cinza e fria. Pelo contrário, era quente até demais.

Assim que o carro foi adentrando os bairros, eu fui notando as diferenças culturais de um estado para o outro.

Era gritante a diferença.

Quase como se estivéssemos em outro país. O Brasil realmente tem dessas e é algo de se impressionar.

O nosso novo lar era um apartamento enorme, já todo mobiliado e decorado de acordo com o gosto dos meus pais. O trabalho era somente de desfazer as malas e guardar as roupas.

E depois de ter chegado, desfeito as malas e arrumado tudo, meus pais insistiram que eu e Alan fôssemos dar uma volta para conhecermos a cidade:

— Vão dar uma volta por aí  Ele disse, com um sorriso no rosto.  Eu até emprestaria o carro, mas é uma cidade nova e eu não quero que aconteça nenhum imprevisto com vocês.


— O senhor nunca empresta o carro, pai, isso é um fato.  respondi, sorrindo.

— Essa realmente não é a questão, Pietra. O dia está lindo e você precisa aproveitá-lo.

— Eu concordo!  Exclamou Alan. —  Soube que os cariocas são bem receptivos. Podemos até achar uma festinha por aí.


— É esse o espírito.

— Não é estranho meu pai querer tanto que a gente saia?  Perguntei, olhando para Alan, enquanto apontava para o meu pai.


— Se você não entendeu, eu quero estrear a casa nova com a sua mãe.  O coroa respondeu.

Me poupe, pai... que nojo.

— Como se você não transasse.  Ele disse.

— Pai?! O encarei, envergonhada.

— Ok, não está mais aqui quem falou. Estou indo para a cozinha, tchau.

O nosso novo apartamento era bem perto da praia, então decidimos ir a Copacabana. Mas eu não tinha ideia do que vestir para aquela tipo de ocasião:

— Que tipo de roupa a galera daqui costuma usar para ir à praia?

— Short, biquíni e chinelo.  Ele respondeu, com um sorrisinho no rosto, sabendo da minha reação.

— Nem a pau que eu vou sair assim de chinelo, para o meu pé ficar sujo. Nem a pau.

— Tu vais de tênis e vai encher ele de areia.  Alan riu, balançando a cabeça.

— Eu realmente não me sinto confortável com um chinelo, mas é isso. Já vou me trocar.

— Então vamos logo.

— Qual é a tua pressa, Alan?

— Ah, você sabe, quero ver se por aqui as meninas são mais... não sei, mais gatas. Eu já até instalei o Tinder no meu celular.  Disse ele, colocando óculos escuros no rosto.

— Você mal chegou, garoto. E também acabou de sair de um relacionamento. Dê-se um tempo. - respondi, dando um esporro nele.

— Sabe o que dizem por aí? Para se curar um amor é preciso de um novo.

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