Hellen

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Capítulo dezesseis

Naquele momento, tudo pareceu fazer sentido. Eu só conseguia pensar em como ele teria sido capaz de sumir com ela, se ela estava bem, o que ele havia feito com minha namorada, em encontrar aquele cara e botá-lo na cadeia.
Andrea e o policial olharam para mim, assim que eu disse que conhecia aquele rosto. Era impossível esquecer dele. Foi o dia em que vi Stefanni pela primeira vez. Eu não conseguia esquecer a expressão nojenta dele ao olhar para ela, e depois, o ódio em seus olhos. Na hora, eu tinha achado estranho, mas nada me levaria a pensar que eu poderia ver ele alguma outra vez, ou que suas ameaças eram verdadeiras. Eu sabia, agora, que não eram simples blefes.

- Pietra - disse um investigador - estamos atrás de suspeitos e precisaremos te chamar, assim que for necessário o reconhecimento de cada um deles.

Concordei e fui liberada. Voltei para a minha casa.
Eu estava com muita raiva. Quem ele pensava que era? Aquela era a minha namorada e eu ia encontrá-la. Ele iria apodrecer na prisão, era só nisso que eu conseguia pensar.

Os dias se passaram, a polícia procurando suspeitos e eu aqui, tentando fazer o máximo para ajudar. O que fazer quando a pessoa que você mais ama no mundo some e você não sabe por onde procurar? Eu estava perdida.
Ao todo, foram cinco dias. Cinco longos dias, até alguém vir falar comigo. Cinco longos e dolorosos dias, esperando respostas para um acontecimento que iria me marcar pro resto da vida, sem saber se Stefanni estava viva, mas rezando para que estivesse.
Recebi a ligação em um momento curioso. Eu estava deitada, lendo minhas mensagens com Stefanni. Naquele dia, eu havia tentado procurar o perfil daquele homem na internet, mas era impossível. Eu não tinha informação alguma sobre ele.

*telefone toca*

- Alô? - eu disse.

- Senhora Gusmão? - perguntou uma voz feminina.

- Sim, sou eu.

- Aqui é a Laura Corrêa, investigadora da Polícia Civil. Alguns suspeitos do crime cometido contra a sua amiga...

- Namorada. - eu a interrompi.

- Sim... Namorada. Nós encontramos suspeitos e queremos que você venha e veja se o criminoso está entre eles. - ela respondeu, um pouco nervosa.

- Claro. Chego em alguns minutos. - disse e desliguei.

Rapidamente, saí de casa e fui, mais uma vez, à delegacia. Meu estômago revirava. Eu não sabia como iria reagir se ele estivesse lá, provavelmente ia querer espancá-lo.
Nem por um segundo, eu poderia considerar a hipótese de acusar a pessoa errada. Eu não tinha me esquecido do rosto, minha memória era fotográfica. Ele não teria escapatória.
Nunca vou me esquecer daquela cena na delegacia. Entrei e me identifiquei. Laura veio em minha direção e me explicou que o criminoso deixara muitas brechas para trás, e por isso haviam localizado os suspeitos em pouco tempo. O que, para ela, era pouco tempo, me pareceu uma eternidade. Eu estava nervosa, ela me guiava até uma sala nos fundos do estabelecimento. Os corredores eram movimentados e cheios de investigadores. Chegamos à frente de uma porta branca, da qual Laura me instruiu a abrir. Eu a obedeci e entrei.
A sala estava escura, fria. Dentro, havia um enorme vidro, e do outro lado dele, os suspeitos. Eles estavam sendo fortemente iluminados por luzes no teto. Eu mal havia olhado para todos quando o reconheci. Ele estava bem ali, no canto esquerdo. Sua expressão era de deboche. Ele me olhou, sorriu, e se aproximou da barreira que nos separava. Eu estava indignada e revoltada, encarando ele enquanto meu estômago continuava revirando de nervoso.

- É ele! Bem ali! - apontei.

Vi que ele havia começado a rir. Seu riso era debochante, como se quisesse me provocar, ridicularizar.

- Prendam-no! - Laura ordenou.

Quatro policiais foram em sua direção e o algemaram. Ele não lutou contra eles. Eles o trouxeram para a sala onde eu estava.

- Rodrigo Fonseca, você está preso por sequestro. - Laura disse. - Você ficará preso até o dia do interrogatório, precisamos encontrar a vítima.

- ONDE ELA ESTÁ? - gritei. Rodrigo riu.

- Com a sua amiguinha, Hellen, em um lugar bem legal. - ele disse, ainda rindo.

- O quê? A Hellen? Como você conhece ela?

- Acho que talvez você devesse se perguntar o por quê de ela ter te conhecido.

Os policiais começaram a levá-lo embora. Mais uma vez, eu não podia acreditar. Eu tremia e chorava de raiva. A única coisa que eu queria fazer era socar o criminoso até que ele falasse tudo. Uma coisa, porém, era verdade: Hellen era uma garota muito estranha, e eu tinha que achá-la, mesmo não confiando em Rodrigo.

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