Volta Redonda

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Capítulo dezessete

Ainda não havia caído a ficha de tudo que eu acabara de descobrir. Os policiais já haviam levado Rodrigo daquela sala, e eu permaneci lá, chorando e em choque.
Lembro-me apenas de ter sido consolada por Laura, a investigadora, e de ter sido levada para casa por ela. Não trocamos palavra alguma até chegarmos à porta do meu apartamento.

- Pietra... Por mais que você esteja em choque, nós precisamos encontrar Hellen o mais rápido possível. O que você sabe sobre ela? - Laura perguntou

Então, comecei a contar para ela a história do dia em que conheci Hellen.

- Bom... E aí, eu e Steffani adormecemos naquele lugar lindo, depois daquela surpresa romântica, e fomos acordadas por uma garota. Ela disse que dormir ali era perigoso. Essa garota era a Hellen. Depois daquele dia, ela começou a se aproximar de mim e viramos amigas. A última vez que eu vi ela foi logo depois de Stef ter desaparecido, na minha faculdade. Ela estava estranha, disse que ia viajar e foi embora antes mesmo das aulas começarem. Não ouvi dela desde então. Ela até apagou seu perfil no Facebook. - contei.

- Você por acaso consegue se lembrar do sobrenome dela ou do nome da mãe?

- Sobrenome... Que eu me lembre, é Hellen Nogueira. Não sei o nome da mãe. Eu tenho o número dela! - respondi e passei o número.

- Isso é o bastante para conseguirmos contactar um familiar dela ainda hoje. Obrigada, Pietra. - ela me passou um papel com um número - Qualquer coisa, você pode me ligar. Você será de muita ajuda neste caso. Vamos encontrar Hellen e te levarei até ela. - Laura disse e se despediu.

Ela se foi e eu tranquei a porta. Não havia ninguém em casa. A raiva me consumiu e comecei a chorar ainda mais. Eu me sentia traída. Assim que a polícia encontrasse Hellen e Laura me levasse para onde ela estivesse, eu iria sentir uma vontade fatal de bater nela até a desfigurar. Eu sabia disso.
Me sentei e senti algo frio em meu pescoço. Era nosso colar, meu e de Steffanni. Ela havia me dado quando começamos a namorar. O pingente era metade de um coração, a outra metade estava com ela. Eu olhei e senti a amargura de toda aquela situação. Ter ela ali, do meu lado, era o que eu mais queria naquele momento. Me vi implorando pra Deus ou quem quer que seja, que a fizesse aparecer bem ali, no meu sofá, me abraçando.
Caí ali mesmo, naquele sofá, e comecei a me lembrar de todos os momentos que passei ao lado dela. Eu nunca havia sentido nada parecido por uma pessoa em toda a minha vida. Era puro, era sincero, era completo, era nosso. Chorei até não conseguir mais chorar e acho que devo ter adormecido, porque quando olhei em volta, estava tudo escuro e minha mãe estava me acordando, me chamando para jantar. Eu estava coberta com um edredom e havia um travesseiro debaixo de minha cabeça.
Levantei, cambaleante. Minha mãe me abraçou.

- Filha... Eu quero te ajudar. Me conte o que você soube hoje. - ela disse.

E eu contei. Contei cada detalhe do que eu estava sentindo, do que eu havia visto na delegacia, de tudo que eu sabia. Isso tudo durou em torno de uma hora. Eu chorava e chorava, e minha mãe só ouvia.
Depois disso, ela me abraçou mais uma vez e disse que tudo se resolveria. Agradeci, não havia aberto meu coração sobre aquilo com ninguém ainda. Minha mãe disse tudo o que eu precisava ouvir, e fomos comer.
Alan e meu pai já estavam sentados à mesa. Ninguém ligou a televisão, diferente do que geralmente acontece. Agradeci por aquilo também.
Algumas horas após o jantar, em torno das 23h, recebi uma ligação.

- Pietra?

- Sim. Quem é? - perguntei.

- Aqui é a Laura. Por incrível que pareça, já conseguimos contactar a mãe da Hellen. Parece que sua filha sumiu faz dias. Ela disse que estava indo para Volta Redonda, ficar na casa da tia dela, mas não entra em contato com a mãe desde que partiu. - Laura disse, quase eufórica.

- O quê? Quando vamos para Volta Redonda?

- Nós vamos hoje, agora. Pela manhã, procuraremos Hellen. Não podemos chegar lá de dia. Temos que ser cautelosos, ou ela pode tentar fugir. Você tem certeza de que quer vir? Pode ser perigoso. - ela perguntou.

- Sim! Eu quero. - respondi.

- Tudo bem. Estamos indo agora. Prepare uma mochila, não sei quanto tempo vamos passar lá. Pegue apenas o essencial. Chegaremos em meia hora! - ela disse e desligou.

- O-ok... - não tive tempo de responder.

Chamei minha mãe, que ainda estava acordada, e expliquei toda a situação enquanto eu arrumava uma mochila com algumas mudas de roupa, um notebook e um caderno com minhas anotações. Mal fiquei pronta, e Laura já tocara o interfone.

- Venha, Pietra! Temos que ser rápidos e chegar lá ainda de madrugada. - ela disse.

Me despedi de minha mãe e desci. Entrei no carro da polícia. Ela não estava dirigindo, e sim, o que parecia ser o parceiro dela.

- Agente Marco, prazer. - ele disse e eu me apresentei.

- Olá, Pietra. Estamos indo direto para Volta Redonda. Você pode dormir no caminho, se quiser. Ficaremos hospedados em uma pousada durante o resto da madrugada. - Laura explicou.

E assim eu o fiz. Eu estava com raiva e ansiosa, mas queria estar com energia quando chegasse a hora de olhar nos olhos de Hellen outra vez. Peguei meu celular, meu fone de ouvido e comecei a ouvir música. Logo adormeci. Dormi o caminho inteiro.

Eu sabia que estava mais perto de descobrir onde minha namorada estava, e eu me enchi de determinação. Quando chegamos, saí do carro e enchi o pulmão de ar.

- Vamos encontrar a Hellen. - eu disse e entramos na pousada.

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