Capítulo 5 - Esquiva

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A sala de estar estava repleta de risos, conversas e perfumes.

- Querem bebida? - ouvi meu irmão perguntar educadamente.

Eu não ouvia a voz de Kim, mas podia sentir o mesmo perfume que senti no jardim a um mês atrás.

- Esse é Porchay - meu irmão me apresentou, chegando mais perto das visitas. - Meu irmão, e minha única família.

- Oh! - ouvi uma exclamação masculina. Tankhun, conclui, sorrindo. Eu usava os óculos escuros, por isso, ele não podia saber se eu olhava ou não para ele. - Ele é lindo. Kim me falou sobre ele há algum tempo.

Meu sorriso diminuiu.

- Vocês já se encontraram? - Porsche apertou meu ombro levemente. Sua voz era de curiosidade.

- Sim - Não fui eu quem respondeu e sim Kim e sua voz grave. Ele estava perto. - Nos encontramos no jardim, por acaso.

- Entendo... - ouvi meu irmão responder simpaticamente, mas eu sabia que ele estava surpreso - Que bom que já se conhecem. Porchay não tem muitas amigos...

- Porsche. - murmurei sério, tentando não faze-lo falar demais.

- Bem - ele continuou mudando de assunto - Vamos nos sentar.

Porsche, provavelmente já havia levado o Kinn para conhecer o resto da casa, pois não ouvia suas vozes. Só ficaram Kim, Tankhun e eu na sala.

Sentamos-nos.

- Acho que já podemos jantar. - diz Porsche voltando a sala, devia ter levantado, pois houve uma locomoção de voz - Vamos, Porchay, eu te levo.

Estendi minha mão para pegar a de Porsche, mas ao invés da mão macia a qual eu já estava acostumada a receber ajuda, senti que outra menor e um pouco gelada pegou a minha.

- Eu o levo a sala de jantar - Kim se levantou e me ajudou a se levantar.

- Obrigado - murmurei mesmo que sentisse necessidade de ele largar minha mão.

- Peço desculpas pelo meu irmão - ele disse num tom mais baixo, enquanto caminhávamos para a sala de jantar.

- Não creio que seja você quem deva fazer isso - respondi normalmente.

- Tem um degrau aqui.

- Eu sei.

- Meu irmão sabe que você é...

- Cego - completei.

- Exato, mas acho que talvez ele... - percebi que ele tentava arrumar alguma justificativa, sem ter sucesso.

- Não se preocupe. Você não devia estar fazendo isso e eu não me sinto ofendido.

- Você é sempre tão esquivo? - perguntou Kim de repente, parando no meio caminho me fazendo parar também.

- Esquivo? - repeti em tom de voz entediado. - Porque fala isso?

Abri a boca para responder, mas a voz não saiu. Mordi os lábios, contrariado. Garoto idiota! Ele não tinha razão em nada. Claro que não tinha! Mas se ele não tinha, porque eu sentia tanta vontade de chorar naquele momento?

- O que vocês dois estão fazendo aí, parados? - ouvi a voz divertida do meu irmão e um riso alto, logo atrás dele - Porchay, aqui está Kinn, irmão de Kim. Pelo que me parece, já ficaram amigos.

Be My Eyes - KimChayOnde histórias criam vida. Descubra agora