As três semanas seguintes foram a consequência da cirurgia. O processo da cirurgia havia ocorrido bem, mas o doutor continuava a ter dúvidas a respeito do meu caso. Com faixas em volta dos olhos, eu continuava sem poder enxergar e mesmo estando bem, eu teria que permanecer no hospital até tirar as faixas.
Meu irmão dormia comigo quase todos os dias da semana, revezando as vezes com Kim, que quando via que estávamos sozinhos, deitava-se ao meu lado na apertada cama de hospital e segurava minha mão até eu dormir.
Apesar de eu estar internado, as três semanas foram divertidas e cheias de mimos. Todos os dias me traziam flores novas o que deixava o quarto do hospital com um cheiro bom e doce.
Kim quando aparecia a tarde, após as aulas trazia meus doces preferidos e durante uma hora se dedicava a ler para mim um livro ou algo que achava interessante. Também ouvíamos música.
A enfermeira havia avisado de que era proibido. Ele sempre achava um jeito de me divertir e a cada dia, aparecia com algo novo, isso quando não dizia que o meu charme eram as faixas que cobriam metade do meu rosto.
Eu não via a hora de poder ver seu rosto e ver seu sorriso maroto ou as caretas, que ele me disse que vivia fazendo.
Eu e Kim tínhamos um pacto e ele se resumia da seguinte maneira: durante todos os dias que eu ficasse internada no hospital, teríamos que contar um segredo nosso um para o outro.
Podia ser qualquer segredo, pois o importante mesmo era nos conhecermos melhor.
Os segredos de Kim me faziam rir ou querer bater nele quando envolvia garotos.
- Você não pode me bater – ele disse quando falou que já havia beijado um professor no fundamental – Não faz parte do pacto.
- Safado! – Eu exclamei com os cantos da boca tremendo com vontade de rir.
As três semanas se passaram assim, lentas, divertidas e cheias de expectativas para todos os lados, mas em uma terça-feira após me examinar, o doutor disse que estava na hora de tirar as faixas.
Quando recebi a notícia eu não conseguia dizer nada. E se não houvesse dado certo? E se eu continuasse cego? Mordi os lábios lembrando que eu sabia quais eram os ricos e as probabilidades... Eu sabia o que eu estava fazendo.
- Você vai querer esperar seus familiares chegarem? – ele perguntou vendo que eu não me pronunciava.
Eu estava sozinho. Porsche havia saído para almoçar com Kinn e logo Ryujin chegaria do colégio.
- Sim, eu quero esperar - murmurei respirando fundo – Eu vou esperar.
- Certo – o doutor concordou – Então, quando eles chegarem, aperte a campainha e chame uma enfermeira. Ela irá me chamar e eu voltarei aqui para tirar as faixas... Está ansioso?
Acho que ansioso não era a palavra certa, pensei, sentindo o coração rápido e as mãos tremerem. Eu parecia ter borboletas na barriga.
- Nervoso – eu corrigi tentando sorrir. – Nervoso seria a palavra certa.
O médico riu e se despediu de mim falando que voltaria mais tarde.
Eu me sentia nervoso. Eu esperei tanto por esse momento que... Que esqueci de me preparar para ele.
- Meus Deus! – exclamei com um sorriso misturado com incredulidade.
- Chay! – a voz de Kim invadiu o pequeno cômodo – Tenho um presente para você hoje.
- E eu tenho algo para falar...
- Primeiro meu presente – ele disse se aproximando e me dando um beijo rápido nos lábios.
- O que é? – perguntei sorrindo, ainda nervoso, sentindo ela pegar uma de minhas mãos.
- Sinta – ele murmurou colocando algo gelado sobre minha mão. Eu fechei a mão, sentindo algo circular apertar a pele sensível da palma.
- Eu não acredito – murmurei balançando a cabeça emocionada – Kim... São dois anéis. Alianças.
- Exatamente – ele concordou me pegando pela cintura e me rodopiando no ar – Agora temos aliança de compromisso.
Ele riu e eu o abracei com força quando ele me depositou no chão. Eu nunca me senti tão emocionado na vida. As lágrimas que surgiram dos meus olhos os fizeram arder, mas eu não me importava.
- Eu te amo – murmurei depositando um beijo em seus lábios – Te amo, te amo.
- Me de as alianças – pediu ele tirando-as de minhas mãos – Estique sua mão direita.
Estiquei a mão que estava trêmula e ele segurou-a delicadamente.
- Bem... – ele começou um pouco nervosa - Eu sei que talvez seja um pouco cedo para isso ou talvez esteja na hora. Acho que somos nós quem fazemos o momento certo para esse tipo de coisa. Essa aliança demonstra que você é importante para mim e, – ele riu – essa aliança também trás a esperança de várias coisas para o futuro. Eu tenho planos com você agora, Chay. Planos que eu não quero que se desmanchem nunca, porque eu te amo e quero ficar com você por muito tempo, por enquanto. Da próxima vez vai ser para a eternidade.
Eu ri e senti a aliança escorrer pelo meu dedo anelar e depois minha mão sendo erguida para que ela pudesse depositar um beijo nele.
- Agora é sua vez – ele disse entregando a outra aliança em minha mão.
- Kim – murmurei – Eu... Eu só vou colocar a aliança em você após minhas faixas terem sido tiradas. Daqui a algumas horas. Após meu irmão e Kinn chegarem. Eu quero olhar em seus olhos e não precisar dizer nada, pois você vai saber que eu estou dizendo tudo.
- Se está esperando por nós, estamos aqui – ouvi a voz de Kinn vindo da porta, me dando um susto.
- Vocês... vocês estavam aí o tempo inteiro? – perguntei com vergonha.
- Tempo o suficiente – respondeu meu irmão alegre – Mas agora, por favor, chame a enfermeira ou então eu vou ter um enfarto.
Nós rimos e Kinn disse que apertaria a campainha.
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Falta só um capítulo.Eu postei outra fanfic de kinnporsche, espero que gostem!
Os capítulos serão bem mais longos que os de be my eyes
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Be My Eyes - KimChay
Fanfiction[CONCLUÍDO] Há um ano, eu havia sofrido um sério acidente de carro. Meu amigo, que dirigia, havia morrido no caminho para o hospital de parada cardiorrespiratória. Foi difícil. No começo, tudo me irritava, principalmente a morte de Macau. Era difíci...