Capítulo 13 - Hospital de olhos

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- Sim doutor, mas... O senhor acha que é possível meu irmão voltar a enxergar? Quero dizer... – meu irmão gaguejou - ...Ele reagiu a luz, coisa que não aconteceu no primeiro exame há um ano e meio atrás, mesmo ele podendo distinguir claro de escuro.

- Eu não posso te dizer nada com muita precisão, senhor.

Ele suspirou.

- E quando o senhor poderá realizar os exames?

- Bem, como esse caso é um caso especial, quero resolvê-lo com urgência. Talvez... – ouvi sons de folhas sendo viradas e depois de dedos apertando algumas teclas aleatórias – Marie, preciso saber se há muitos pacientes para hoje. Poderia desmarca-los para mim? Estou cuidando de um caso especial e preciso ir ao hospital dos olhos... [...] aham [...] Adie essa reunião para quarta-feira as 15:00. Certo. Obrigado.

- E então?

- Espero que estejam dispostas a passar o dia comigo no hospital dos olhos.

- O tempo que foi preciso, doutor. – a voz de meu irmão estava mais aliviada.

- Bem, eu vou desarquivar os documentos e exames que foram feitos há um ano atrás e veremos o que fazer... Nos encontramos no hospital dos olhos em 30 minutos.

- Certo, obrigada – Porsche se levantou e eu fiz o mesmo, com um sorriso educado pairando no rosto – Até daqui a pouco doutor.

***

- Chay? – estávamos no carro, em frente ao hospital dos olhos e meu irmão decidiu ligar para Kinn e avisa-lo que iria faltar no trabalho hoje e explicar a situação.

Eu gostava de Kinn. Ele era simpático.

Eu não sabia o que pensar. Não queria ter falsas esperanças, afinal, eu era considerada um cego sem volta há algumas horas atrás, antes de acordar.

- Não Kinn, não se preocupe. Vamos fazer alguns exames e o médico está disposto a fazer o que for necessário para conseguir resultados precisos [...] Sim, ele está bem – senti uma mão acariciando minha cabeça – Na verdade nem ele sabe, por isso vamos fazer os exames [...] Não se preocupe Kinn. Tchau.

- Porsche... você acha que talvez...?

- Não fiquei pensando em talvez – repreendeu ele abrindo a porta do carro.

Alguns minutos depois, o doutor nos explicava o resultado dos exames que fiz logo depois do acidente, há um ano e meio atrás. Dizia que nenhum exame era muito preciso, pois ele ainda não sabia o que tinha causado minha cegueira. A córnea não estava machucada e a retina parecia estar um pouco danificada, mas que ele não sabia dizer, era como estava o nervo óptico, um exame que ele decidiu fazer logo após fazer alguns testes comigo.

Eu mal notei a hora passar, mas ia me sentindo cansada com todo o processo. Meus olhos ardiam e já não aguentavam tanto colírio.

Porsche se mantinha quieto, observando todo o processo e o médico fazia comentários de vez em quando.

Às três da tarde, ele resolveu fazer o exame para saber como estava meu nervo óptico e também refazer todos os outros exames para ver se algo havia mudado ao longo do ano.

Mais duas horas se passou e eu já não aguentava mais ficar ali, sendo examinado a todo minuto sem descanso. Não havia sentido em tantos exames. Provavelmente eu não voltaria mais a enxergar. Suspirei irritado.

- Só mais alguns minutos – murmurou o médico. Sua voz estava perto e abafada pela mascara no rosto.

Eu estava deitado, com luzes fracas nos olhos e ele examinava, novamente, meus olhos externamente.

- É engraçado como ele não perdeu totalmente a cor após você ter ficado cego. Isso é um bom sinal, afinal, ele está reagindo contra luz – dessa vez foi ele quem suspirou. Estava cansado – Vocês terão que voltar aqui amanhã para pegar o exame e depois ir ao meu consultório de oftalmologia para eu poder ver os resultados. Não precisam marcar horário.

Ele saiu de cima de mim e, com um clique, soube que ele desligou a luz.

- Por hoje é isso.

Me sentei, querendo apenas ir embora depois do dia estressante. Passei a mão pelos cabelos e me levantei.

- Obrigada doutor. O senhor foi muito atencioso – senti a mão de mim mãe sobre a minha – Espero não termos deslocado tanto sua agenda.

- Não se preocupem – Ele abriu a porta da sala de exames – Nos vemos amanhã então.

- Sem falta.

Eu apenas sorri.

Voltamos pra casa e encontramos Kinn em frente a nossa casa.

Por algum motivo, ele nos esperava do lado de fora. Não que eu estivesse o estranhando, mas ultimamente, Porsche e ele estavam mais próximos que o normal.

- Porchay, você está bem?

- Estou – respondi sorrindo.

- Tiveram algum resultado hoje?

- Não – respondeu meu irmão. Parecia estar mais cansado que eu - Desde que horas você está aqui? – Porsche perguntou para Kinn, estranhando ele ter vindo.

Kim não havia cruzado minha mente a tarde inteira e eu não estava afim de começar a pensar nele agora. Respirei fundo, indo em direção a porta.

- Estou com fome – anunciei – O doutor achou que eu e Porsche vivêssemos de ar como ele.

Kinn apenas riu.

Be My Eyes - KimChayOnde histórias criam vida. Descubra agora