Passado

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— Mãe! Mãe! Vamos jogar temari juntos?! — O pequeno garoto de cabelos e olhos azulados sempre fazia essa mesma pergunta. E quanto a resposta? Era sempre negativa.

A grande policial tinha defeitos, ela tinha arrependimentos, queria mudar o passado e possuía um intenso medo do futuro, medo de morrer, medo das pessoas que ela causou mal direta ou indiretamente, no começo de tudo não conseguia nem se quer encarar a criança culpada pela falha no seu plano.

Quanto a outra criança? Também não tinha dado certo, porém conseguia a lembrar do rosto daquela que perdeu, e por isso conseguia relevar o fracasso, e até se aproximar da garota.

— Shogun, Porque a mamãe não gosta de mim? — Era outra pergunta, essa sem resposta, naquela casa roxa, com um pequeno garoto de cabelos azuis.

A falta de amor materno tinha sido constante nos primeiros anos e depois que a "outra mãe" chegou, as coisas ficaram piores ainda... Em parte.

O longo cabelo rosa era o sinal de perigo para o pequeno garoto, que sempre era bullynado por suas fraquezas dentro da própria casa. Suas doenças eram risadas, seus defeitos eram o centro das atenções, e seus medos eram a diversão daquela cruel mulher que parecia ter algo pessoal contra ele.

— Y-yae por favor, por favor devolve meu lápis de cor... Eu quero desenhar a mamãe...

— Ora, você é tão baixinho, eu nem estou levantando tão alto, porque não pula pegar? — A mulher balançava o lápis perto da cabeça da criança, provocando de modo maldoso.

Nenhuma das duas mulheres entendiam o que uma criança precisava, para a rosada, apenas estava brincando com ele, ela não entendia o que de tão ruim existia em suas ações, a falta de sensibilidade dela era o que causava isso, quanto para aquela de longa trança roxa, eram apenas versões menores de sua irmã morta. Enquanto Shogun era praticamente uma máquina, forte, inabalável, boa em esportes, o garoto era frágil e gentil.

Com o passar dos anos, Ei tentou melhorar seu comportamento, superou os acontecidos do passado e tentou ficar mais perto do seu filho. Porém é difícil concertar erros que marcam tão profundamente uma criança.

Yae não se arrependia de nada, afinal ela sabia de tudo. Mas por causa da influência de Ei, concordou com a ideia de começar a trata-lo melhor. Assim chegando todos naquela casa cada dia mais próximos do triste acontecimento.

* * *

— Mãe... Socorro... — Os garotos mais altos chutaram meu estômago mais uma vez, debochando de mim. O líder daqueles valentões tinha o dobro do meu tamanho, e o triplo da minha força. Via de forma embaçada as pernas dos garotos, e um pouco de sangue meu no chão.

— Ora, olha lá. É o Kunikuzushi? O filhinho mimado da policial, chamando pela mamãe! Ela não vai te proteger, idiota! — Já faziam meses que esse mesmo grupo de 5 garotos implicava comigo, mas dessa vez eles eram 6. Não conseguia distinguir seus rostos agora, porem sabia que havia um a mais ali.

— Certo, mas Shiki você não acha que já está na hora de parar? Você não me disse nada sobre agredir ele! Isso é injusto, ele não te fez nada. — Um segundo garoto atrás dele tentava o impedir de me chutar novamente, eu não conseguia reconhecer quem era. Mas sinto que ja ouvi a voz, esse é o rapaz que me meteu nessa situação?

— Claro que não, me solta Kaedehara. Caralho! — Empurrou o moleque para longe, o fazendo cair no chão. — Você precisa parar de ser bonzinho se quiser andar conosco! O que falamos anteriormente?

— E-eu... Não quero mais andar com vocês! Se soubessem que são assim, nem teria vindo! — O rapaz de branco se levantou, e logo os outros tentaram cerca-lo. 

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