O Livro

Branco

— Certo, você está confortável assim? — Xiao me perguntou, e concordei com a cabeça.

Agora eu estava sentado na cama de criança em um quarto cheio de pelúcias vermelhas, enrolado em vários cobertores fofinhos e tomando um chocolate quente que me fizeram.

— Que bom... Agh eu não acredito que você quase pulou daqui de cima, eu deveria te deixar trancado nesse quarto agora! Pensando bem talvez eu faça isso... — Neguei com a cabeça, não me prenda doido!

— Eu quero ajudar, foi só um problema na minha cabeça... — Apoiei a mão na minha testa, estava meio tonto desde aquilo, e pensando bastante sobre aquela ilusão.

— Eu achei que a Sara estava ruim, mas você com essa cabeça zoada não pode mais ficar sem supervisão, que sorte que eu estava aqui, a Hutao não aguentaria o seu peso! — Xiao estava muito irritado, andava de um lado pro outro com ansiedade.

— Já contou tudo pro Albedo? — Perguntei meio hesitante.

— Claro que já! Ele acha melhor você não ficar aqui por conta da altura e também por causa da Sara, ele não pode ficar de olho em vocês dois e ainda ver as mensagens da Mona o tempo todo, Venti também mora em um apartamento e a minha casa está em reforma porque destruíram parte do corredor do andar de cima, que inferno! — Tomei um gole do chocolate quente que Xiao havia feito para mim.

— Você já mandou a equipe de reforma? Você trabalha rápido. — Comentei, e ele afirmou com a cabeça.

— Sim, afinal eu sou parte de uma banda famosa, só comentei com a equipe que ocorreu um acidente e foi bem difícil despistar as suspeitas para a policia não vir investigar. — Xiao pegou a chave do quarto, e trancou as janelas.

— Hey! O que está fazendo? Não é para me trancar!— Afirmei nervoso, e ele suspirou.

— Infelizmente eu vou ter que te trancar aqui enquanto investigamos a Sandrone, e também depois eu ligo para o Kazuha avisar que você vai precisa ficar na casa dele, não consigo pensar em outro lugar. — Ele colocou um bichinho de pelúcia branco e felpudo em cima da minha cabeça. — Toma, é da irmãzinha do Albedo, quando você aperta ele apita, se precisar de algo chame.

— Espera, esse quarto é da irmã do Albedo?? — Comentei, e ele revirou os olhos indignado.

— Você só percebeu agora? Agh, vou te dar um desconto por causa da sua cabeça estar zoada.

— Pensei que ele morasse sozinho...

— Ele mora sozinho, mas a Klee vem dormir aqui praticamente toda semana, eles são muito próximos mesmo afastados. — Xiao falou, por fim saindo do quarto e ouvi o barulho da porta trancando.

Suspirei, observando o quarto todo vermelho e arrumado, minha cabeça ainda está latejando... Acho que vou aproveitar e descansar.

* * *

— Você disse que está bem... Mas tem certeza? — Heizou colocou a mão no meu ombro, tentando me consolar.

— Claro... Tenho, a morte é algo natural. — Eu havia acabado de sair da casa dos pais de Tomo, depois de longas horas da mãe dele chorando nos braços do seu pai.

— Kazuha essa morte não foi algo natural... — A voz de Heizou bambeou e me virei para ele. — Que foi? Você sabe que é culpa daquele livro... Um livro que só estava em circulação por causa da Raiden Ei.

— Heizou... Não começa...

— Eu não estou mentindo, Kazuha eu não quero brigar com você, mas fatos precisam ser aceitos aqui, você não pode fingir que não tem nada haver com o Kunikuzushi. — Me afastei um pouco dele.