Livros

687 58 141
                                    

Acordei na cama de Kazuha, estava confortável e quentinho com duas cobertas até a cabeça, como se alguém tivesse cuidando de mim durante a noite, ainda estava um pouco tonto e com os olhos inchados. Acho que acabei dormindo no colo dele depois de tanto chorar... Que ódio, não era para ele ter me visto nesse estado mas acho que tudo bem. Aquele idiota não está aqui, para onde ele foi?!

Levantei da cama, dobrei as cobertas e fui até a porta tentando ouvir se tinha alguém conversando lá fora, e como esperado conseguia ouvir as 3 vozes, e se o Kazuha estiver tentando convencer Beidou e Ningguang a deixarem ele entrar na bagunça e se arriscar novamente... Elas nunca iriam deixar, eu acho.

Abri a porta do quarto, porém hesitei um pouco quando cheguei na frente das escadas, de certo modo é a primeira vez que eu vou realmente falar com as duas sem estar fingindo ou discutindo sobre nada, apenas uma conversa honesta com as mães do Kazuha... Vai ficar tudo bem, agora eu entendi porque o povo tem tanto medo de conhecer os pais dos namorados, sempre achei isso algo besta e desnecessário.

Desci lentamente as escadas, tremendo um pouco e me deparei com uma mesa de café da manhã completamente arrumada, a moça de longos cabelos loiros quase brancos sentada com uma xícara de chá estilosa com detalhes de fênix amarela enquanto Beidou servia frutas cortadas e Kazuha colocava suco em 4 copos, junto com 4 pratos... Eles pensaram em mim.

Que sentimento quentinho de ser parte de alguma coisa... Me trás uma sensação tão longínqua.

— Você finalmente acordou! Está melhor, Kuni? — Kazuha foi o primeiro a falar comigo, se aproximou de modo gentil, senti meu rosto esquentar de vergonha, lembrando de tudo o que falei para ele na noite passada.

— Que horas são? Eu demorei tanto assim para levantar...? Vocês já arrumaram o café. — Observei o relógio, e Beidou riu vindo até mim e apoiando a mão no meu ombro.

— Oh, baixinho claro que não, ainda são 07:00, o Kazuha só acordou cedo porque queria preparar um café da manhã caprichado para o amorzinho dele, hehe! E se nosso filho gosta tanto de você a esse nível, estamos aqui para te dar uma chance. — De certo modo isso me aliviou bastante, eu abri um sorriso gentil, me sentei na cadeira vazia ao lado de Kazuha, ficando de frente para Ningguang.

Engoli a seco a posição onipotente que a mulher apresentava, me encarando com dureza de cima a baixo e claramente julgando qualquer movimento que eu fizesse. Até agora ela não havia dito uma única palavra, e isso era muito pior do que parecia.

— Seu nome então é Raiden Kunikuzushi, eu conheço sua mãe, uma mulher maravilhosa. — A chique mulher com o longo vestido amarelo de pronunciava, enquanto suas longas unhas gentilmente batiam na xícara de chá, de modo ritmado e desconfortante, me deixando cada vez mais envergonhado e desconfortável com a situação. — Você parece bastante com a irmã dela, uma pena o que aconteceu anos atrás.

— Minha tia Makoto? Eu nunca a conheci, pensei que fossem gêmeas idênticas pelas fotos... E eu não pareço tanto assim a minha mãe. — Cocei a nuca, pegando uma tigela com salada de frutas que estava em cima da mesa e me servindo, enquanto conversávamos.

— E elas eram! Gêmeas extremamente próximas e grudadas desde muito novas, porém você me lembra muito mais a Makoto, deve ser esse olhar mais puro e humanitário. Sabe Kunikuzushi, eu não confio em você mas você não me parece uma pessoa ruim. Talvez um pouco ferida por dentro, mas não ruim. — Senti meu corpo relaxar da pressão com essa frase, e Ningguang gentilmente colocou a xícara na mesa. — Kazuha me decepciona muito saber que você mentiu para mim, eu não me importo com a sua opinião, você não vai mais se envolver nisso pessoalmente, é arriscado e está mexendo com coisas que nem eu posso controlar.

O LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora