O Livro

Cilada

Certo, Fontaine... Sempre falaram que era incrível, mas eu não tô vendo nada demais nesse lugar, é tipo uma cidade com arquitetura bonita e meio tecnológica.

Caminhando pelas ruas eu estava bem preocupado com a situação do meu rosto, felizmente ninguém parece ter percebido, os olhos haviam parado de brilhar mas o cabelo ainda estava brilhando um pouco de modo fraco.

—... Agh minha cabeça dói... — Falei para mim mesmo, o que eu esperava? Alguém para responder?

Olhei ao redor vendo a rua vazia, já estava perto de anoitecer, eu vim o caminho todo pensando no que disse pro Kazuha, ele estava chorando... É a primeira vez que ele grita comigo, é a primeira vez que eu faço ele chorar!

Eu sou um monstro, meus olhos brilham porque eu sou um monstro e ele precisa de algo muito melhor do que eu! Agh porque eu disse todas aquelas coisas?! Eu... Ele... Não! Para de pensar nisso Kunikuzushi!

Parei na frente do local indicado no mapa das páginas do livro, não parecia uma fortaleza cercada e sim uma fábrica abandonada, bem parecida com aquela de Khaenria'ah que minha mãe me mostrou... Agh será que o Pierro tem alguma coisa com fábricas?

Entrei lentamente, observando ao redor. Invasão de propriedade privada deve ser o que eu mais fiz nesses dias, tá foda mano. Agh porque eu tô sentindo tanta falta de alguém para falar?! No começo não era assim! Eu passava facilmente dias sozinho.

— Ah... Haha que legal essa fábrica abandonada, não é? — Falei para mim mesmo novamente, ouvindo minha voz ecoar por todo o local, dando ainda mais a sensação de solidão. — Está tudo bem, eu já estou acostumado a ficar sozinho, Kunikuzushi é um homem lindo e solteiro que vai resolver tudo sozinho!

Queria falar com a minha mãe, mas até para entrar em contato com ela eu precisaria dormir, e aqui é um lugar super arriscado... Me pergunto se eu estou no lugar certo, está tão vazio e quieto, sinto até meus passos ecoando.

Andei pela fábrica que sinceramente era bem comum até, tinham itens de produção mas eu não sei bem para que servem, estava bem escura e tudo em um tom azulado... Qual dos Fatui atuava em Fontaine mesmo? Acho que a Arlecchino ou talvez a Columbina.

— Agh! Que raiva não tem NADA aqui! — Gritei batendo no chão, e senti algo embaixo de mim quebrando. — Oh- ahh!

Tentei me afastar correndo para uma das mesas no local, mas o chão velho desmoronou, me fazendo cair com tudo em um laboratório estranho cheio de corpos conectados a tubos.

— A-ah! — Tapei minha boca para não gritar, meu joelho estava machucado pela queda agora e minhas mãos arranhadas com um pouco de sangue escorrendo de ambos os machucados.

Me levantei do chão com cuidado e observei ao redor aterrorizado, era basicamente uma sala toda escura com diversos corpos humanos, partes humanas e também partes de vários animais, na mesa tinham cadernos com anotações de pesquisas... Perturbador.

— Você estava demorando, já achei que tinham mentido para mim e me feito perder tempo para nada, Scaramouche. — Ouvi uma voz familiar de trás de mim e me virei.

— D-dottore... — Entrei em posição de defesa colocando minhas mãos na frente do corpo.

— Oh, você acabou com o meu laboratório de Fontaine... Eu deveria acabar com o seu corpo por causa disso... Deixar só o torço para você não conseguir fugir. — Ele veio até mim, passando a mão por cima de algumas pedras que haviam caido junto comigo, observando as pesquisas esmagadas.

—... O que você quer?! O que vai fazer comigo?! — Me afastei andando para trás até bater em um dos tubos. — C-como me achou?!

— Não acredito que você confiou no Cyno, sabe sequestrar o namoradinho dele e aquela menina que eles cuidam foi realmente muito bom para os negócios. — Ele deu um riso avançando para cima de mim. — O rapaz trabalha muito bem.