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Essa noite é importante por demais. Dependendo do que for descoberto, esse caso chega ao fim. Com ajuda de Harry, escolho um vestido exagerado e amarelo, me deixando radiante, diz Harry. Jeffrey surge me meu apartamento, trazendo um acessório para essa missão. Ele me entrega um batom, parecendo outro qualquer. 

- Um batom, Jeffrey? - o questiono. 

- É um dispositivo bem útil. Novidade da nossa equipe de pesquisa. Você irá inaugurá-lo hoje. Quem tiver um pouco dele nos lábios, vai falar pelos cotovelos. 

Pego o batom de Jeffrey e o olho, maravilhada. Como uma coisinha assim, pode ser algo tão poderoso. Já vi tecnologia de ponta nessa vida, mas isso é incrível. 

- Falar pelos cotovelos, é? - repito calmamente. 

- Sim, eles contarão até os segredos da bisavó assim que você der um jeito de usarem isso.

- Acho melhor testarmos, sabe? Verificar se é verdade mesmo. Terei prazer em ser a cobaia. - Harry diz. 

- Vai sonhando, Harry. Eu já sei demais sobre você. - digo enquanto guardo o batom na bolsa. 

- Boa sorte lá. Traga-nos uma informação boa, ok? - Jeffrey diz. 

- Não se preocupe, minha intuição diz que hoje será incrível. 

•••

Harry me acompanha até a boate e entramos com facilidade na The Door. Jeffrey obviamente mexeu uns pauzinhos e, minutos depois de chegar, você está no bar pedindo uma bebida. Nós dois começamos a examinar o clube. Era só mais uma boate chique da cidade, com mesas bistrôs e bancos altos espalhados por um lado do salão, as luzes neon iluminam o ambiente com grandes painéis de led no fundo. O DJ comandava o som, tocando alguma música da atualidade que nunca havia escutado. 

Mantenho um sorriso constante no rosto, agindo como se estivesse conversando casualmente com Harry. 

- Já a viu? - pergunto enquanto meus olhos passeiam pelas pessoas. 

- Ainda não. - os olhos de Harry percorrem meu corpo. - Mas é porque não consigo tirar os olhos de você. 

- Por mais lisonjeiro que isso seja, concentre-se na tarefa, por favor. 

- Vou tentar, mas você está dificultando. 

Depois de ficar no mesmo local por um tempo, começo a ficar impaciente. A boate está enchendo e está ficando cada vez mais difícil examinar a multidão de onde estou. 

- Vou dar uma olhada lá no banheiro. - sugiro. 

- Ok, espero aqui.

Preciso encontrar Madison e uma vez e conseguir as informações que tanto preciso. Passo pelas pessoas e entro na passagem que leva aos banheiros. Há uma fila de garotas esperando a vez. Algumas conversam com suas amigas, outras dançam conforme a batida que vem da pista de dança. 

Vejo uma garota loira atraente na frente da fila. Ela está encostada na parede e parece entediada. Quando ela vira a cabeça na minha direção, abro um sorriso. É a Madison, ótimo! 

Corto a fila como quem não quer nada, se espremendo ao lado de Madison. Algumas meninas atrás de mim reclamam, mas finjo não ouvir. Fecho os olhos, e depois de algumas reclamações quase inaudíveis, a tensão desaparece. 

- Oi! - a cumprimento. 

- Oi. - Madison me olha.

- É um saco ter que esperar, né? - tento puxar uma conversa. 

- É o jeito, acontece. Tanto faz. - ela obviamente não está aqui pra fazer amigos. 

Até tento elogiar seu vestido, mas Madison mantém a cara fechada. E isso é muito chato, poderia estar lá no bar tomando outro coquetel em vez de estar do lado de fora de um banheiro nessa sujeira. Então decido adotar uma abordagem direta e pegar uma fotografia de Tyler, e ergo na frente do rosto de Madison. 

- Você conhece esse cara? - a questiono. 

De repente, Madison parece mais interessada. Ela fica mais ereta e franze a testa para mim. 

- Quem é você? Você é uma stalker maluca ou algo assim? 

- E isso importa? Você o conhece ou não? - pergunto novamente, ainda mais direta. 

- Tchau maluca.

- Olha... - a seguro pelo braço, antes que ela saia. - Eu não sou stalker, nem maluca. Esse cara está desaparecido, e a família está preocupada com ele. Você o conhece ou não. - minto.

Ela me encara desconfiada, puxando seu braço para soltá-lo do meu aperto fraco. 

- Não... - ela hesita por um instante. - Eu não o conheço. 

É óbvio que ela está mentindo. Consigo perceber pela linguagem corporal e pela hesitação em sua voz. Felizmente, ainda tenho o dispositivo de Jeffrey comigo e preciso que esse batem dê certo. A única coisa que passa pela minha cabeça, é beijá-la usando o batom e sinceramente, que se dane, tem que dar certo. 

Abro o batom e passo em meus lábios. Então me aproximo, colocando as mãos gentilmente nos ombros expostos dela. Nossos rostos estão a centímetros de distância enquanto a olho nos olhos. 

- Você é linda. - digo de forma sedutora. 

Madison não se afasta, em vez disso, ela continua a me encarar. Acho que finalmente descobri como conseguir a atenção dela. 

Me inclino, fechando os olhos e pressionando os lábios contra os dela. Os lábios de Madison se entreabrem e nossas línguas se tocam antes de deslizá-la sobre o lábio inferior dela. Minhas mãos repousam na nuca de Madison, que coloca as dela em meu rosto, e sua respiração fica mais pesada à medida que o beijo se intensifica. 

Já é mais que o suficiente para fazê-la confessar, mas eu não consigo parar de beijá-la. À medida que batida da música fica mais rápida, o nosso beijo também fica mais urgente. Preciso me afastar, mesma ela beijando tão bem. 

Madison então leva ambas as mãos até meus seios e os aperta suavemente. Os dedos dela roçam meus mamilos, fazendo com que uma sensação de calor percorra meu corpo. 

- Então... - digo afastando nossos lábios e voltando a encará-la. - Você conhece o Tyler? 

- Sim... Conheço. - ela confessa. - Tyler e sua irmã Kate estudaram na mesma universidade que eu. 

- O que mais pode me dizer sobre eles? Algum segredo? 

- Sim... - Madison estende a mão para acariciar minha bochecha, parecendo muito a fim de mim. - Havia rumores de que eles estavam, sabe, transando. 

Tento não transparecer  minha surpresa, mas não estava preparada pra esse tipo de informação. Incesto, Kate? Uau, essa realmente não esperava. 

- Você é uma gata, podemos nos beijar de novo? - ela sugere.

 - Talvez outro dia? Eu preciso ir. - a encaro e Madison dá de ombros. 

- Nos vemos por aí. 

Enquanto vou em direção a Harry, esfrego meus lábios com força para tirar o restante do batom. Não posso começar a falar pelos cotovelos devido ao dispositivo. 

- Ei, ai está você. - ele ergue os braços. 

- Vamos. Consegui a informação. 

- Como você a fez falar? 

- Eu apenas a seduzi. - droga, comecei a falar. 

- Ok, preciso de detalhes. - ela me encara e arqueio uma das sobrancelhas. - Você sabe, é de importância nacional, crucial para investigação e tal. Ah... Vamos lá! 

O rosto de Harry é iluminado pelas luzes neon e percebo que os olhos dele estão cheios de desejo. 

- Preciso ir. 

Não tenho tempo para as fantasias sexuais e malucas que Harry tem comigo. Essa informação foi mais surpreendente do que poderia imaginar e tenho certeza que Elizabeth vai se interessar pelo o que tenho a dizer. 

A Espiã - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora