Capítulo 20

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Um trovão rugiu no céu e os raios iluminaram as nuvens de onde caía uma forte chuva.

Um vendaval que lançava o navio para todos os lados.

Não consegui ficar na parte de baixo do navio, não com todos aqueles trovões, não sem saber o que acontecia ali em cima.

Estou completamente encharcada e as gotas grossas de chuva me atingem como navalhas, me fazendo apertar os olhos para enchergar um palmo a minha frente.

O oceano está negro como alcatrão, assim como a noite que era rasgada pelos raios brilhantes da cruel tempestade.
Eu me agarro a uma das cordas, completamente inerte e enjoada.

Outro relâmpago, mais um rugido.

Eu ergo meus olhos em meio ao alvoroço e gritos dos piratas, para então ver quem havia finalmente dado o ar da graça no navio.

— Velas cheias! —rugiu o capitão com as mãos no Timão— vamos sobreviver esta noite!

— Capitão! Ondas gigantes á frente!

— Pelas barbas de Urgh, assuma o Timão!

Eu encaro o capitão se agarrar a uma corda, os fartos cabelos vermelhos Scarlett estão completamente molhados, os olhos azuis vivos estão semicerrados, ele se balançou na corda e voou até o mastro mais alto do navio.

Capitão Sinbad, mais conhecido como Simba Nerfari, o lobo vermelho do mar.

— Capitão! O navio vai ser engolido!

Eu giro meu rosto e arregalo os olhos para a gigante onda que se erguia diante de nós.

Sinbad já em cima do mastro pragueja aos céus.

A onda já se aproximava e estava praticamente em cima, ouço os gritos dos piratas e eu mordo os lábios estalando os dedos.

Magia estalou e eu ergui dois dedos, os baixei para baixo e os empurrei para frente em um golpe.

E quando a onda baixou para nos engolir, ela se dividiu ao meio com o poder, e eu vi tudo em câmera lenta, ela sendo partida como se uma espada poderosa que cortava dos dois lados a tivesse dividido, as gotículas de água flutuavam no ar, os gritos e a agitação de medo eram lentos demais,  então tudo se tornou rápido, os dois lados da onda caíram no oceano fazendo o navio a atravessar como uma passagem.

Os homens que rezavam a Urgh estavam boquiabertos, suspiros e alguns gritos de alívio, então questionamentos do que havia acontecido.

De baixo pude ver o nariz de Sinbad se franzir pouco e ele semicerrar os olhos.

— Magia. -ele cicia.

Ele saltou do mastro, se agarrando a uma corda, ele rodou pelo mesmo até se soltar e cair de pé no deck do navio.

Diante de mim.

— Segurem esta bruxa! -ele aponta para mim.

Merda.

Dois de seus homens me agarraram por trás, uma faca próxima a minha garganta.

— Como pode ter certeza de que fui eu? -questiono.

— Já vi muita coisa nestes mares. —ele anda devagar até mim— mas também vi o que fez com a mão.

Maldição.

— E não tente me enganar, nenhum de nós poderia ter feito aquilo, bruxos não existem, somente mulheres podem ser bruxas. -ele disse.

Um relâmpago rugiu, merda, mil vezes merda.

— Você agora é prisioneira no velho lobo do mar. —ele abre os braços para o navio— e se tentar alguma gracinha, será morta.

Que ótimo.

Fui jogada em uma cela na parte de baixo do navio, onde havia pouca iluminação.

Eu encaro Sinbad através das grades.

— Ingrato, eu salvei a sua vida e de sua tripulação. -cicio.

Ele fica diante da cela.

— Até eu descobrir porque uma bruxa embarcaria em um navio, você fica aqui. —ele disse— é minha prisioneira.

Por que diabos todos querem me prender ou me matar?

Agora presa, como iria atrás do clã de areia?

Ao que parece, novas cartas foram viradas em meu destino, e agora, ele estava no oceano.
Ao lado do capitão.

E eu teria de arrumar um jeito de fugir daqui e ir atrás das bruxas.

— O que acha de uma barganha? -questiono.

Os olhos do capitão cintilam.

— Estou ouvindo.

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