Capítulo 18

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Amon POV

Passar o dia inteiro na cidade perdida não foi o suficiente para tirar ela da minha cabeça, mesmo que alguma das mulheres de lá tentassem me trazer até suas camas, eu as rejeitava da forma mais fria, não sentia ao menos desejo ao olhar para elas como eu sentia antes.

Porque a única que me faz sentir isso tenta me matar, me rouba, e hoje vai embora, com talvez a esperança de que volte ou não para mim.

Chegava a ser ridículo eu estar desse jeito, chegava a ser muito deprimente eu estar caindo de quatro por aquela mulher. Os antigos que me vissem diriam que eu enlouqueci.

E eu concordaria, teria que estar no ápice da loucura para se apaixonar, algo que te joga em uma cilada sem volta.

Desde pequeno ouvia os mais velhos contarem que aquilo era a pior armadilha em que um homem poderia cair, os encantos de uma mulher, o tão falado amor.

Temido por muitos, desejado por todos aqueles românticos que anseiam por suspirar por aquelas que chamam tanto a atenção do seu coração.

Me pergunto, eu deveria me matar ou me dar uma chance nisso? Mesmo que a mulher pudesse me matar sem mover um dedo para isso.

Eu suspiro mais uma vez, em alto e bom tom, observando algo muito interessante na madeira que queimava e crepitava nas chamas vermelhas alaranjadas, algo muito interessante que eu ainda não havia descoberto o que era.

Mas que me fez ficar horas a observando, completamente desacreditado da vida.

Em que enrascada eu fui me meter? Por que diabos meu coração foi voltar a bater justamente para ela?

Outro suspiro pesado.

— O que foi? Amonzinho. -Red caiu do meu lado.

— Nada. -digo encarando a lareira acesa.

— Se fosse nada, não estaria olhando para essa lareira por uma hora e meia. -murmura Erza recostado na parede.

Eu suspiro.

— Cadê a Azaya para te ameaçar de morte? -Red pisca.

— Ela foi embora. -digo, como se um bolo sangrento estivesse em minha garganta, repleto de pregos que rasgassem a cada fala.

Eles piscam.

— EMBORA?! -exclamam.

Eu assenti.

— Como assim foi embora? -Erza questiona.

— Ela precisa ir atrás de uma bruxa, essa bruxa pode ajudá-la a recuperar o meu maldito anel. -murmuro.

— E deixe eu adivinhar, você não quer mais tanto esse anel, não é? -Red me analisa.

Eu balanço a cabeça.

— Se ela te entregar o anel, o acordo acaba e ela está livre, ela vai embora e não volta mais. —Erza refletiu— é por isso que estava enrolando tanto? Não queria que ela fosse.

— É complicado. -murmuro.

— Você não quer que ela suma? -Red pergunta.

Eu nego.

— Você a quer perto?

Eu assenti, era tão difícil admitir, eu nunca precisei admitir essas coisas, nunca senti nada do tipo.

— Parece que há algo aqui. —Erza me encara zombeteiro— começa com P e termina com O.

— Piolho! -disse Red.

— Não, é algo que atinge o coração. -disse Erza.

— Infarto?

— Não. —ele acerta um tapa na testa— Reid, meu querido irmão, é paixão.

— Ah, disso eu já sabia. -ele disse.

— Está apaixonado. -Erza me encara.

— Como pode ter tanta certeza? -o testo.

— Sou metade sombrio. —ele murmura, um tipo de frio espectral emanou na sala— nos alimentamos de almas e sentimentos, você está cheio de uma paixão avassaladora, posso sentir daqui.

Eu assenti, inspirando fundo.

— Vocês estão certos.

— Sabia! -exclama Reid.

Ele estende a mão para Erza.

— Passa pra cá, colega
Erza bufa, entregando uma bolsa pequena de couro cheia de...

— Vocês apostaram rubis? -questiono.

— Eu apostei que você diria cedo demais que ama ela, você pode ser durão mas é emocionado. -disse Reid.

— E eu tive fé em você e apostei que demoraria. —Erza me encara com tédio— vejo que eu não deveria ter tido.

Red gargalha.

— Obrigado meu querido. -ele disse.

— Idiota. -Erza revira os olhos.
Eles me encaram.

— Você está fudido. -disseram.

— Ótimo incentivo. -bufo.

— A mulher é uma ladra, assassina, que  te roubou e tentou te matar, e você se apaixonou por ela. -disse Red.

— O amor vem dos lugares mais estranhos, de atos até mesmo loucos. -disse Erza sacudindo a cabeça.

— E nosso chefe foi pego da forma mais icônica, apaixonado pela inimiga dele.

— Vão falar disso até quando? -questiono.

— Até enjoarmos. -disseram.

Então será eternamente.

— Mas por que você deixou ela ir? -questiona Reid.

— Amar também é deixar ir, irmão. —suspiro me erguendo— se tiver de ser, nossos caminhos vão se cruzar de novo.

E eu saí dali, indo diretamente para o meu quarto, onde em cima da cama estava aquele livro o qual ela me emprestou. Meus dedos deslizam no couro da capa e suspiro o pegando, meus pensamentos me levam até Azaya.

— Onde tu fores, eu irei, onde estares eu estarei, onde morreres lá eu serei sepultado, e onde sua alma pousar, lá pousará a minha. -murmuro.

Por mais que o fio se enrole, ele sempre levará uma alma até a outra, por mais que agora ela esteja longe de mim, o fio vai fazê-la voltar.

E estava selado, antes mesmo de ela tentar me matar com uma duna de areia.

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