Capítulo 2

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Salto o segundo prédio, caminhando tranquilamente em cima dos muros do palácio, os guardas nunca me vêem mesmo, e observar as estrelas do topo da torre não tem preço.

Eu me escondo nas sombras ao ouvir os estalo na marcha dos guardas, em tempo real observo um grupo de quatro homens passar marchando em sua vigília.

Suspiro aliviada e saio do escuro, quando me vira eu tomo um susto, cambaleando para trás ao me deparar com aquela mesma ave, agora estava acompanhada. Acompanhada do rei.

— O que temos aqui? -a voz dele soou, forte e curiosa.

— Diamante bruto! -grasna a ave.
Merda.

O homem possuí cabelos pretos e pele morena, barba cavanhaque e seus trajes nobres banhados de riquezas. Minhas mãos coçaram para roubar as jóias de seu manto.

Me contive no mesmo instante, não era hora para recaídas, não era. Os olhos de um azul duro, frio e apagado  me observam, me estudando.

— Uma ladra. -ele cicia.

É o rei, se curve.

Meu corpo se negava, eu me negava a me curvar, eu não tinha um rei, não tinha um mestre, eu sou a minha própria chefe, minha própria governante.

— Diamante bruto! -a ave grasna.

É cedo para matá-la? Comê-la frita no espeto.

A fuzilo com o olhar.

— Eu sei, Taká, eu ouvi bem. -o rei ergue uma mão cheia de anéis para que a ave descansada em seu ombro se cale.

E ela o fez.

Observo cada anel com diamantes, esmeraldas, safiras. Tantas deliciosas opções..

— Você gostou? -o rei ronrona.

Eu volto minha atenção para ele.

— São belos, não são? —sua mão dança no ar em movimentos lentos— estão difíceis demais para que suas mãos traiçoeiras os peguem.

Eu ergo uma sobrancelha, aquilo foi um desafio? Ele gosta de afrontas?

A ave grasnou e o rei encara a sua mão, ele ergue as sobrancelhas para seus dedos vazios e sem adornos, para então disparar o olhar para mim, encarando minha mão valsar em um movimento preguiçoso, mostrando seus anéis bem encaixados em meus dedos.

— Como você...

Ele se deteve na pergunta, me olhou de cima a baixo e sorriu.

— Está presa. -ele disse.

É mesmo?

Antes que eu possa me mover eu sou agarrada em cada braço por seus gaurdas, eu grunhi, tentando acertar golpes que foram contidos por mais deles.

— Seis guardas para conter uma única mulher. -o rei estala a língua.

Sinto correntes e grilhões serem presos a mim, sinto ser presa pelo pescoço como um maldito cão, e aquilo pesava, me sufocava.

Eu encaro o rei com ódio latente.

— Levem-na para o calabouço, acabou de roubar algo meu.

Os gaurdas tiraram com brusquidão os anéis de meus dedos.

Maldito, miserável.

— Agora eu tenho um compromisso. —ele sorriu— mas logo a verei de novo, para tratarmos de negócios.

E ele sumiu, aquilo foi magia?

Eu me debati e fui arrastada dali para dentro de uma torre, desci escadas e fui até mesmo agredida para ficar quieta, adentramos um lugar escuro e frio, podia ouvir gemidos de misericórdia e gritos atormentados, o calabouço do rei.

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