O médico Dr. Benjamin Ornelas Müller conversava ao almoçar com o animado amigo de infância, o advogado Daniel Brito Sampaio no "Palaphita Kitch" da Lagoa no Rio de Janeiro, onde bebiam e comiam a tradicional Peixada do Eeden, versão da casa da moqueca de peixe de água salgada com arroz de coco, farofa de maracujá e castanha de caju.
Benjamin lamentava-se por não tirar férias há anos; Daniel, a mesma coisa.
— Que tal passarmos o Natal na Europa, Ben? — disse repentinamente. — E quem sabe o Ano Novo também. Iríamos em primeiro de dezembro, assim aproveitaríamos bastante, o que acha?
— Ah não sei não, Dan... Europa? Natal... Ano novo? Um mês? Hum.
— Ah, vamos sim! Deixa de ser chato, seu ranzinza! Vai passar novamente sozinho no seu apartamento e escondendo-se dos amigos ou dentro daquele hospital? Mas nem morta, meu amor! Vamos colocar os pés na estrada, ou melhor, no avião, largar esta parafernália do Rio de Janeiro calorento e cair nada vida; ver gente nova, bofes bonitos e, se Papai Noel for generoso com a gente, dois deuses gregos! — abanou-se.
— Para, Dan, só comentei por comentar e outra, amiguinho, da última vez que você disse "pegar um deus grego", — sorriu. — você pegou foi aquele ladrãozinho barato, que lhe furtou...
— Ah, amigo, como você é podre! Tinha que me lembrar? Gayrido, não se lembram derrotas, foi apenas um relógio, um cordão e uma pulseira de ouro. — deu uma risada. — O importante foi o cano grosso e o sexo selvagem...
— Então foi bom para você, não é, seu louco? — perguntou-lhe incrédulo com que ouvia.
— Foi óootimo! "Exaaaatamente!" — gargalhou.
— Sinceramente, não sei como você consegue advogar. — balançou a cabeça negativamente. — De dia um sério advogado espetacular; à noite, uma cadela no cio... Sinceramente não dá para acreditar.
— Olha aqui, santinha do pau oco, não tem nada a ver uma coisa com a outra e você sabe muito bem... Você não dá seu bom cu? Receita os remédios, vibradores, lubrificantes e camisinhas? — riu. — Aposto que para os pacientes homões gostosos de pirocões, porque eu que sei que a senhora gosta, você receita o seringão no seu rabo. — disse bebericando do vinho e levantando para cima uma das sobrancelhas.
— Juro que não sei como ando com você...Só fala merda!
— Ah... Depois de tantos anos, que você notou que me ama? Olha, meu bem, desde gaynininhos somos assim, você foi quem mudou, pelo menos é o que parece, sua sociane... Falar nisso, espera que eu vou lá ao carro depressa pegar o quadro de nossas fotos que eu mandei fazer em nossas fases de vida.
— Ah, não precisa ir, depois eu vejo! Vamos comer...
— Claro que vou pegar, seu sem graça, seu desmancha prazeres da porra!
VOCÊ ESTÁ LENDO
LEVERMON (UM CLICHÊ ERÓTICO HOMOAFETIVO)
Short StoryÉ a história de dois amigos homossexuais que se conhecem desde a infância e levam seus grandes compromissos profissionais intensos, que se esquecem de suas vidas pessoais: um médico maravilhoso e um advogado espetacular. Cansados, por não tirarem fé...