P.O.V. Narradora
- Você deu um jeito na maluca? - perguntou o colega de trabalho de Peter ao vê-lo novamente.
- Sim. Ironicamente eu a conheço, uma estudante de botânica qualquer que estuda em alguma universidade da cidade. Não era nada demais. - respondeu Peter. Apesar de não gostar de mentiras, fossem elas grandes ou pequenas, ele era um bom mentiroso, um dos melhores que conhecia.
- Bem que eu falei que era você que conhecia as esquisitas. - disse o rapaz, rindo com sua própria piada. Steele também riu, ou fingiu uma risada, já que por dentro trazia apenas uma leve sensação amarga de desgosto por aquele outro homem. A falta de respeito que o rapaz tinha ao falar sobre uma moça que ele nem conhecia era medonha na opinião de Peter.
- E o que ela queria com aquele pé de erva-das-bruxas? - perguntou o funcionário, acompanhando Peter pela área de manutenção do parque.
- Erva-das-bruxas? - Steele lançou um olhar meio confuso para o rapaz.
- Sim, era assim que minha tia-avó chamava aquela planta, ela dizia que o chá era usado pra dopar pessoas ou envenená-las sem matar, só conheço essa planta por isso, essa minha tia tinha um pé igual a aquele aqui do parque, foi fácil de reconhecer.
- Eu achei que o nome daquilo fosse figueira-do-diabo.
- Sim, algumas pessoas chamam assim, mas no interior eu só a conheci como erva-das-bruxas pelos mais velhos, haviam esses contos no século 19 falando sobre como bruxas sequestravam pessoas e coisas do tipo. - o funcionário respondeu rindo.
- Interessante - Peter tentou parecer amigável para não transparecer seu súbito interesse - e não era usada pra nada além disso? Tipo, de forma medicinal?
- Não que eu saiba, senhor Steele. Havia uma outra espécie meio parecida que era usada para curar dores intestinais e os mais velhos faziam questão de deixar bem claro a diferença entre essa e a erva-das-bruxas, para evitar intoxicações acidentais. A erva-das-bruxas tem flores normalmente brancas ou roxas e dão um fruto espinhoso que depois abre para liberar umas sementinhas pretas.
- Não sabia que você entendia de ervas, cara. - respondeu Peter, mantendo a conversa normal enquanto pensava sobre aquelas informações que havia acabado de receber.
- Não sou um estudioso sobre o assunto, mas toda minha família era bem do interior, literalmente caipiras, então sempre foi comum utilizar plantas em caso de pequenas enfermidades.
- Isso é bom, muita gente perdeu esse tipo de conhecimento, ainda mais vivendo na cidade grande. - disse Steele, seu tom de voz ainda de maneira polida - Bom, ainda tenho a última parte desse turno pela frente. Nos vemos outro dia, valeu cara.
- Até mais, senhor Steele.
Peter caminhou até a área onde ficavam guardados os equipamentos de manutenção do parque, conferindo se tudo estava de acordo e sem danificações. Enquanto realizava seu trabalho corriqueiro, ele pensava sobre as informações que seu colega de trabalho havia lhe passado, se perguntando o que Maeve queria com tal planta. A cada dia que passava aquela mulher parecia ficar cada vez mais misteriosa para Peter, o qual achou que seria fácil desvendá-la por causa de seu jeito educado e amigável, mas estava enganado.
Por outro lado, Maeve sabia os segredos que se esforçava para esconder, mas haviam algumas coisas as quais a moça não levava em segredo, ela apenas não falava pois as pessoas nunca a perguntaram sobre. Para ela, algumas coisas estavam explícitas caso a pessoa fosse inteligente o bastante para notar e, no fim das contas, ela realmente preferia ter pessoas inteligentes por perto, então, se alguém se aproximasse e se interessasse por ela sabendo o que ela realmente era, apenas facilitaria o trabalho para a moça, no entanto ela não tinha muita esperança de que isso acontecesse.
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Be My Druidess
FanfictionMaeve O'Broin esconde um passado cheio de mágoas e mentiras, mas tenta deixar tudo para trás e viver uma nova vida, longe dos problemas de sua adolescência. Agora, formada e de volta para Nova Iorque, ela volta a trabalhar na gravadora na qual era e...