33; Stitches.

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– Briana Ramos

Aquele dia, na calada de uma noite de inverno, minha vó... me deixou.

Tudo está tão duvidoso aqui dentro.

A tristeza está tão perto de mim que consigo senti-la me abraçando para não me soltar mais.

Todas às memórias da minha infância tem a presença da minha vó, e de repente todas elas voltaram á minha mente.

— Quer vim no colo? Eu te carrego — minha vó estendeu seus braços puxando-me em um abraço acolhido logo se preparando para atravessar a rua.

— Quando eu crescer, quero ficar alta igual você vovó — a abracei.

Então irei me certificar de ver você crescendo bem — sorriu com aqueles olhos brilhantes. — Por isso se alimente direito, entendeu?

— Certo vó. Vó é meu aniversário, a mamãe não veio me ver — fiz um biquinho triste. — Ela prometeu — comecei a chorar.

Ela parou em um parquinho próximo me colocando sentada em um banco quando tirou algo da bolsa.

— Ei querida, não chore — me mostrou o pirulito. — Se você parar de chorar, te darei isso — estendeu o doce para mim.

— Mas eu quero minha mãe — soluçava limpando as lágrimas.

— Vamos fazer assim, que tal a vovó ser sua mãe por hoje? Você deixaria?

Como uma criança que era confusa, adorei a ideia da minha ser minha mãe não entendendo o verdadeiro significado disso, concordei a abraçando.

Briana — acaricia meu cabelo. — Obrigada — sorriu para mim novamente. — Obrigada por me deixar ser sua mãe. Muito obrigada!

— Então ficaremos juntas pra sempre? Você não vai me deixar que nem a mamãe né vovó?

— Claro que não minha pequena, a vovó te ama e nunca vai deixar você. Vamos ficar juntas pra sempre.

"Um 'Eu te amo' e um 'Para sempre' não deveriam jamais estar juntos em uma mesma frase"

Talvez eu tenha entendido o significado disso no peso das minhas lágrimas torcendo para que fosse apenas um pesadelo idiota.

Encarei o caixão sentido meu coração queimar, se eu soubesse não a teria deixado só, teria a abraçado, teria ficado com ela. Eu sabia que não teríamos muito tempo juntas, mas o que me deixa triste é saber que nem aproveitei.

— Vó, — peguei na mão gelada que não tem mais vitalidade, deixei que as lágrimas finas caíssem. — Eu... era feliz porquê tinha você comigo — não conseguindo conter o choro e a dor no peito, a dor de não cair na realidade, a dor de achar que isso não está acontecendo de verdade. — Obrigada por ter sido minha vó, minha mãe e minha família — acariciei o rosto pálido. — Vamos nos encontrar de novo sim? Promete pra mim que vou te ver de novo? — cair de joelhos no chão. — Deus por quê? Porquê agora? Quem te deu o direito de fazer isso? Por que tirou ela de mim? — me afoguei em lágrimas.

O Cara Da Casa Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora