Capítulo 32

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Paolla

Passo o caminho que leva do restaurante até a casa de Thomás perdidas em pensamentos. Ver Jake fez com que todas as minhas inseguranças voltassem com força total, sinto como a Paolla mais jovem de seis anos atrás quando teve o seu coração despedaçado.

Não consigo me ver de novo naquela situação, foi difícil demais passar por tudo aquilo e eu não posso me sentir assim de novo.

Thomás estaciona o carro e vem abrir a porta para mim, saio de seu carro e vamos para o elevador, faço tudo em modo automático. Ele abre a porta e nós entramos, mas eu continuo próxima a ela.

- Paolla precisamos conversar, não vou conseguir te ajudar se eu não souber o que está acontecendo.

Olho para os meus pés, eu nem consigo olhar em seus olhos sabendo que o que eu vou dizer vai ser tão doloroso tanto para ele quanto para mim, mas eu prefiro que doa agora do que quando eu estiver ainda mais envolvida.

- Eu não posso fazer isso.

- Como assim? Do que você está falando?

- Eu sinto muito, não posso namorar você. Eu sinto muito mesmo, mas isso não iria dar certo.

- Não estou te entendendo, o que aconteceu?

- Eu preciso ir, não posso. Me desculpe.

Abro a porta para sair, mas Thomás segura meu braço e eu olho em seus olhos pela primeira vez desde que vi Jake e me arrependo imediatamente. O fogo e a felicidade que estavam ali sumiram, agora eu só consigo ver tristeza e fui eu quem a colocou ali.

- Me deixa pelo menos de deixar em casa.

- Não precisa eu vou pegar um taxi.

- Paolla, por favor vamos conversar, você não pode sair assim sem me dar nenhuma explicação.

- Por favor me solte, eu tenho que ir embora.

Por favor não me faça chorar na sua frente.

Ele respira fundo, olha nos meus olhos mais uma vez e solta o meu braço. Antes que eu me afaste ouço-o dizer.

- Eu te amo.

Me viro uma última vez e ele está de cabeça baixa e é nesse momento que a primeira lágrima rompe a barreira e desde sobre minha bochecha.

Desço pelas escadas incapaz de ficar mais um segundo ali, pego meu celular e ligo para a pessoa que esteve comigo da última vez que eu senti meu coração sendo quebrado.

- Paolla, achei que só falaria com você amanhã.

- Acabou Emma.

- O que acabou?

- Eu terminei com o Thomás.

- Eu sabia que tinha alguma coisa errada no momento que você se sentou no restaurante. Onde você está? Precisa que eu vá te buscar?

- Estou saindo da casa dele agora, não precisa vir eu vou pegar um taxi. – tento me controlar, mas acabo deixando um soluço escapar.

- Vai ficar tudo bem amiga, conversamos quando você chegar aqui.

- Tá bom.

Foi mais fácil do que eu pensei que seria conseguir pegar um táxi, assim que cheguei na calçada pude ver um chegando fiz sinal e ele parou na minha frente, olhei mais uma vez para o prédio dele e mais lágrimas insistem cair.

Dou meu endereço para o taxista e ele dá partida, durante o trajeto eu fico olhando pela janela e começa a cair uma chuva fraca lá fora que contrasta bem como o meu humor de hoje. Desde que sai da casa de Thomás parece que eu não consigo parar de chorar.

- A senhorita está bem?

Sou despertada de minha melancolia com a voz do homem que me leva para o conforto de minha casa.

- Estou, noite difícil. – é só o que eu digo e ele volta a prestar atenção no trânsito e eu agradeço aos céus por não ter que ficar falando sobre minha péssima vida amorosa para um estranho.

Encontro Emma me esperando no sofá de casa com duas taças de vinho em cima da mesinha de centro. Vou ao seu encontro e ela me abraça forte e eu choro com ainda mais intensidade.

Depois de alguns minutos sinto que vou começando a me acalmar, Emma afrouxa um pouco o abraço e eu olho para ela.

- Me diz o que aconteceu.

- Jake aconteceu.

- Como assim? O que esse embuste tem a vez com isso.

- Ele estava na frente do restaurante assim que chegamos, foi como se tudo tivesse voltado.

- Ele disse alguma coisa?

- Nada demais, mas a sua presença já foi o suficiente, sem contar que ele ficou me comendo com os olhos e o Thomás percebeu isso, ele nem apertou a mão do Jake quando eu os apresentei.

- Você conversou com o Thomás sobre o Jake? – eu apenas nomeio com a cabeça em negativa. – Você saiu de lá sem dar nenhuma explicação a ele?

- Eu basicamente disse que queria acabar com tudo que a gente não ia dar certo e fui embora. – volto a chorar com intensidade de novo quando lembro de como ele estava me olhando. – Ele disse que me ama.

- E está na cara que você também o ama, você não estaria assim se não o amasse.

Eu não digo nada, o que eu poderia dizer que eu o amo? Que eu não o amo? Nem eu tenho resposta para isso, eu gosto dele isso é inegável, mas amar é algo muito forte e eu disse que não amaria mais ninguém.

- Eu não posso entregar o meu coração de novo. Quando eu vi o Jake hoje todas as lembranças voltaram e eu não quero ter que passar por isso de novo.

- Eu entendo que você ter visto ele pode ter mexido em feridas antigas, mas eu duvido que o Thomás vá fazer algo sequer parecido com o que aquele babaca fez com você. Pelo amor de Deus o cara não saiu do seu lado quando você estava naquele hospital, como você pode pensar que ele é minimamente parecido com o Jake?

- Eu não sei tá bom. Eu acho que entrei em pânico, não sabia o que fazer.

- Eu não estou querendo te fazer se sentir pior do que você já está se sentido, mas eu acho que você cometeu um grande erro.

Talvez eu tenha mesmo, mas agora eu acho que é tarde demais. Eu duvido que ele queira olhar na minha cara de novo depois de hoje.

















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