Revelações

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Revelações




Sírius podia sentir aquela mesma sensação de quatro anos atrás, quando finalmente tinha tomado coragem para se declarar para Remus. O olhar ansioso do garoto parou sobre a figura pacífica de seu amigo sentado sobre o costumeiro banco de pedra, os olhos castanhos concentrados na leitura.

O Black soltou um suspiro nervoso enquanto apertava os crisântemos que trazia consigo. Não havia muitas flores naquela época - tirando as que ficavam na estufa - mas, não iria até lá pedir um buquê, então resolveu pegar um dos muitos crisântemos rosas que foram usados na decoração do salão do castelo, fazendo um arranjo improvisado com as mesmas.

Sirius andou a passos lentos e um tanto incertos até onde o outro garoto estava. Ele parou de frente a Remus ouvindo um suspiro cansado sair dos lábios dele, antes do garoto levantar, fechando o livro em suas mãos com força. O Lupin já ia sair dali quando sentiu os dedos do moreno em seu braço, o impedindo de ir embora.

- Moony...- chamou baixo - Precisamos conversar. - Remus comprimiu os lábios antes de soltar um longo suspiro.

- Sobre o que você quer conversar, Sírius? - perguntou, sentindo o aperto em seu braço afrouxar.

- Podemos caminhar um pouco? - o Black sugeriu, vendo o outro concordar.

Sirius soltou o braço de Remus por completo começando a andar com o garoto ao seu lado. Ambos caminharam na direção do campo de lacrosse, não demorou muito para que chegasse ao local. O Lupin se sentou em umas das arquibancadas olhando para o horizonte, Sirius o acompanhou sentando-se ao seu lado também apreciando a vista do céu azulado.

- Então, sobre o que queria conversar? - Moony perguntou sem desviar as orbes da paisagem que se estendia pelo campo.

- Eu - o moreno estava nervoso, seu olhar foi parar instintivamente sobre suas mãos, lembrando-se do pequeno arranjo de crisântemos - Eu quero te dar isso. - Remus virou o rosto encarando as flores meio amassadas, não tinha percebido que o garoto estava com elas nas mãos.

O Lupin segurou o pequeno arranjo sentindo a textura macia das pétalas da flor, um sorriso pequeno se formou em seus lábios e um calor gostoso invadiu seu peito, mas aquela sensação boa não durou muito, as lembranças de todas as vezes que tinha sido magoado - mesmo sem intenção - por Sirius voltaram a sua mente, lhe causando uma sensação ruim.

- Por que está fazendo isso? Me dando flores? - Remus perguntou, seu tom de voz triste e machucado.

- Eu... eu quero que a gente volte a ser como antes, sabe. - aquela resposta acertou o Lupin como um soco.

Ele pode sentir seu estômago revirar, havia sido um idiota, por um momento pensou que, talvez Sírius quisesse dizer algo a mais com aquele gesto, mas parecia que havia se enganado.

Remus sabia que deveria tentar sorrir e dizer que estava tudo bem, uma amizade de tantos anos não deveria ser estragada por seus sentimentos estúpidos, mas... Não dava, ele já havia se privado tanto de sentir que agora não podia simplesmente jogar suas emoções dentro de uma caixa e trancá-las. Ele se levantou pronto para ir embora pensar sobre tudo aquilo, mas a voz vacilante de Sirius o fez congelar no mesmo lugar.

- Na verdade... eu não quero que sejamos como antes. - a frase saiu baixa, quase como um sussurro, mas Remus pode escutá-la com clareza.

- Você está brincando comigo, Sirius? - o garoto largou as flores virando-se para encarar o outro - Você acha engraçado dizer essas coisas? Como se não soubesse que essa mentira me machuca? - indagou, seu olhar demonstrando o quão magoado estava se sentindo.

Como as flores: SnamesOnde histórias criam vida. Descubra agora