POV - Rhaenyra
- Com licença senhorita, aqui está seu chá gelado sem açúcar. - Agradeci a aeromoça com um sorriso fino enquanto pegava o copo de sua mão.
Minha boca estava seca e rapidamente levei o líquido até meus lábios, em uma golada farta senti o gosto amargo da mistura tomando conta do meu paladar.
Não tenho certeza se o amargor é fruto da falta de açúcar na bebida ou por ter sido escorraçada de casa pelo meu pai.
Provavelmente é a segunda opção...
Olho pela janela do avião e tudo que vejo é o imenso vazio das nuvens, um vazio tão grande que talvez, e só talvez, poderia competir com o vazio dentro de mim.
Já se passaram cinco anos da morte de minha mãe, cinco anos que meu chão desabou e esse vazio se instaurou em meu interior e vem se expandindo cada vez mais.
Ter que passar por toda a adolescência sem ter um porto seguro para se agarrar nas dificuldades é um sentimento horrível. Por fazer parte de uma família tão rica e influente quanto reclusa, só existiam duas pessoas que poderiam ter ocupado esse lugar.
A primeira, obviamente, é meu pai Viserys Targaryen. Quem olhava de fora sempre teve a idéia de que Viserys era o típico pai babão, que mimava a filha de todas as formas possíveis. Bom, com bens materiais ele pode realmente ter me mimado, mas quando se tratava de sentimentos...
Desde que nasci o papai já era o presidente da Valyria, uma megacorporação com sede em Londres mas com diversas subsidiárias espalhadas pelo mundo.
Esse imperio empresarial foi construído através da fortuna da nossa família que vinha de herança dos tempos muito antigos, a relatos inclusive de que éramos uma família real vindos de uma sociedade extinta com o mesmo nome, Valyria.
Entendo que meu pai tinha toda essa responsabilidade nas costas, o que impossibilitava dele ser muito presente em casa. Mas sinto que no fundo ele sempre ficou incomodado por não ter conseguido ter um filho homem com minha mãe Aemma, um herdeiro digno de seguir em frente com os negócios. Restou a mim, uma garota, ser treinada para comandar os negócios da família.
Argh...
Só o pensamento de viver enfurnada em um escritório acinzentado me dava náuseas.
Mas por respeito aos meus pais eu nunca havia dito nada, sempre seguindo a risca as normas de etiqueta da família, sempre longe dos holofotes, alinhando as disciplinas básicas da escola com cursos de administração e negócios...
Mas essa fachada que eu havia criado desmoronou no momento que mamãe morreu e em pouco mais de um ano meu pai anunciou que iria se casar novamente.
Alicent Hightower, secretaria pessoal do meu pai na empresa.
Ou melhor, puta pessoal...
E como se não bastasse, logo Alicent já estava grávida do filho homem que meu pai tanto queria.
Quando Aegon nasceu, automaticamente eu soube que havia me tornado obsoleta.
Meu meio irmão ainda nem saiu das fraldas mas já está sendo preparado para se tornar o herdeiro do império Targaryen.
O lado bom de eu ter constatado esse fato rapidamente é que pude finalmente me libertar das amarras impostas por meu pai, mesmo a contra gosto do mesmo.
Nos últimos 4 anos tenho feito tudo o que me dá na telha, uso as roupas que melhor me sinto, não importa cor ou tamanho da peça, gosto de frequentar bares e boates das mais variadas possíveis, do glamour ao povão. E aquela história de casamento arranjado com algum filho dos amigos influentes do meu pai?
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Pecado Capital
Hayran KurguEntre as grandes famílias aristocratas do Reino Unido, se destacavam os Targaryen. A menção desse sobrenome era automaticamente associado a poder e riquezas. Com um império empresarial, seus membros eram facilmente reconhecidos pelos seus cabelos p...