Poligamia

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— É aqui.

Jeff estacionou o carro em um ponto onde mesmo em curva havia um mirante e eu acabei saindo do carro para admirar a paisagem. O vento da manhã era gostoso no rosto ainda mais com cheiro da maresia e eu me escorei na porta do carro enquanto olhava para a cerca branca pitoresca ali que dividia o mirante do paredão de rochas naturais e mais para frente a praia bela e o mar azul brilhante. Do lado direito em um grupo de pedras e daquele ponto visível parcialmente uma casa toda térrea se estendia imponente da paisagem.

A casa de Daniel Debrecci.

— Você tem certeza de que quer mesmo fazer isso, baby? Sabe que se quiser eu posso voltar para a cidade e esconder você de todo mundo.

— Achei que o descendente de pirata aqui era o Xerife lá.

Apontei em direção da casa e Jeff suspirou se encostando no carro do meu lado:

— Os Mercin também navegavam, não eram como o Capitão e seus homens, mas se viraram bem para a época.

— Eu farei isso, quanto mais cedo eu agir e resolvermos isso, mais cedo eu consigo pensar em outras coisas – Suspirei e olhei para o mar com menos empolgação – Ainda não tive coragem de abrir os outros documentos, Jeff. Eu sinto medo e não quero mais ter medo, isso é paralisante e me faz me sentir um idiota. Só o plano de voo já me deixou nervoso, imagina o resto...

— Você deixou a pasta na mansão da montanha?

— Está com o Cai. Melhor do que comigo – Assenti e me virei para o Jeff – E você? Se preferir pode voltar daqui e eu faço os últimos metros sozinho, não quero o Daniel rosnando para você também.

— Ah ele rosna mesmo, mas eu sei lidar com o lobo do mar, baby, conheço a peça, já te disse – E Jeff entrou na minha frente e desceu a boca no meu pescoço deixando um beijo suave ali – Mas confesso que não quero te levar lá e ir embora, noite passada você voltou para a casa do Balkit e agora sinto que sou o único que não vai conseguir dormir com você nos próximos dias e me sinto triste...

Eu queria rir, mas acabei acariciando as costas dele de forma suave:

— Vamos ter tempo e eu sei que você é o mais paciente dos três homens, certo? Além disso eu realmente dormi essa noite, como uma pedra acabada, se quer saber. Assim que Cai nos contou sobre seus planos eu já sabia que ele também estava fazendo um esforço em me deixar vir com você sozinho, era o melhor a ser feito.

— Então quer dizer que contrariar o banqueiro não pode, só eu, o mero dono do saloon, isso?

— Não seja assim, Jeff, você sabe que não é desse jeito.

— Ok, ok, mesmo assim vamos repassar algumas coisas essenciais tudo bem? – Ele se afastou de mim e me olhou nos olhos de forma séria – O macho alfa feroz e bruto naquela casa pode rosnar, mas não vai tocar em um fio de cabelo seu sem consentimento e é com isso que vamos trabalhar, então sabe... Não caia em tentação, se conseguir.

— Ei!

— Vamos baby, eu sou gay e sei que Daniel é um sonho de consumo então sim, vai ter que fazer um esforço para não se jogar em cima dele na primeira oportunidade, embora até onde eu sei Daniel nunca usou dos seus atributos para dar em cima de ninguém, pelo contrário, o cobiçado é sempre ele, de todo modo há riscos e não queremos ele satisfeito rápido demais, ok?

— Sim, sim.

Concordei com ele de forma rápida, não queria falar da minha recém-descoberta libido atacada.

— Outro ponto, ele está movendo céus e terras para conseguir você no tribunal assim quando aparecermos na porta dele isso vai desestabilizá-lo, aproveite a oportunidade e coloque em curso o que planejamos. Daniel jamais esperaria que você viesse por conta própria, ele ainda é o típico macho rústico então vai ter que respirar fundo com essas coisas também, mas ele é um bom homem, sempre foi de conduta impecável desde criança, se não fosse por isso eu jamais deixaria você aqui sozinho com ele – Jeff parecia um pouco nervoso e por isso eu segurei as mãos dele e ele relaxou até me sorrindo um pouco também – Eu pareço aflito né? Talvez eu esteja, não quero me separar de você outra vez.

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