O senhor da mansão

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Depois de uma longa bateria de exames e uma consulta de sondagem por parte do doutor que embora jovem parecia muito seguro do que fazia, eu esperei em uma sala de espera elegante em um dos andares mais alto do luxuoso hospital e ali eu fechei os olhos não só por estar exausto do longo dia e da longa noite, mas também porque queria relembrar o que eu podia:

A vista da cidade metropolitana e charmosa enquanto o barco partia da ilha de Jeff Mercin.

Sim, a cidade era grande, cheia de luzes e reluzia na imensa baia que a separava do mar tranquilo naquela noite e depois que desembarcamos em uma marina e eu tive inclusive a porta do carro caro aberta para mim, pude ter mais um vislumbre de todo o lugar enquanto cruzávamos a cidade rumo ao hospital próximo da encosta coberta por vegetação e paredões de rocha solida.

E durante toda a viagem, Cai Balkit se manteve em absoluto silêncio, mas não era um silêncio desagradável, era pacífico e parecia bom para mim que ainda me sentia de certa forma abandonado. Não que fosse racional tal sentimento, mas eu o sentia mesmo assim.

Então chegamos no hospital e eu o segui para dentro e para os andares superiores sem que em nenhum segundo alguém nos abordasse para fazer qualquer pergunta. De fato... O homem ao meu lado parecia mais era dono do lugar do que apenas um 'investidor'.

E foi assim que fui apresentado ao médico neurologista especialista que me levou para uma consulta a sós e me fez mil perguntas antes de me encaminhar para uma bateria de exames. Eu fui ajudado por enfermeiros e assistentes e talvez outros médicos se o crachá deles indicassem algo e finalmente fui levado para aquela espécie de sala de estar para aguardar os resultados e tudo isso foi feito com uma agilidade e praticidade que tinha certeza, nunca aconteceu antes comigo. Na verdade, de todo o meu longo dia e todos os acontecimentos desde que caí naquele lugar... Essa noite parecia a mais incrível e inexplicável.

E então, Cai Balkit que tinha sumido desde que entrei na sala de consulta horas atrás, entrou ali com um copinho de isopor nas mãos e me estendeu ainda em silêncio. Olhei para ele e para o copo e depois para ele de novo:

— O que é isso?

— Chocolate quente, presumo que esteja exausto, com fome e querendo muito finalmente poder ir descansar. Meu secretário foi avisado que sairemos daqui talvez de manhã e por isso é melhor tomar algo quente enquanto espera.

— Ah, ok, obrigado.

Peguei o copo e abri a tampinha sentindo o cheiro da bebida agradável que aparentemente eu adorava. Suspirei, tomei alguns goles e finalmente olhei para aquele homem que assim que me entregou o copo foi para a parede de vidro do lugar e passou a olhar para o lado de fora outra vez em silêncio tranquilo.

Na verdade, tranquilo era uma boa forma de descrevê-lo, além de claro, bonito, elegante, fino e arrogante, mas não parecia ser um arrogante insuportável, apenas alguém que estava acostumado a ser obedecido e jamais questionado.

— Sabe, isso é curioso, quer dizer, você não sabe quem eu sou, nem eu mesmo sei quem eu sou e se eu fosse alguém perigoso e ruim, isso não seria um problema? Você está levando um estranho para a sua casa, isso é muito irresponsável e...

— As vezes temos que usar o que temos a disposição e se de início eu estava apenas curioso, agora eu realmente desejo saber quem você é, não quem você foi – Ele se voltou para mim e me olhou longamente antes de continuar - Quem você é, Temps? Quem você acha que é?

Aquela pergunta me pegou de surpresa e eu não sabia o que responder então eu suspirei e dei de ombros sentindo meu corpo dolorido e sim, eu realmente só queria dormir e descansar. Ele pareceu ler minha mente porque veio para mim, se sentou do meu lado, colocou o copinho da minha mão na mesinha a nossa frente e olhou para mim de modo bem prático:

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