Moi et toi appréciant Paris

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Acabei indo em um restaurante perto do hotel. As mesas eram do lado de fora e o dia estava ensolarado. Não sei dizer o que tinha de diferente da América, mas o ar era mais… Tranquilo.

— Bonjour… Souhaitez-vous voir nos options sur le menu ou souhaitez-vous une suggestion du chef ? (O senhor gostaria de ver nossas opções no cardápio ou gostaria da sugestão do chefe?) — Merda! Eu não sei quase nada de francês. Devia ter pensado nisso antes de sair por aí sozinho.

— Eu não falo francês. — Explico em inglês, mas parece que o garçom também não fala a minha língua. — Je parle… — Aponto para mim mesmo e faço um xis, como se disse que não falava francês.

— Tu ne parles pas français? (O senhor não fala francês?) — Pelo o pouco que eu sei, ele perguntou se eu não falo francês, então nego com a cabeça. — Oh, pardon! Je ne parle pas anglais. (Desculpe! Eu não falo inglês)

— Ótimo! — Falo irônico, revirando os olhos. — Menu? — Aponto para o cardápio e ele alcança para mim. Vou ter que me comunicar na base da mímica e com o meu francês básico do duolingo. 

Tentava entender o que dizia no cardápio, enquanto o garçom que não fala inglês esperava eu fazer o pedido. Ele ficar aqui parado está me fazendo suar frio e ficar ansioso, não consigo fazer escolhas sob pressão.

— Achei você! — Ouço a voz do Josh. Era só o que me faltava. Eu disse que queria almoçar sozinho! — Já escolheu?

— Eu não disse que queria almoçar sozinho? — Pergunto para ele, cerrando meus olhos na sua direção.

— Disse, mas eu ignorei. — Sorri e pega o cardápio da minha mão. — Hum… Esse coq-au-vin parece muito apetitoso. 

— Você entende francês? 

— Sou fluente desde meus 12 anos. — Sorri presunçoso. 

Inferno! Eu não queria almoçar com ele, mas eu não sei quase nada de francês e quero conhecer mais lugares hoje, então… — Acho que pode ser legal almoçarmos juntos. — Dou o meu melhor sorriso.

Josh ri. — E eu vou ignorar a parte que você está dizendo isso porque não sabe francês e quer usar do meu conhecimento vasto na língua. — Se vira para o garçom. — On veut deux plats de coq-au-vin et boire... ton meilleur mousseux! (Queremos dois pratos de coq-au-vin e para beber… O seu melhor espumante!) — Uau! Ele é realmente fluente na língua.

— Droit! Votre commande sera effectuée. — O garçom responde, saindo dali com os cardápios.

— Por que você é fluente em francês? — Pergunto, não segurando minha curiosidade.

— Eu sou canadense. É comum aprendermos francês lá. Só que… Bom, eu nunca fui uma criança calma e quieta, então além do francês, eu aprendi mandarim, espanhol e um pouquinho de italiano. — Arregalo os olhos. — Muitas qualidades, né? 

Ignoro a última frase dele. — Eu só sei inglês e espanhol. O francês eu só sei o básico, então obrigado por me salvar aqui.

— Se você tivesse aceitado meu convite antes… — Sorri presunçoso e eu acabo rindo. Mesmo que eu me martirize por estar rindo com ele. — Por que você parece me odiar tanto?

— Eu não te odeio. Eu nem te conheço.

— Você parece sempre estar irritado e me evitando a todo custo. 

— Impressão sua. — Minto e olho em volta, admirando a vista. — Eu nunca vim para a Europa antes.

— Jura? 

— Eu trabalho para o Sr. Harris há quatro anos, mas durante as viagens dele para cá, eu não pude vir, porque sempre acontecia um imprevisto para mim. Uma vez minha mãe ficou doente, depois eu fiquei doente… Nunca pude acompanhá-lo.

— Você nunca tinha saído dos Estados Unidos? — Olho para ele e rio. 

— Claro que já. Eu já estive no Canadá, Brasil e México. 

— Ah, sim… — Ele olha para baixo e parece sem saber o que dizer. Talvez seja melhor assim, não gosto de muito barulho e Josh Beauchamp parece ser um cara bem barulhento.

O garçom volta com o nosso espumante e eu tomo, sentindo uma explosão na minha boca. Isso é muito bom! 

Apesar dos pesares, não poderia estar melhor. Estou tomando um espumante chiquérrimo na França, enquanto consigo enxergar a torre Eiffel um pouco afastada. Eu até me sinto rico e sortudo por um momento.

— Você realmente não acredita em alma gêmea? — Me assusto com a pergunta. Eu até tinha esquecido que não estava sozinho.

— Não. 

— Todo mundo acredita.

— Menos eu. — Largo a taça na mesa. — Olha ao redor… — Ele se vira para olhar. — Você acha que todos esses casais são almas gêmeas? Você acha que eles são totalmente felizes? O amor é uma ilusão. Eu aposto com você, que pelo menos três desses casais querem terminar e não sabem como. Pelo menos dois têm amantes e no mínimo cinco estão se exibindo aqui por aparências.

— E se na verdade, três desses casais forem realmente felizes e se amarem? E se dois desses casais são alma gêmeas um do outro? E se cinco desses casais estão se exibindo aqui porque estão felizes demais um com o outro?

— Você acredita muito nisso, hein?

— Acredito.

— Eu achei que você não levasse nada a sério. — Sou sincero, porque ele sempre me passa essa imagem. Uma imagem de uma pessoa que não está nem aí para a vida.

— Eu posso não levar nada a sério, mas o amor é outro assunto. — Reviro os olhos para o sentimentalismo. — Você já se apaixonou?

— Não e nem acho que é possível. — Suspiro. — Podemos falar de outra coisa? Eu realmente odeio esse assunto de amor e romance.

— Tudo bem… — Sorri malicioso. — Nós podemos falar de nós dois.

— An?

— Sei lá, sabe… Você é gostosinho e podemos aproveitar essas noites na França. O que acha?

— Eu falei para mudarmos de assunto. — Resmungo.

— Você não me entendeu. — Se aproxima de mim sobre a mesa, me fazendo congelar no meu lugar e trancar a minha respiração. — Eu quis dizer, eu e você, curtindo o país, sem compromisso. — Declara, com o rosto bem próximo do meu.

— Você está doido. — Empurro o peito dele, fazendo ele sentar no lugar dele. — Eu não curto essas coisas.

— Você é hetero?

— Não.

— Então qual o problema?

— Cadê o nosso prato? Eu estou com fome. — Mudo de assunto, antes que eu ceda.

Eu não tenho como dizer que não quero fazer esse tipo de coisa com ele, porque ele me causa sensações que eu nunca senti antes. Eu não gosto como ele me deixa irritado, ao mesmo tempo que me deixa envergonhado. Eu não gosto como ele sempre parece me provocar e ao mesmo tempo que quero esganá-lo, eu quero rir junto com ele.

Josh está me deixando maluco.

Âme Sœur (Nosh)Onde histórias criam vida. Descubra agora