Magnus vestira sua roupa de dormir, um short macio e uma camiseta, e estava esticando o futon quando Presidente começou a miar na porta corrediça de vidro. O gato dava voltas em um estreito círculo, com os olhos fixos em alguma coisa lá fora.
- Quer brigar outra vez com o gato da senhora Gio? Já fez isso uma vez e não se saiu bem, está lembrado?
Batidas na porta da frente o fizeram virar a cabeça com um sobressalto. Dirigiu-se para lá e espiou pelo olho-mágico. Quando viu quem estava do outro lado, girou e apoiou as costas contra a madeira barata. As batidas recomeçaram.
-Sei que está aí - disse Zee -e não vou embora sem falar com você.
Magnus destrancou a porta e abriu-a de uma vez. Antes que tivesse tempo de mandá-lo passear, o detetive passou por ele e entrou. Presidente miau arqueou o dorso e silvou.
-Também tenho prazer em conhecê-lo, pantera negra. -O vozeirão de Zee parecia totalmente fora de contexto em seu apartamento.
-Como entrou no edifício? - perguntou magnus, fechando a porta.
-Forcei a fechadura.
- Há alguma razão particular para que tenha escolhido este edificio para invadir, detetive?
Ele deu de ombros e sentou-se em uma poltrona surrada. -Pensei em visitar um amigo.
- Então, por que está me incomodando?
- Tem um bonito apartamento - disse ele, olhando suas coisas.
- Que mentiroso.
- Ei, pelo menos está limpo. Que é mais do que posso dizer sobre o meu próprio chiqueiro - seus profundos olhos se desviaram para o rosto dele e permaneceram.
- Agora, falemos do que aconteceu quando saiu do trabalho esta noite, está bem?
O ômega cruzou os braços sobre o peito.
O alfa riu de mansinho. - Caraca, o que tem Jose que eu não tenho?
- Quer uma caneta e papel para anotar? A lista é longa.
-Ai! Essa doeu! Você é duro, sabia? - seu tom era divertido. -Diga-me, você só gosta dos que não estão disponíveis?
- Olha, estou esgotado...
-Sim, saiu tarde do trabalho. Às nove e quarenta e cinco, mais ou menos. Falei com seu chefe. Dick me disse que ainda estava em sua mesa quando ele saiu para o Charlie's. Veio para casa a pé, não foi? Certamente pela rua Trade, presumo, como faz todas as noites. E estava sozinho, durante certo tempo...
Magnus engoliu em seco quando um leve ruído fez com que desviasse o olhar para a porta corrediça de vidro. Presidente recomeçara a zanzar de um lado para o outro e a miar, com os olhos fixos na escuridão.
- Agora, vai me contar o que aconteceu quando chegou ao cruzamento da Trade com a Dez? - seu olhar se suavizou.
- Como sabe...?
- Diga-me o que aconteceu. Prometo que esse filho-da-mãe vai ter o que merece.
Alexander permaneceu imóvel, envolto pelas sombras da noite quieta, olhando fixamente a silhueta do filho de Asmodeus. Era alto para um ômega humano, e seu cabelo era quase negro, mas isso era tudo que podia perceber com sua parca visão. Aspirou fundo, mas não pôde captar seu cheiro. Suas portas e janelas estavam fechadas e o vento que soprava do Oeste trazia o fedor de fruta podre do lixo.
Entretanto, podia escutar o murmúrio de sua voz através da fechada. Estava falando com alguém. Um Alfa, em quem o ômega claramente não confiava, ou que não o agradava, porque só pronunciava monossílabos.
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Anjo Sombrio (MALEC)
FanfictionLivro 1 - Anjo Sombrio. Alexander Gideon Lightwood, é o Alfa vampiro de raça mais pura dentre os que povoam a terra. Magnus Bane, filho mestiço de um princeps do antigo mundo. O que acontecerá quando os dois mundos se cruzarem? Anjos de sangue, um...