CAPÍTULO 34
Magnus contemplou a alva vastidão. Encontrava-se numa paisagem dos sonhos, cujas bordas enevoadas sugeriam que o que havia à sua frente era o infinito.
Uma figura solitária, iluminada por trás, aproximou-se por entre a névoa. Soube que era do sexo masculino, e fosse quem fosse, não se sentiu amedrontado. Parecia conhecê-lo.
Pai? sussurrou, não muito seguro entre estar se referindo ao dele, em particular, ou ao próprio Deus.
O homem ainda estava bem longe dele, mas lhe acenou, como se o tivesse ouvido. Ele deu um passo adiante, mas, de repente, sentiu um sabor na boca totalmente desconhecido. Levou as pontas dos dedos aos lábios. Quando baixou a vista, tudo estava vermelho.
A figura baixou a mão. Como se soubesse o que significava aquela mancha.
Magnus retornou de repente ao seu corpo. Parecia que havia sido catapultado e aterrissara sobre cascalho. Tudo lhe doía. Gritou. Quando abriu a boca, voltou a sentir aquele sabor. Engoliu por instinto. Então, algo milagroso aconteceu. Sua pele se encheu de vida, como se fosse um balão inflando-se de ar. Seus sentidos despertaram.
Às cegas, agarrou algo sólido. A origem daquele sabor.
Alexander sentiu que Magnus se sacudia como se estivesse sendo eletrocutado. E, então, começou a beber de seu pescoço com avidez. Os braços dele se apertaram em volta de seus ombros, as unhas se cravaram em sua carne.
Lançou um rugido triunfante enquanto se recostava na cama, pois, deitado, o sangue fluía melhor. Manteve a cabeça para o lado, deixando o pescoço à disposição dele, e Magnus escalou seu peito, espalhando o cabelo por cima dele. O som úmido de sua sucção e a noção de que transmitia vida provocaram-lhe uma monstruosa ereção.
Sustentou-o suavemente, acariciando-lhe os braços. Animando-o, insentivando a beber mais dele; a tomar o quanto lhe fosse necessário.
Passado muito tempo, Magnus ergueu a cabeça. Lambeu os lábios.
Abriu os olhos.
Alexander olhava para ele. Tinha uma ferida enorme no pescoço.
- Ai, meu Deus... O que fiz com você? - estendeu as mãos para estancar o sangue que emanava de sua veia.
Ele segurou as mãos e as levou aos lábios.
- Aceita-me como seu hellren?
- O quê? - sua mente ainda estava embaralhada.
Case-se comigo.
Magnus olhou o buraco em sua garganta e a visão lhe embrulhou o estômago.
- Eu... eu...
A dor chegou rápido e forte. Derrubou-o. Mergulhou-o numa escura agonia. Dobrou-se e rolou pelo colchão.
Alexander se calou e o embalou no colo.
- Estou morrendo? - gemeu ele.
- Oh, não, leelan. Claro que não. Isso vai passar - sussurrou ele.
- Mas não será divertido.
Todo o seu aparelho digestivo se convulsionou até que ficou estendido de costas. Quase não podia distinguir o rosto de Alexander devido à dor mas pôde ver em seus olhos uma grande preocupação. Ele segurou a mão dele e sentiu um forte aperto quando a próxima onda de espasmos torturantes o dominou.
Sua visão fraquejou, voltou, fraquejou novamente.
O suor escorria por seu corpo, ensopando os lençóis. Cerrou os dentes e se arqueou. Virava de um lado para o outro, tentando escapar.
Não sabia quanto tempo aquilo havia durado. Horas. Dias.
Alexander permaneceu ao lado dele o tempo todo.
Alexander respirou aliviado pouco depois das três da madrugada. Finalmente, Magnus estava em paz.
Não morto, mas tranquilo.
Foi muito valente. Suportou a dor sem se queixar, sem chorar.
Até ele havia implorado para que sua transição terminasse.
Magnus emitiu um som rouco.
- O que foi, meu leelan? - baixou a cabeça à altura de sua boca.
- Banho.
- Está bem.
Levantou-se da cama, abriu o chuveiro e voltou para buscá-lo, erguendo-o suavemente nos braços. Como não conseguia ficar de pé, sentou-o na bancada de mármore, tirou-lhe a roupa com delicadeza, e depois o ergueu nos braços novamente.
Ele entrou debaixo d'água, formando um escudo com seus ombros para protegê-lo. Queria verificar se a mudança na umidade e temperatura o deixariam desconfortável. Quando viu que não protestava, introduziu o corpo dele gradualmente sob o jato d'água, começando pelos pés, para o caso da sensação lhe ser muito forte.
Parecia gostar da água, alçando o pescoço e abrindo a boca.
Viu suas presas, e achou-as lindas. Brancas, brilhantes, pontiagudas. Recordou a sensação que experimentara quando Magnus bebeu dele.
Alexander o apertou contra si por um instante, abraçando-o. Depois, deixou que seus pés tocassem o chão e sustentou seu corpo com um braço. Com a mão livre, pegou um vidro de xampu e esparramou um pouco sobre sua cabeça. Esfregou-lhe o cabelo até formar espuma e depois o enxaguou. Com um sabonete, massageou suavemente a sua pele o melhor que pôde, sem deixá-lo cair, e depois se certificou de enxaguar até o último vestígio de espuma.
Embalando-o novamente nos braços, fechou a torneira, saiu e pegou uma toalha. Enrolou-o e o colocou outra vez sobre a bancada, sustentando-o entre a parede e o espelho. Com cuidado, secou-lhe o cabelo, o rosto, o pescoço, os braços. Depois os pés e as pernas.
Sua pele ficaria hipersensível durante certo tempo, assim como a vista e os ouvidos. Durante a transição, ele procurara sinais de que seu corpo estivesse mudando e não encontrou. Tinha a mesma altura que antes. Sentia-o do mesmo tamanho quando o abraçava. Poderia sair durante o dia, perguntou-se.
- Obrigado - sussurrou Magnus.
Ele o beijou e o levou até o sofá. Depois, tirou da cama os lençóis úmidos e a capa do colchão. Teve dificuldades para encontrar outro jogo de lençóis e colocá-los corretamente foi-lhe extremamente difícil. Quando finalmente terminou, pegou-o no colo e o depositou sobre o fresco cetim. Seu profundo suspiro foi o melhor cumprimento que poderia ter recebido.
Alexander se ajoelhou de um lado da cama, repentinamente consciente de que sua calça de couro e suas botas estavam encharcadas.
- Sim -sussurrou Magnus.
Ele o beijou na testa.
- Do que está falando, meu leelan?
- Quero me casar com você.
----------CONTINUA-----------
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Anjo Sombrio (MALEC)
FanfictionLivro 1 - Anjo Sombrio. Alexander Gideon Lightwood, é o Alfa vampiro de raça mais pura dentre os que povoam a terra. Magnus Bane, filho mestiço de um princeps do antigo mundo. O que acontecerá quando os dois mundos se cruzarem? Anjos de sangue, um...