Cap 39 - Quero Honralo

63 10 1
                                    


CAPÍTULO 39

Quando Nunew entrou em seu quarto, deu um pequeno rodopio, admirando o movimento de seu vestido ao fazê-lo.

-Onde esteve?

Deteve-se na metade do giro, e o tecido fez um rápido redemoinho no ar.

Havers estava sentado na poltrona, com a cara fechada.

- Perguntei: onde esteve?

- Por favor, não use esse tom...

- Foi ver a besta.

-Ele não é uma...

-Não o defenda para mim!

Nunew não ia fazer isso. Ia contar ao irmão que Alexander havia escutado suas recriminações e admitido sua culpa. Que tinha se desculpado e seu arrependimento tinha sido evidente; e que embora suas palavras não pudessem compensar tudo que acontecera, ele se sentia liberado, e, finalmente, ouvido. E que apesar de seu antigo hellren ter sido a razão pela qual havia ido à casa de Asmodeus, não tinha permanecido ali por sua causa.

-Havers, por favor.

As coisas estão muito diferentes, afinal de contas, Alexander havia dito a ele que tomaria um companheiro. E ela havia... conhecido alguém.

- Tem de me escutar.

-Não, não tenho. Sei que ainda vai vê-lo. Isso é suficiente.

Havers se levantou da poltrona, caminhando sem sua elegância habitual. Quando a luz o iluminou, Nunew ficou horrorizado. Tinha a pele cinzenta e as faces encovadas. Nos últimos tempos, vinha emagrecendo muito. Mas, agora, parecia um esqueleto.

- Você está mal - sussurrou ele.

- Estou perfeitamente bem.

- A transfusão não funcionou, não é?

-Não tente mudar de assunto! - olhou-o furioso. - Deus, nunca pensei que chegaríamos a isso. Nunca pensei que esconderia coisas de mim.

- Não fiz isso!

- Disse-me que tinha rompido o compromisso.

- E fiz.

- Está mentindo.

- Havers, me escute...

- Não mais! - não o olhou no rosto quando abriu a porta - Você é tudo que me resta, Nunew. Não me peça que fique de braços cruzados educadamente e testemunhe a sua destruição.

- Havers!

A porta bateu.

Com implacável determinação, ele saiu correndo pelo corredor.

- Havers!

Ele estava no primeiro degrau, e se recusou a virar para olhá-lo.

Apenas lhe fez um gesto de repúdio.

Nunew voltou para o seu quarto e sentou-se à penteadeira. Levou um longo tempo antes que o ritmo de sua respiração voltasse ao normal.

A ira de Havers era compreensível, mas assustadora tanto por sua intensidade como pela raridade. Nunca havia visto seu irmão em tal estado. Estava claro que não poderia ter uma conversa civilizada com ele até que se acalmasse.

No dia seguinte, falaria com ele. Contaria tudo, até sobre o novo Alfa que havia conhecido.

Olhou-se no espelho e pensou em como o humano o tocara. Ergueu a mão, sentindo de novo a sensação daqueles lábios sugando seu dedo. Queria mais dele.

Anjo Sombrio (MALEC)Onde histórias criam vida. Descubra agora