Cap 8 - O paraíso

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Em seu imaculado quarto branco e creme, Nunew não se sentia confiante, Sendo o companheiro de Alexander, podia sentir sua dor e, por sua intensidade, sabia com certeza que devia ter perdido outro de seus irmãos guerreiros.

Se tivessem uma relação normal, não haveria dúvida, correria para ele para tentar aliviar seu sofrimento. Falaria com ele e o abraçaria, choraria a seu lado. O acalentaria com o calor do próprio corpo. Porque era isso que os companheiros faziam por seus homens. E o que também recebiam deles.

Consultou o relógio Tiffany em sua mesinha de cabeceira, anoitecera, ele logo sairia de casa. Se quisesse alcançá-lo, tería de fazê-lo já,

Nunew hesitou, estava se iludindo. Não seria bem-vindo. Desejou que fosse mais fácil apoiá-lo, desejou saber o que ele precisava que pudesse lhe dar, Certa vez, há muito tempo, havia falado com Lalisa, a companheira de Suga, na esperança de que ela pudesse lhe dar algum conselho sobre o que fazer. Como se comportar. Como conseguir que Alexander o considerasse digno dele. Afinal de contas, Lalisa tinha o que Nunew queria, um verdadeiro companheiro, Um Alfa que retornava para casa por ela, que ria, chorava e compartilhava sua vida e que a abraçava. 

Um Alfa que permanecia ao seu lado durante as torturantes e, felizmente, raras ocasiões em que entrava no cio, que aliviava com seu corpo sua intensa ânsia pelo tempo que durasse o período de necessidade. Alexander não fazia nada disso por ele, ou com ele. Especialmente a última parte. Nesse estado de coisas, Nunew tinha de procurar seu irmão em busca de alívio para suas necessidades. 

Havers procurava satisfazê-la, tranquilizando-a até que suas urgências passassem. SemeIhante prática envergonhava a ambos. Tinha esperado que Lalisa pudesse ajudá-lo, mas a conversa fora um desastre. Os olhares de compaixão da outra omega e suas respostas cuidadosamente meditadas tinham desgastado as duas, acentuando tudo o que Nunew não possuía.

Como estava só! Fechou os olhos, sentindo novamente a dor de Alexander. Tinha de tentar chegar a ele, porque estava ferido. E que outro sentido havia em sua vida a não ser servi-lo?

Percebeu que Alexander se encontrava na mansão do Asmodeus. Respirando fundo, desmaterializou-se.

Alexander afrouxou lentamente os joelhos e se ergueu, escutando suas vértebras voltarem à posição com um estalo. Espanou os diamantes de suas canelas.

Bateram à porta. Abriu-a, pensando ser Fritz. Quando sentiu o cheiro do mar, apertou os lábios. O que o traz aqui, Nunew? - disse, sem se virar para olhá-lo. Foi até o banheiro e se cobriu com uma toalha.

- Deixe-me lavá-lo, meu senhor - murmurou ele. - Eu cuidarei de suas feridas. Posso...

- Estou bem.

Sarava rápido. Ao final da noite, seus cortes mal seriam perceptíveis. Alexander se dirigiu ao armário e examinou as roupas que estavam ali. Apanhou uma camisa negra de mangas compridas, uma calça de couro e... francamente, o que era aquilo? Ah, não, nem de brincadeira, Não ia lutar com aquela cueca. Por nada do mundo o surpreenderiam morto usando aquilo.

A primeira coisa que tinha de fazer era estabelecer contato com o filho de Asmodeus. Sabia que o tempo estava se esgotando, porque a transição dele estava próxima. E, depois, tinha de contatar Mile e Tharn para saber o que tinham averiguado com base nos pertences do redutor morto.

Estava prestes a deixar cair a toalha para se vestir, quando percebeu que Nunew ainda estava no aposento. Olhou-o.

-Vá para casa, Nunew - disse. O omega baixou a cabeça.

- Meu senhor, posso sentir sua dor...

-Estou perfeitamente bem.

Nunew hesitou um instante. Depois, desapareceu em silêncio. Dez minutos mais tarde, Alexander subiu para a sala de estar.

Anjo Sombrio (MALEC)Onde histórias criam vida. Descubra agora