CAPÍTULO 27
Havers desceu para seu laboratório e zanzou por ali, seus passos ressoando sobre o piso branco. Depois de umas duas voltas inteiras pela sala, decidiu parar diante da bancada de trabalho.
Acariciou o elegante pescoço esmaltado do microscópio, olhou os incontáveis tubos de ensaio, béqueres e frascos de vidro nas prateleiras, ouviu o zumbido dos refrigeradores, o ronronar monótono do sistema de ventilação no teto e percebeu o persistente cheiro de desinfetante.
Aquele ambiente científico o lembrava de suas ambições intelectuais. E o orgulho que sentia por sua grande capacidade mental.
Considerava-se civilizado. Capaz de controlar suas emoções. Perito em responder logicamente aos estímulos. Mas não tinha força para controlar o ódio e a fúria que o invadiam. Aquele sentimento era muito violento, muito poderoso. Imaginava vários planos, e todos envolviam derramamento de sangue.
Mas, a quem queria enganar? Se levantasse um canivete contra Alexander, o único sangue derramado seria o próprio.
Precisava encontrar alguém que soubesse matar. Alguém que pudesse aproximar-se do guerreiro. Já sabia a quem procurar e onde encontrá-lo.
Quando encontrou a solução, pareceu-lhe tremendamente óbvia.
Havers se dirigiu para a porta, e sua satisfação resultou num sorriso nos lábios.
Contudo, ao ver seu reflexo no espelho sobre a pia do laboratório, ficou gelado. Seus olhos irrequietos estavam muito brilhantes, muito ávidos. Não reconhecia aquele sorriso desagradável em seu rosto. O rubor febril que coloria suas faces era a expectativa de um resultado vil.
Não se reconheceu com aquela máscara de vingança. Odiava o aspecto que seu rosto adquirira.
- Oh, Meu Deus.
Como podia pensar tais coisas? Era médico. Seu trabalho consistia em curar. Dedicava-se a salvar vidas, não a tirá-las.
Nunew havia dito que tudo terminara. Rompera o compromisso. Não voltaria a ver Alexander. Mesmo assim, não merecia ser vingado pela maneira como havia sido tratado?
Agora era o momento de atacar. Poderia atingir Alexander sem receio de que Nunew pudesse ser apanhado no fogo cruzado.
Havers sentiu um estremecimento no corpo e supôs que era devido ao horror pela magnitude daquilo que estava considerando fazer. Mas, então, cambaleou, e teve de estender o braço e se segurar para não cair. A tontura fez com que o mundo à sua volta girasse em turbilhão, e ele desabou sobre uma cadeira. Afrouxando o nó da gravata, esforçou-se para respirar.
O sangue, pensou. A transfusão. Não estava funcionando. Desesperado, caiu de joelhos. Consumido por seu fracasso, fechou os olhos, e mergulhou na escuridão.
Alexander rolou para um lado, levando Magnus com ele, corpos colados. Com o seu membro ainda latejando dentro dele, alisou-lhe o cabelo para trás. Estava úmido com seu delicado suor.
Meu.
Enquanto beijava seus lábios, notou com satisfação que Magnus ainda não recuperara o fôlego.
Fizera amor com ele de maneira adequada, pensou. Devagar e deLiberadamente.
- Vai passar a noite? - perguntou ele.
Magnus riu roucamente.
- Não estou mesmo certo de poder caminhar agora. Então, acho que ficar aqui é uma boa opção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjo Sombrio (MALEC)
FanfictionLivro 1 - Anjo Sombrio. Alexander Gideon Lightwood, é o Alfa vampiro de raça mais pura dentre os que povoam a terra. Magnus Bane, filho mestiço de um princeps do antigo mundo. O que acontecerá quando os dois mundos se cruzarem? Anjos de sangue, um...